Famílias do Rio Grande do Norte deverão gastar R$ 2,66 bilhões em serviços e produtos de telecomunicações até o final de 2025, um crescimento de 10,54% em comparação aos R$ 2,4 bilhões registrados em 2024. A conclusão é do estudo IPC Maps 2025, que projeta o potencial de consumo nacional com base em dados oficiais. Fontes ouvidas pela reportagem indicam que mudanças de comportamento, necessidade de conexão e expansão do home office são fatores que influenciam a alta no consumo.
No setor, o segmento de maior
volume financeiro no estado é a categoria “celular e acessórios”, que
movimentará R$ 995.796.714 até o fim deste ano, seguido pelas contas de
telefone celular (R$ 936.048.529) e pacotes combinados de TV, telefone e
internet (R$ 682.920.405). A telefonia fixa deve movimentar R$ 46.484.404.
Marcos Pazzini, sócio da IPC
Marketing Editora e responsável pela pesquisa, afirma que mudanças de estilo de
vida podem explicar o aumento, especialmente após a pandemia de covid-19, em
2020. “A população passou a comprar mais online, e o fato de ser obrigada a
fazer as compras online, porque não podia sair de casa, gerou novos hábitos. E
esses novos hábitos geraram novas demandas”, analisa.
No comparativo regional, o
crescimento do consumo potiguar (10,54%) ficou abaixo da média da região
Nordeste, que tem uma projeção de alta de 14,90%, saltando de R$ 32,1 bilhões
em 2024 para R$ 36,9 bilhões em 2025. O Rio Grande do Norte tem 1,1% do consumo
total do Brasil no setor.
Quanto às faixas de renda, a
classe B é a responsável pelo maior volume de gastos no RN em quase todas as
subcategorias analisadas, exceto em telefonia fixa. Em “celular e acessórios”,
a classe B consumirá R$ 463,8 milhões, por exemplo, enquanto a classe C
responderá por R$ 355 milhões.
O cenário empresarial
apresenta uma dinâmica inversa à do consumo em termos proporcionais na região.
O número de empresas de serviços de telecomunicações no RN passará de 836
(2024) para 893 (2025), uma alta de 6,8%. Esse índice supera a média da Região Nordeste
(3,7%) e a média nacional (3,6%).
Para Pazzini, o aumento do
consumo e a leve alta de empresas que prestam serviços para o setor de
telecomunicações mostram que “existe espaço para a entrada de novos players [no
mercado], seja para oferecer as mesmas coisas que estão sendo oferecidas com
preços menores, seja para oferecer algum serviço um pouco diferente”.
Ele destaca que o interior do
estado pode trazer oportunidades de negócios nesse setor, uma vez que o consumo
não está concentrado em Natal. “[Na capital], esse crescimento foi bem menor. O
interior do estado está crescendo acima da média verificada em outros mercados
e pode ser um sinal de oportunidade para empresas que querem sair dos grandes
centros e oferecer serviços de telecomunicações para essas cidades”, afirma.
Marcos Pazzini: novos hábitos
geraram novas demandas | Foto: Divulgação
Mudança de hábitos
O responsável pela IPC Maps
afirma que a demanda por equipamentos e serviços de telecomunicações aumentou à
medida que as pessoas passaram a depender mais de equipamentos e boa conexão.
Para fazer compras online, por exemplo, as pessoas precisam de celulares
eficientes e internet mais robusta.
Pazzini frisa que estar
conectado é cada vez mais importante, “não só para o seu trabalho, para quem
trabalha home office, para os seus estudos, quando você estuda à distância, ou
então para você fazer suas pesquisas escolares, mas até para você ficar sabendo
o que acontece no mundo”.
A demanda por conectividade
reflete-se no comportamento dos usuários potiguares. Maria Luisa Araújo,
gerente comercial da ZAZ, provedora de internet com atuação em Natal e litoral
sul, conta que a demanda por serviços fora da casa principal aumenta durante o
veraneio. Famílias que têm casas na praia costumam contratar serviços para
elas, geralmente em contratos menores, segundo explica a gerente.
“Os clientes têm a mesma
exigência da qualidade da internet que utilizam na sua empresa ou na sua
residência, em Natal, para terem na praia que eles vão veranear”, diz Maria
Luisa. “As pessoas querem estar conectadas – e bem conectadas”, complementa.
Ela observa ainda que,
principalmente no pós-pandemia, período em que as pessoas passaram a trabalhar
e a estudar de forma remota, as famílias investiram em equipamentos que
pudessem trazer mais qualidade de conexão, como pacotes de internet com muita
capacidade de dados e tecnologias de alta performance. Maria Luisa avalia que
há espaço para a expansão tecnológica no setor de telecomunicações,
principalmente no segmento empresarial.
Telefonia fixa cresce 14,71%
no RN
Apesar da tendência de
substituição por tecnologias móveis, a categoria de telefone fixo no Rio Grande
do Norte apresenta uma projeção de crescimento de 14,71% para 2025,
movimentando R$ 46.486.404, ante um consumo de R$ 40.524.228 em 2024. Esse
percentual é similar à média do Nordeste (15,31%). Em 2025, o maior potencial
de consumo com telefonia fixa é da classe C (R$ 21.021.924).
O uso comercial potencializa
essa demanda. Maria Luisa Araújo explica que a linha fixa adquiriu novas
funções corporativas: “Há a necessidade de ter um número fixo para as empresas.
Não necessariamente esse número fixo fica apenas atrelado ao telefone fixo. A
usabilidade dessa linha fixa mudou: muitas empresas usam esse número fixo como
número de comunicação pelo WhatsApp”, afirma.
A linha fixa, contudo,
continua sendo usada em algumas residências, como na casa da servidora pública
Ana Carolina Silva, cuja família tem telefone fixo desde os anos 1990.
“Mantemos a linha fixa por não gerar custos adicionais no nosso plano de
internet e telefonia móvel e utilizamos apenas em situações de emergência ou
para contactar quem está em casa e não atende o celular por longos períodos”,
diz a servidora, que reside no bairro Pajuçara, zona Norte de Natal.
“Antes da popularização dos
telefones móveis, usávamos o serviço diariamente. Além disso, antigamente o
telefone fixo era vinculado ao acesso à internet, o que tornava praticamente
obrigatória a sua contratação”, acrescenta.
Com serviços de telefonia
móvel, telefonia fixa e internet, a família de Ana Carolina investe menos de 5%
de seu orçamento. “Considerando que no bairro onde resido há poucas opções de
operadoras e que os serviços de fibra óptica e tecnologias mais avançadas são
raros ou inexistentes, posso dizer que as alternativas disponíveis atendem bem
às necessidades pessoais para trabalho e lazer”, comenta.
Metodologia
O estudo IPC Maps utiliza
dados secundários de fontes oficiais, como o IBGE, atualizados anualmente desde
1995 para projetar os gastos em 22 categorias da economia. O cálculo considera,
entre outras categorias, as despesas com habitação, o que inclui o setor de
telecomunicações.
Segundo Pazzini, o IPC Maps é
usado por empresas para verificar o potencial de consumo dos diversos
segmentos. O estudo usa dados de todos os municípios brasileiros. Entre os
dados disponíveis por setor, estão faixa de renda, subcategorias, localização geográfica,
potencial de consumo (em R$) e número de empresas.
Fernando Azevêdo/Repórter
Tribuna do Norte

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