Os dados locais, contudo,
estão levemente abaixo da média nacional. No país, 16% dos estabelecimentos
fecharam agosto com prejuízo, 43% registraram lucro e 40% operaram com
estabilidade. Em todo o País, 39% das empresas registraram aumento de receita
no comparativo com julho; outras 34% tiveram queda, enquanto 27% apresentaram
estabilidade.
Além desses dados, a pesquisa
aponta que, diante da inflação acumulada de 5,13% nos últimos 12 meses, 36% dos
empresários do setor no Brasil conseguiram reajustar preços para acompanhar o
índice — cinco pontos percentuais acima do observado no mesmo período do ano
passado. Outros 20% aplicaram aumentos abaixo da inflação, 6% conseguiram
repassar valores maiores e 38% não realizaram nenhum reajuste nos cardápios.
No Rio Grande do Norte, 51%
reajustaram preços conforme ou abaixo da inflação dos últimos 12 meses, 6%
aplicaram aumentos acima do índice e 43% não fizeram nenhum ajuste. É o caso do
estabelecimento de Micael de Sousa, que fica no Alecrim, na zona Oeste de
Natal. O proprietário pontua que não costuma fazer repasses aos clientes antes
de novembro.
“O reajuste que fazemos aqui é
anual, sempre no penúltimo mês do ano. Fora isso, se houver algum custo por
causa da inflação ou de outro fator, a gente arca sem repassar”, afirma. Ele
conta que o estabelecimento – um restaurante e churrascaria – passou por
momentos difíceis durante a pandemia, mas garante que essa fase ficou para
trás. “Em agosto, nós fomos muito bem”, falou.
Já Luiz Bastos, dono de um
restaurante no mesmo bairro, afirma que foi difícil fechar as contas no mês
passado. “Não ficamos no vermelho, mas também não tivemos lucro. E setembro se
mostra da mesma forma. Acredito que vários fatores influenciam nisso, como as
instabilidades políticas do país. Felizmente, não temos dívidas”, fala.
Segundo a Abrasel, 42% das
empresas de alimentação fora do lar no RN têm dívidas em atraso. Entre os
principais débitos estão os impostos federais (75%), impostos estaduais (47%) e
empréstimos bancários (34%). No país, 36% possuem dívidas. Os principais atrasos
no panorama nacional também estão relacionados a impostos federais (71%),
estaduais (48%) e empréstimos bancários (35%).
De modo geral, os números
reforçam um cenário de recuperação que não se via há anos, segundo a Abrasel.
Para os empresários, a expectativa é de consolidação do bom momento ou de
recuperação para aqueles que ainda enfrentam dificuldades, por conta da chegada
das festas de final de ano.
“A gente espera aumentar o
faturamento em 50%, porque o movimento por aqui triplica nessa época”, afirma
Micael de Sousa. Luiz Bastos, por sua vez, projeta um crescimento de até 100%
para o período. “Especialmente em dezembro, o faturamento é sempre muito bom,
com um crescimento oscilando entre 50% e 100%. Essa é nossa esperança, porque a
situação realmente não está boa”, diz ele, que comanda um restaurante na Av.
Presidente Bandeira, no Alecrim, há 13 anos.
Abrasel
Thiago Machado, presidente da
Abrasel no RN, assinala que o quadro atual tem a ver com variados fatores,
dentre eles o término de dívidas adquiridas durante a pandemia. “Muitas dessas
dívidas, como o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte, que é uma linha de crédito do Governo Federal para
micro e pequenas empresas) estão sendo quitadas integralmente agora, o que
acaba trazendo um respiro. Embora as dívidas ainda sejam uma preocupação, o
quadro tem melhorado. Além disso, tem muita gente otimizando operações,
controlando estoques e trazendo mais produtividade para os negócios”, explicou.
Outro fator relevante, segundo
Machado, é que, tradicionalmente, o segundo semestre do ano costuma ser um
período de melhor performance para o setor, aspecto que mantém as boas
expectativas do segmento até o final do ano. “É uma época de festividades, confraternizações
e férias escolares, então, tudo isso ajuda a trazer um melhor movimento.
Soma-se a isso o fato de que o país registrou deflação recentemente, o que
impulsiona o mercado de alimentos e bebidas”, afirma Thiago Machado.
Para o presidente da Abrasel
nacional, Paulo Solmucci, os dados de agosto refletem uma virada importante em
todo o país. “A redução dos prejuízos é um sinal de que os bares e restaurantes
estão conseguindo se adaptar melhor às condições econômicas. O setor viveu um
período muito duro e agora dá sinais claros de recuperação, o que representa um
alívio para os empresários e para a economia como um todo”, avalia.
Segundo ele, a soma de fatores
como maior controle financeiro e a queda no índice de desemprego vem
fortalecendo o processo de recuperação. “A redução do desemprego tem sido
determinante para a retomada do setor, pois amplia a renda disponível das
famílias e favorece o consumo fora do lar. Esse cenário traz mais segurança aos
empresários e sustenta a expectativa de crescimento contínuo nos próximos
meses”, completa.

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