domingo, 14 de dezembro de 2025

‘Até 2029, Neoenergia Cosern planeja investir mais R$ 2,9 bilhões no Estado’, diz diretora-presidente da Neoenergia Cosern

Foto: Ulisses Dumas

A renovação, por mais 30 anos, do contrato de concessão da Neoenergia Cosern é o eixo central de um novo ciclo de expansão da distribuidora no Rio Grande do Norte. A diretora-presidente, Fabiana Lopes, afirma que a medida deve ser formalizada pelo Ministério de Minas e Energia no primeiro trimestre de 2026 e permitirá antecipar investimentos que reforçam a modernização da rede, ampliam a qualidade do serviço e aumentam a resiliência diante de eventos climáticos severos.

Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, Fabiana Lopes também fala sobre os R$ 2,9 bilhões previstos em investimentos no RN até 2029, os recentes reconhecimentos nacionais da Cosern, as ações de descarbonização e a solução para a cobrança de ICMS dos consumidores com energia solar. Confira a entrevista completa:

Recentemente, a Aneel recomendou a renovação do contrato de concessão da Cosern por mais 30 anos. Quando essa renovação será formalizada e o que ela representa para a empresa e para os consumidores do RN?

A recomendação realizada semana passada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é um dos primeiros passos do processo de renovação do contrato de concessão. A Neoenergia Cosern atende a todos os requisitos estabelecidos pelo decreto feito pelo Governo Federal – por meio do Ministério de Minas e Energia (MME) – que rege o processo de prorrogação das concessões no país. Não há um prazo estabelecido para que o Ministério emita o parecer a respeito da recomendação de renovação, mas acreditamos que isso ocorra no primeiro trimestre de 2026. A renovação do contrato de concessão da Neoenergia Cosern, por mais 30 anos, será um marco para a empresa. Em 2026, a Cosern celebrará 65 anos de fundação. A prorrogação da concessão cria condições favoráveis para que a empresa possa antecipar e viabilizar investimentos no Rio Grande do Norte, permitindo a melhoria contínua dos serviços aos seus milhares de clientes. A continuação dos serviços prestados nas últimas três décadas garantirá a ampliação da oferta de energia elétrica de qualidade, investimentos em digitalização e resiliência da rede de distribuição de energia, ampliação da oferta de empregos diretos e indiretos, além da arrecadação de impostos.

Que balanço você faz dos investimentos da Cosern no Rio Grande do Norte e como você enxerga o impacto desses investimentos para o desenvolvimento do estado e a melhoria dos serviços prestados aos consumidores?

A Neoenergia Cosern é uma das maiores empresas do Rio Grande do Norte e, entre 1997 e 2024, investiu mais de R$ 7 bilhões em obras estruturantes como construções de Subestações Elétricas, Bases Operacionais, expansão da rede elétrica e formação de mão de obra qualificada através da Escola de Eletricistas, por exemplo. Nesse mesmo período, a companhia modernizou a frota de viaturas com a aquisição de novos veículos leves e pesados e, mais recentemente, adquiriu carros elétricos no processo de redução da emissão de gases de efeito estufa em sua área de concessão. Todos os investimentos realizados pela Neoenergia Cosern objetivam ampliar a qualidade da energia fornecida às residências, empreendimentos comerciais, prédios públicos e indústrias em todas as regiões do estado. Somente nos últimos cinco anos, investimos mais de R$ 2,2 bilhões na modernização da rede elétrica. Hoje, contamos com aproximadamente 2.300 conjuntos de equipamentos telecomandados que garantem mais confiança, qualidade e segurança na distribuição de energia. Para 2026, temos previstas inaugurações de mais Subestações Elétricas em pontos estratégicos do estado que terão reforço no fornecimento de energia.

Que novos investimentos estão previstos para o RN com a renovação da concessão de distribuição da Cosern pelo MME e quais as principais obrigações que esse aditivo contratual traz para a empresa?

