Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro
deve passar por um novo procedimento médico no início da próxima semana para
tratar a crise de soluço, afirmou Cláudio Birolini, cirurgião que irá conduzir
o tratamento, em entrevista para a imprensa.
Trata-se de um bloqueio anestésico do nervo frênico, que não é um procedimento comum para curar soluços, mas está sendo avaliado como uma opção pela equipe médica de Bolsonaro.
O procedimento não cirúrgico
deve ocorrer após alguns dias de recuperação da cirurgia de hérnia inguinal
bilateral, que será feita nesta quinta-feira, 25. A estimativa é de que a
operação dure entre 3 e 4 horas e o ex-presidente fique internado por 5 a 7
dias.
“Está previsto o bloqueio
anestésico do nervo frênico, que é uma anestesia do nervo que inerva o
diafragma. Depois da cirurgia de hérnia, vamos reavaliar a situação e ver se
convém fazer esse bloqueio anestésico, que é um procedimento relativamente
seguro, mas que não é o padrão de tratamento de soluço, então a gente precisa
ver se o benefício justifica o risco”, disse Birolini.
Diferente da cirurgia da
hérnia pela qual o ex-presidente passou em abril, de caráter emergencial, em
que havia uma série de variáveis que os médicos não tinham controle, é esperado
que esta cirurgia ocorra “sem maiores intercorrências”, segundo o médico.
Na época, foi feita a correção
das hérnias que “deformavam” o abdomen de Bolsonaro. “Foi colocada uma tela que
ocupa toda a parede abdominal anterior dele. Isso causa uma diminuição da
elasticidade da parede abdominal, levando a um aumento secundário da pressão
intrabdominal”, explica o cirurgião.
Posteriormente, o
ex-presidente passou a ter crises intensas de soluço, que também causam um
aumento da pressão intrabdominal. Com isso, ele voltou a sentir incômodo,
tornando necessária mais uma cirurgia para as hérnias.
“Ele já tinha uma fraqueza da
parede adbominal na região ingnal. Esse aumento da pressão abdominal resultante
da cirurgia e das crises de solução fez com que essa fraqueza se manifestasse
clinicamente através de uma hérnia ingnal. Daí a necessidade da cirurgia”,
continua Birolini, que reforça a cirurgia não atua nas crises de soluço, o que
seria resolvido pelo procedimento anestésico na próxima semana.
A hérnia acontece quando há
uma frouxidão ou abertura na parede abdominal/pélvica que permite o
extravasamento de alças do intestino ou de outros tecidos por meio dessa
abertura. O quadro leva à formação de um caroço e pode trazer dor e
desconforto, em especial durante esforço físico.
Quando esse extravasamento
ocorre na região da virilha, a hérnia é chamada de inguinal. Ela é considerada
bilateral quando atinge a virilha direita e a esquerda simultaneamente.
“É realizado um corte de cada
lado da virilha, a hérnia é empurrada para dentro, é feita uma sutura da área
fraca e, na sequência, um reforço tecidual com uma tela de propileno”, explica
o médico que realizará a cirurgia nesta quinta-feira.
Questionado se Bolsonaro irá
precisar de cuidados médicos específicos após o período de internação, ao
retornar para a cela onde está preso na Polícia Federal, Birolini disse que a
solicitação de profissionais de saúde poderá ser feita mediante necessidade.
“Se, em um determinado
momento, a gente achar que ele tem condições de retornar, ele vai voltar (para
a cela). E se houver necessidade de algum cuidado especial durante a
carceragem, a gente estuda qual a melhor forma de lidar com isso. Se for o
caso, solicitando autorização para visita de enfermeiro, médico,
fisioterapeuta”, disse.
Já de acordo com o
cardiologista do ex-presidente, Brasil Ramos Caiado, Bolsonaro apresenta
quadros de depressão e ansiedade prévios, potencializados pela preocupação
pré-operatória.
“O presidente está deprimido,
um pouco pela situação que ele está passando, e bastante ansioso. A ansiedade
leva a um quadro recorrente de soluço, que atrapalha o sono dele”, disse o
médico, acrescentando que Bolsonaro está medicado tanto para as crises de
soluço quanto para as questões de saúde mental.
Estadão Conteúdo

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