O ano de 2025 foi marcado por
um clima permanente de transição política, econômica e institucional. Sem
eleições gerais, mas já sob a sombra de 2026, o país viveu um período de
antecipação do embate eleitoral, com pesquisas frequentes, reposicionamento de
lideranças e disputas narrativas cada vez mais intensas. A política deixou de
ser preparação e passou a ser confronto antecipado.
A sucessão presidencial entrou no radar com a confirmação de Flávio Bolsonaro
como aposta do bolsonarismo diante da inelegibilidade do ex-presidente,
enquanto pesquisas passaram a indicar a manutenção da polarização com o
presidente Lula, em meio a avaliações divididas do seu governo.
A crise fiscal dos estados se impôs como um dos eixos centrais do debate
público. Orçamentos deficitários, pressão crescente da Previdência, baixa
capacidade de investimento e dependência do governo federal expuseram o
esgotamento do modelo atual de financiamento do setor público. Ajuste fiscal,
privatizações e reformas voltaram ao centro da agenda, ainda que cercados de
resistência política.
O Judiciário ganhou protagonismo inédito, influenciando diretamente o ritmo da
política institucional. Decisões judiciais suspenderam votações, interferiram
em processos legislativos e ampliaram a judicialização do poder, alimentando
tensões entre os Poderes e reforçando o debate sobre limites, competências e
garantias democráticas.
No Legislativo, 2025 foi também o ano das crises internas. Processos de
cassação, investigações por quebra de decoro e disputas regimentais desgastaram
câmaras municipais e assembleias, ampliando a percepção de instabilidade
institucional e expondo fissuras internas nas bases governistas e
oposicionistas.
O Congresso se tornou o palco de embates decisivos sobre democracia, punições e
memória recente. A tramitação da chamada PEC da dosimetria, os debates sobre os
atos de 8 de janeiro e a discussão sobre proporcionalidade das penas dividiram
o país entre discursos de reconciliação institucional e de defesa rígida do
Estado Democrático de Direito.
A segurança pública consolidou-se como tema estruturante da política. Projetos
de lei antifacções, endurecimento penal e o discurso de combate ao crime
organizado passaram a ocupar espaço central no debate eleitoral, especialmente
em meio à crise carcerária e à expansão territorial de organizações criminosas.
A disputa por recursos públicos ganhou contornos ainda mais estratégicos.
Emendas parlamentares, orçamentos federal, estadual e municipal e a execução
das chamadas emendas impositivas tornaram-se instrumentos decisivos de poder
político, aprofundando rivalidades regionais e redefinindo alianças.
Enquanto isso, a economia real seguiu tensionada pela macroeconomia adversa.
Juros elevados travaram investimentos e reforçaram desigualdades regionais, com
capitais crescendo e interiores encolhendo. O setor produtivo reagiu com
críticas, mas também com resiliência.
No tabuleiro partidário, 2025 foi ano de migrações, rearranjos e sobrevivência
eleitoral. Deputados, senadores e lideranças buscam abrigo em nominatas mais
competitivas, enquanto partidos tradicionais tentaram preservar influência
diante do avanço de novos polos de poder. Ao fim, o saldo foi de um ano marcado
pelo desgaste institucional e pela perda de previsibilidade.
Senador Flávio Bolsonaro (PL) é anunciado pré-candidato. Foto: Waldemir Barreto
Flávio no lugar de Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) teve seu nome oficialmente confirmado como
pré-candidato à Presidência da República em 2026 por meio de uma carta escrita
pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto o ex-chefe do Executivo estava
internado antes de realizar sua última cirurgia. Na carta, Jair Bolsonaro
indica seu filho como continuidade “do caminho da prosperidade” que iniciou.
Judicialização da política e
protagonismo do STF
A atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no centro de conflitos políticos no
Brasil ficou ainda mais evidente em 2025. A Corte tem decidido temas com grande
impacto político e social, como a responsabilização civil de redes sociais por
conteúdos ilegais, ampliando a responsabilização das plataformas diante de
lacunas legais, e promovendo julgamentos complexos ligados ao 8 de janeiro de
2023, incluindo votos pela condenação de ex-presidente Jair Bolsonaro e sessão
para avaliar o trânsito em julgado de suas sentenças. O protagonismo do
Supremo, notadamente do ministro Alexandre de Moraes, também enfrenta reações
políticas, com debates sobre mandato para ministros e tentativas de limitar
poderes da Corte pelo Congresso, além de pressões em torno da judicialização de
atos do Executivo, como no caso do IOF.
