quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Sefaz prevê melhoria da situação fiscal ainda em 2025

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz-RN) afirmou que o comprometimento da receita com despesa de pessoal no Rio Grande do Norte deve continuar em trajetória de queda até o fim de 2025. A avaliação foi feita após o Tesouro Nacional divulgar, neste mês, o Relatório de Gestão Fiscal em Foco – 2º quadrimestre de 2025, que apontou o Estado como o único do país acima do limite máximo de 49% da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), com índice de 55,73%.

Segundo a Sefaz, a redução já vinha sendo esperada e é resultado de dois fatores: crescimento da arrecadação e controle das despesas com pessoal. “Estamos em uma tendência de queda, e essa tendência deve continuar. A expectativa é que, até o final do ano, o comprometimento seja ainda menor”, informou a pasta.

A Fazenda estadual reconhece que a situação ainda é preocupante, mas afirma que as medidas adotadas estão surtindo efeito. “Nosso objetivo é justamente trazer o gasto com pessoal para dentro dos limites da LRF. Enquanto isso não acontece, continuará sendo motivo de atenção. De toda forma, a curva está em trajetória de queda”, destacou a secretaria.

O relatório do Tesouro apontou que o Executivo potiguar destinou 70% da arrecadação líquida para o pagamento de servidores e cobertura do déficit previdenciário. A despesa total com pessoal somou R$ 10,38 bilhões, enquanto R$ 2,68 bilhões foram transferidos do Tesouro Estadual para cobrir o rombo do Regime Próprio de Previdência (RPPS).

Com esse nível de gasto, o Tesouro avaliou que o Estado enfrenta “rigidez orçamentária” e capacidade limitada de investimento. Na prática, de cada R$ 100 arrecadados, cerca de R$ 70 são consumidos com pessoal ativo e aposentadorias. O restante financia áreas como saúde, educação, segurança e infraestrutura.

Além do desequilíbrio fiscal, o relatório mostrou que o RN tem o segundo maior comprometimento da Receita Corrente Líquida com precatórios, dívidas judiciais reconhecidas, chegando a 25% — atrás apenas do Rio Grande do Sul (27%). Apesar da leve queda em relação ao quadrimestre anterior, o volume continua considerado alto.

A Sefaz atribui a pressão sobre os precatórios a decisões judiciais decorrentes de gestões anteriores. “Muitos decorrem de direitos de servidores que não foram cumpridos. Hoje, sentimos os efeitos dessas administrações passadas. O impacto da atual gestão será percebido no futuro, pela redução significativa na criação de novos precatórios”, argumentou o órgão.

Como forma de aliviar o caixa estadual, a secretaria lembrou que a Emenda Constitucional nº 136, promulgada em setembro, mudou as regras para o pagamento dessas dívidas. A norma eliminou o prazo final de 2029 e fixou um limitador: a partir de 2026, os Estados devem destinar 2% da Receita Corrente Líquida ao pagamento de precatórios.

“Essa nova regra traz certa tranquilidade do ponto de vista fiscal. O prazo será mais longo para quem tem valores a receber, mas, sob a ótica do planejamento, o Estado estará amparado”, avaliou a Sefaz.

Apesar do alívio gradual, o Rio Grande do Norte segue sob observação do Tesouro e da LRF. O desafio, segundo especialistas, será equilibrar a folha, o crescimento das aposentadorias e o ritmo das receitas, sem comprometer ainda mais o espaço para investimentos públicos.

Tribuna do Norte

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