sábado, 27 de dezembro de 2025

Tarifaço, Midway, curtailment: veja o que marcou a economia do RN em 2025

No RN, o tarifaço americano afetou principalmente produtos como sal, pescados e caramelos | Foto: Alex Régis

Alta da taxa básica de juros, prejuízos provocados pelos cortes de geração de energia, impacto nas exportações por conta do tarifaço americano e venda do maior shopping da capital foram alguns dos assuntos que dominaram as manchetes da TRIBUNA DO NORTE em 2025. Isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, tramitação da Reforma Tributária no Congresso e emissão da primeira licença para uma planta piloto de eólica offshore no País (a ser desenvolvida no RN) também ganharam espaço pela relevância para o cenário econômico do Rio Grande do Norte e, por isso, ganharam um novo espaço, com um resumo sobre cada tema a seguir:

Em agosto, o governo de Donald Trump colocou em vigor um decreto para o chamado tarifaço, que elevou a 50% a taxação de diversos produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos. No caso do RN, a medida afetou oito dos 10 itens mais vendidos para o mercado americano no primeiro semestre deste ano, atingindo setores como pesca, doces e pirulitos, sal, entre outros. Em novembro, um levantamento do Observatório da Indústria – MAIS RN, da Fiern, mostrou que houve redução de 25% nas vendas dos produtos potiguares aos EUA entre agosto e outubro no comparativo com igual período de 2024. Em números absolutos, houve um declínio de US$ 9 milhões para US$ 3 milhões no recorte analisado. Em novembro, os EUA retiraram 40% da tarifa total (de 50%) de itens agrícolas e isentou outros produtos, como a carne bovina de alta qualidade, o café, a castanhas-do-pará, caju, coco, laranja, tomate e banana. No entanto, entidades como a Fiern e a Faern avaliam que a mudança representa impacto mínimo para as exportações locais, uma vez que os produtos mais afetados não foram incluídos na redução.

Venda do Midway

A semana que antecedeu o Natal de 2025 foi marcada, na capital potiguar, pelo anúncio da venda do Midway Mall, o maior shopping da cidade, à Capitânia Capital e demais coinvestidores por R$ 1,610 bilhão. O contrato definitivo foi assinado em 18 de dezembro junto com a Riachuelo, que era detentora do estabelecimento. Conforme fato relevante divulgado pela Guararapes, controladora da Riachuelo, uma parcela de R$ 805 milhões foi paga à vista. A outra parte, que seria paga em quatro parcelas anuais no aniversário da data de fechamento, tem previsão de ser liquidada até esta segunda-feira (29), como resultado de uma operação de antecipação das parcelas futuras que a Riachuelo contratou junto ao BTG Pactual. Com a venda, o Midway passa a ser administrado pela Ancar Ivanhoe, que também já administra o Natal Shopping.

O maior shopping de Natal, o Midway Mall, foi vendido no final deste ano por R$ 1,610 bilhão | Foto: Adriano Abreu

Planta-Piloto Senai offshore

Em junho, o Brasil deu um passo histórico rumo à transição energética, com a concessão da primeira licença prévia pelo Ibama para um projeto de energia eólica offshore no país. O projeto, liderado pelo Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), será implantado em Areia Branca (RN), a cerca de 330 quilômetros de Natal, e prevê a instalação de dois aerogeradores, com entrada em operação estimada em 36 meses. Entre os destaques da iniciativa está a participação da Dois A, empresa potiguar com ampla experiência em engenharia e inovação, que atuará, junto ao Senai, de forma estratégica nas etapas do projeto. Ao longo do processo, a planta-piloto também permitirá a análise de impactos ambientais no ecossistema marinho e nas atividades socioeconômicas da região, bem como a identificação de necessidades em formação profissional e qualificação de mão de obra.

Cortes de geração de energia

O Rio Grande do Norte amargou um prejuízo de R$ 1,43 bilhão por cortes de geração de energias renováveis (curtailment) somente entre os meses de janeiro e outubro de 2025, segundo dados da consultoria Volt Robotics, baseados em índices do Operador Nacional do Sistema. Além disso, o estado foi o mais prejudicado pelos cortes na geração, que são determinados pelo ONS para evitar sobrecarga no sistema, que ocorreram no Brasil em outubro deste ano. No período, o RN perdeu 45,99% da capacidade de gerar energia eólica e solar. O cenário preocupa especialistas, que defendem ressarcimentos aos geradores e temem que o RN perca investimentos.

