Foto: Reprodução/Vatican News
O papa Leão XIV relembrou o
papa Bento XVI e fez uma defesa do acolhimento dos pobres, estrangeiros e
crianças na sua primeira celebração da Missa do Galo, nesta quarta-feira, 24,
na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A cerimônia é realizada anualmente na
véspera de Natal.
O pontífice retomou o discurso feito por Bento XVI em 2012, enfatizando o acolhimento e citando especificamente crianças, pobres e estrangeiros.
“Essas palavras do papa Bento
XVI lembram-nos de que, na Terra, não há espaço para Deus se não há espaço para
o homem. Não acolher um significa não acolher o outro. Em vez disso, onde há
lugar para o homem, há lugar para Deus”, disse Leão.
“Para encontrar o Salvador não
é preciso olhar para cima, mas contemplar o que está aqui em baixo”, completou.
Neste mês, o papa aceitou a
renúncia do arcebispo conservador de Nova York, Timothy Dolan, e nomeou um
bispo pró-imigrantes de sua cidade natal, Chicago, para substitui-lo. A
arquidiocese de Nova York está entre as maiores dos Estados Unidos e a escolha encerrou
meses de especulações sobre quem sucederia Dolan, sendo encarada como um desejo
de resistir firmemente às políticas do governo de Donald Trump.
Em novembro, o papa endossou
uma rara declaração da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos que
criticava fortemente as políticas de tolerância zero do governo Trump em
relação aos imigrantes sem documentos.
Leão XIV também se referiu ao
Natal como a “festa da fé, da caridade e da esperança”.
“Enquanto uma economia
distorcida leva a tratar os homens como mercadoria, Deus torna-se semelhante a
nós, revelando a infinita dignidade de cada pessoa. Enquanto o homem quer
tornar-se Deus para dominar o próximo, Deus quer tornar-se homem para nos libertar
de toda a escravidão”, disse.
“Deus dá ao mundo uma vida
nova, a Sua, para todos. Não uma ideia que resolve todos os problemas, mas uma
história de amor que nos envolve. Ele envia um bebê para que seja palavra de
esperança perante a dor dos miseráveis, Ele envia um indefeso para que seja
força para se levantarem perante a violência e a opressão. Ele acende uma luz
suave, que ilumina para a salvação todos os filhos deste mundo”, completou.
24 horas de paz
Na terça-feira, 23, o papa
respondeu a perguntas de jornalistas. Na ocasião, o pontífice expressou
tristeza pela recusa da Rússia de assinar uma trégua de Natal com a Ucrânia e
relançou o apelo para que fossem respeitadas 24 horas de paz.
“Faço mais uma vez este pedido
a todas as pessoas de boa vontade para que respeitem, ao menos na festa do
nascimento do Salvador, um dia de paz.”
Ainda voltando o olhar para a
guerra, desta vez no Oriente Médio o papa recordou a visita realizada a Gaza
pelo cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém. “Esperamos
que o acordo de paz siga adiante.”
O pontífice se declarou ainda
“muito decepcionado” com a aprovação de uma lei sobre suicídio assistido no seu
Estado de origem, Illinois, nos EUA. A lei permite o suicídio assistido para
adultos com doenças terminais e prognóstico de seis meses ou menos, a partir de
setembro de 2026.
Leão XIV disse que já havia
tratado do tema “de forma muito explícita” com o governador JB Pritzker durante
uma audiência no Vaticano, em novembro: “Fomos muito claros quanto à
necessidade de respeitar a sacralidade da vida, do início ao fim. E, infelizmente,
por diversas razões, ele decidiu assinar aquele projeto de lei. Estou muito
decepcionado com isso”, disse o pontífice.
Estadão Conteédo

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