PEC da dosimetria e o 8 de Janeiro
O Senado Federal aprovou já em dezembro a chamada “PEC da dosimetria”, projeto
que reduz as penas aplicadas aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de
janeiro de 2023. A discussão sobre dosimetria está no centro do embate
político, envolvendo julgamentos do STF, tensões entre Legislativo e Judiciário
e manifestações populares. Por isso, a proposta tem gerado intensa controvérsia
política e social, com protestos em várias capitais contra a medida por parte
de movimentos e setores da sociedade que consideram isso um retrocesso no
combate ao golpismo e uma tentativa de aliviar punições para lideranças
bolsonaristas. No Rio Grande do Norte, senadores como Rogério Marinho e
Styvenson Valentim votaram a favor, enquanto Zenaide Maia se posicionou contra.
Crise fiscal dos estados
Os estados brasileiros continuaram enfrentando um desafio persistente,
caracterizado pelo alto endividamento e desequilíbrio entre receitas e
despesas, o que gera uma forte pressão por ajustes fiscais. Os governos
estaduais enfrentam a necessidade de medidas para controlar gastos e buscar
sustentabilidade financeira a longo prazo. Despesas elevadas com pessoal,
mudanças na legislação – como a redução das alíquotas de ICMS para
combustíveis, energia e telecomunicações – são alguns fatores que têm impactado
negativamente a arrecadação estadual. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais possuem dívidas elevadas, que somadas ultrapassam meio trilhão de
reais. No caso do Rio Grande do Norte, o STF homologou acordo que libera
crédito de até R$ 855 milhões, mas impõe restrições rigorosas a reajustes
salariais, concursos e expansão de despesas para garantir o equilíbrio fiscal.
O potiguar Abraão Lincoln, em
depoimento da CPMI do INSS. Foto: WALDERMIR BARRETO
Golpe do INSS
O potiguar Abraão Lincoln, presidente da Confederação Brasileira dos
Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), silencia na CPMI sobre benefícios
para 40 mil mortos. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU)
cumpriram sete mandados no Rio Grande do Norte, dentro de uma nova fase da
Operação Sem Desconto, que investiga um esquema nacional de descontos não
autorizados em aposentados e pensionistas do INSS. A Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito (CPMI) do INSS rejeitou os requerimentos para a convocação de
Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, e do
advogado-geral da União, Jorge Messias.
Congresso: governabilidade e confronto
O Congresso Nacional teve um intenso ano de negociações que alternam entre
apoio ao governo e confronto com a agenda do Executivo, mobilizando recursos e
agendas próprias em meio à pré-campanha de 2026. A aprovação da Lei
Orçamentária de 2026 e da Lei de Diretrizes Orçamentárias reuniu parlamentares
e Executivo na busca por recursos e prazos de pagamento de emendas, mas também
gerou críticas de setores da oposição à velocidade e formato das votações,
sendo apontada como “improvisada” por deputados contrários ao processo.
Donald Trump, presidente dos EUA,
anuncia o tarifaço. Foto: REPRODUÇÃO
Trump e o Brasil
Em outubro, o presidente Lula se reuniu com o presidente dos EUA, Donald Trump,
após ter conversado por telefone no início do mesmo mês. O encontro durou cerca
de 50 minutos e ocorreu durante a realização da 47ª Cúpula da Associação de
Nações do Sudeste Asiático (Asean). Em novembro, presidente americano reduziu
tarifa de 40% para produtos agrícolas brasileiros, incluindo café, carne bovina
e frutas. Posteriormente também retirou ministros do STF e familiares das
sanções da Lei Lei Magnitsky, ato que foi criticado duramente por
Bolsonaristas.
Segurança pública
O debate sobre segurança pública no Brasil ganhou fôlego no fim de 2025 por
conta de operações policiais que ressaltam a presença e a atuação das facções
criminosas e a pressão por respostas mais duras do Estado. Uma pesquisa
divulgada no Tribuna do Norte mostra que ampla maioria da população defende
penas mais rígidas para crimes ligados a facções e que 73% dos entrevistados
apoiam tratar organizações criminosas como terroristas.

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