Terminal Pesqueiro é leiloado

Outro tema que ganhou destaque na economia potiguar em 2025 foi o leilão do Terminal Pesqueiro Público de Natal, em agosto deste ano. A Turc Operações Marítimas foi a vencedora do leilão, realizado na sede da Bolsa de Valores (B3), em São Paulo. A empresa foi a única proponente no certame e ganhou a concessão de exploração de uso por 20 anos com o valor de outorga de R$ 21 mil. Falta ainda a assinatura do contrato para que a empresa assuma definitivamente as operações.

O TPP de Natal começou a ser construído em 2009, mas teve sua obra interrompida em 2010, com o projeto 95% executado. Após sua entrada em operação, a expectativa é que o equipamento gere 3 mil empregos diretos e mais de 5 mil indiretos.

O Terminal Pesqueiro de Natal foi leiloado em agosto à Turc Operações Marítimas por R$ 21 mil | Foto: Alex Régis

Reforma Tributária

Em dezembro a Câmara dos Deputados concluiu a votação do segundo e último projeto que regulamenta pontos centrais da reforma tributária, como a gestão e a fiscalização do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e regras do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD). A conclusão veio depois de variadas análises, ao longo de 2025, de projetos de lei que versavam sobre o tema. Em julho, por exemplo, a Câmara dos Deputados aprovou, por 336 a 142 votos, o principal projeto de regulamentação da reforma (Projeto de Lei Complementar 68/24), com diversas mudanças em relação ao texto original, encaminhado pelo Poder Executivo. O texto regula os principais aspectos do IBS, contribuição social sobre e serviços (CBS), e imposto seletivo (IS), os quais substituirão o PIS, COFINS, ICMS e o ISS, além de, parcialmente, o IPI, com definição dos percentuais de redução para setores e produtos, benefícios tributários, tais como crédito tributário e reduções de base de cálculo, além da devolução de tributos para consumidores de baixa renda (cashback).

Já em outubro, o Plenário do Senado aprovou outro Projeto de Lei Complementar (108/2024), que representou a segunda etapa para regulamentar a reforma tributária. De volta à Câmara dos Deputados, o texto-base desse mesmo PLP foi aprovado em dezembro, com detalhamento sobre como o poder público vai cobrar e decidir sobre controvérsias do futuro IBS, o qual será gerido pelo Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (CGIBS). O PLP 108/2024 estabelece, portanto, os procedimentos para criação e funcionamento do CGIBS, que contará com representantes de todos os entes federados para coordenar a arrecadação, a fiscalização, a cobrança e a distribuição desse imposto; elaborar a metodologia e o cálculo da alíquota, entre outras atribuições.

Isenção do Imposto de Renda

Em novembro o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o Projeto de Lei (PL) 1.087/2025, que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil. A medida começa a valer a partir de janeiro do ano que vem e deve beneficiar mais de 15 milhões de brasileiros. A nova lei foi aprovada por unanimidade pelo Congresso e estabelece ainda descontos no imposto para pessoas que ganham entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. Atualmente, a isenção do IR alcança apenas quem ganha até dois salários mínimos. Dos novos beneficiados, 10 milhões deixarão de pagar o tributo e 5 milhões terão redução no valor devido. Não houve, entretanto, uma correção da tabela do IR, apenas a aplicação da isenção e descontos para essas novas faixas de renda. Então, quem ganha mais de R$ 7.350 continuará pagando 27,5% de IR.

Selic em alta

O ano de 2025 foi marcado por alta na taxa Selic, utilizada como referência para os juros aplicados sobre empréstimos, financiamentos e investimentos. Já em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros básicos da economia brasileira em um ponto percentual, elevando a Selic de 13,25% para 14,25% ao ano, o maior nível desde outubro de 2016, quando o índice também chegou a 14,25%. Em maio, o Copom elevou a taxa em 0,50 percentual, e a Selic foi a 14,75%, chegando ao maior patamar em quase 20 anos. Um mês depois, o Comitê estabeleceu nova alta, de 0,25 ponto percentual. Com isso, a Selic fecha 2025 em 15% ao ano. O aumento impacta diretamente o consumo, que sofre retração, sendo uma estratégia do governo brasileiro para controlar a inflação.

Tribuna do Norte

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