Em municípios como Luís Gomes,
Ouro Branco, Serra do Mel e Água Nova, a situação é classificada como colapso
parcial, obrigando a adoção de rodízios e a dependência crescente de
alternativas emergenciais. A previsão da Emparn para os próximos meses é de chuvas
abaixo da média, associadas a temperaturas acima de 28 °C, o que tende a
aumentar a evaporação e reduzir ainda mais os volumes armazenados. O cenário
levou o Governo do Estado a adotar medidas emergenciais, entre elas a restrição
do uso da água no Canal do Pataxó, no Vale do Açu.
Segundo Paulo Varella,
secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), a estratégia
é combinar medidas estruturantes e emergenciais. “Mais de 60 poços já foram
perfurados e esperamos chegar à ordem de 400 poços até março de 2026. Também há
programas de dessalinização da água de poços salobros, por meio de convênio com
o Ministério do Desenvolvimento de Integração Regional (MIDR), no valor de R$
32 milhões. Estamos, portanto, também trazendo a tecnologia a serviço da gestão
dos recursos hídricos, aumentando assim a quantidade de água”, afirma.
De acordo com a Defesa Civil
Estadual, a Operação Carro-pipa está contemplando uma população de 80.470
pessoas espalhadas por 70 municípios. Entre as cidades mais afetadas, estão
Campo Redondo, com 4.778 atendidos; Nova Cruz, com 4.403; São Miguel, com 4.399;
e Santa Cruz, com 3.938 moradores abastecidos. O atendimento, coordenado pelo
Exército Brasileiro. Contempla as áreas rurais.
O diretor técnico do Igarn,
Auricélio Costa, alerta para a situação de reservatórios em condição crítica.
“Atualmente, alguns reservatórios do Rio Grande do Norte inspiram maior
preocupação por estarem praticamente secos ou com volumes muito reduzidos. Entre
eles, destacam-se Passagem das Traíras, Esquicho, Carnaúba, Japi II, Jesus
Maria José, Tourão e Brejo. Além desses, também merece atenção o reservatório
Luís Gomes, que chegou a secar, tendo o abastecimento do município normalizado
graças ao aporte da barragem de Pau dos Ferros”, explica.
As ações em curso incluem a
recuperação de 28 barragens, com investimento de R$ 18 milhões com recursos
próprios do Estado, sendo 15 em execução e 10 já concluídas. Paralelamente, o
governo acelera obras de adutoras como o Projeto Seridó, previsto para março de
2026, e o início da Adutora do Agreste, cuja ordem de serviço será emitida em
outubro. As águas da transposição do Rio São Francisco já reforçam a bacia do
Piancó-Piranhas-Açu e devem alcançar o Ramal do Apodi até meados de 2026.
Paulo Varella avalia que a
convivência com a seca deve ser permanente e não apenas reativa em períodos de
crise. “A gestão de recursos hídricos deve ser feita permanentemente, quando há
seca e quando não há. Não é surpresa, para quem faz gestão no semiárido,
períodos de estiagem, eles vêm e vão no nosso cotidiano, de forma cíclica”,
afirmou. Para o secretário, antecipar ações e acelerar estruturas é a chave
para evitar colapsos em anos consecutivos de baixa pluviosidade.
Diante dos números
preocupantes, Auricélio Costa ressalta que o agravamento da estiagem pode
exigir medidas ainda mais rigorosas, para além do monitoramento contínuo dos
volumes dos reservatórios, avaliações técnicas periódicas e a adoção de medidas
preventivas. “Entre essas medidas, não estão descartadas novas restrições de
uso ou até mesmo decretos mais amplos de emergência, sempre que necessário para
garantir que a água disponível seja utilizada de forma equilibrada e
sustentável”, afirma.
De acordo com o último
levantamento dos dados volumétricos de reservatórios do RN, publicado pelo
Igarn, 23 reservatórios do RN estão abaixo de 20% da capacidade, agravando o
desafio de atravessar os próximos meses críticos e garantir o abastecimento humano.
As situações mais críticas estão em Itans (Caicó) com 0,12%, Passagem das
Traíras (São José do Seridó) com 0,03%, Jesus Maria José (Tenente Ananias) com
1,14%, e Lulu Pinto (Luís Gomes) com 1,78%.
Tribuna do Norte

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