Até 2029, a distribuidora planeja investir mais R$ 2,9 bilhões no estado. Desse total, R$ 1,7 bilhão será destinado à expansão de rede de distribuição e R$ 1,2 bilhão focará na melhoria, digitalização e modernização da infraestrutura já existente, garantindo maior confiabilidade e eficiência no fornecimento de energia elétrica aos potiguares. Com o novo contrato, a empresa passa a seguir regras de desempenho ainda mais rigorosas, estabelecidas pela Aneel. O novo contrato de concessão tem a finalidade de aprimorar a prestação do serviço, inclusive, prevendo maior resiliência das redes elétricas para enfrentamento de eventos climáticos severos.

A Neoenergia Cosern foi reconhecida recentemente como a Melhor Distribuidora do Brasil e do Nordeste, entre outros reconhecimentos nacionais e regionais recebidos. O que esses reconhecimentos significam para a equipe?

Somos, pela segunda vez, a Melhor Distribuidora de Energia Elétrica do Brasil e, pela sétima vez, a Melhor Distribuidora de Energia do Nordeste, conforme premiação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). A Fundação Nacional de Qualidade (FNQ) nos reconheceu como a empresa com o Melhor Modelo de Gestão do Brasil e também obtivemos o Selo Great Place to Work (GPTW) pelo segundo ano consecutivo. O ano de 2025 termina consagrando a Neoenergia Cosern através de inúmeros reconhecimentos regionais e nacionais. Esses, e outros prêmios, são frutos do trabalho incansável de um time formado por mais de 4 mil colaboradores diretos e indiretos que não medem esforços para o desenvolvimento e execução de um trabalho de excelência.   

Você assumiu a liderança da Cosern como a primeira mulher a ocupar a posição de diretora-presidente da empresa. Quais ações da sua gestão foram as mais impactantes para a empresa e para o estado e como você enxerga o papel das mulheres na liderança empresarial atualmente?

Há três anos, eu assumi uma das missões mais desafiadoras da minha vida, como mulher, mãe e executiva. Mudei de estado, assumi a presidência da Neoenergia Cosern e me tornei a primeira mulher nesse posto entre todas as distribuidoras da Neoenergia no Brasil. Ao longo desse período, a partir de uma gestão cada vez mais conectada com os colaboradores em busca da oferta do melhor serviço ao cliente, obtivemos avanços significativos em indicadores de qualidade e ampliação de investimentos no estado como já detalhados. Hoje, avaliando os mais de 20 anos de experiência que tenho no setor elétrico, percebo que a presença feminina aumentou, mas que pode ser potencializada ainda mais. Aqui na Neoenergia Cosern, por exemplo, a oportunidade de gênero é uma constante e há cada vez mais mulheres ocupando cargos de liderança. Além disso, através da nossa Escola de Eletricistas com turmas mistas (homens e mulheres) e exclusivas para mulheres, promovemos a qualificação de profissionais para o setor elétrico. Hoje, na Neoenergia Cosern, temos mais de 70 mulheres eletricistas que desenvolvem as mesmas funções dos homens eletricistas. Um trabalho digno e que coloca a mulher em uma posição que, até pouco tempo, era majoritariamente masculina. O Rio Grande do Norte é um estado reconhecido por ter mulheres líderes e eu muito me honro em fazer parte dessa história inspirando novas gerações.

A Cosern enfrentou críticas recentes de consumidores sobre a cobrança de ICMS nas contas de quem gera energia solar. Como está essa situação atualmente? O problema foi resolvido?

Sim. No último dia 25 de novembro, representantes do Governo do Estado e da Neoenergia Cosern se reuniram para debater o tema tributário. A gestão estadual concluiu pela exclusão da cobrança do ICMS na parcela específica da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Clientes que, eventualmente, realizaram o pagamento das faturas enviadas anteriormente terão os valores ressarcidos. A distribuidora está enviando comunicado oficial aos clientes e orienta que, em caso de dúvidas, procurem os canais de atendimento.

Quais iniciativas estão sendo implementadas pela Cosern para reduzir a pegada de carbono da empresa e incentivar os consumidores a adotarem práticas mais sustentáveis?

A Neoenergia Cosern desenvolve uma série de ações que incentivam a descarbonização em sua área de concessão. Ampliamos, por exemplo, a nossa frota de veículos elétricos nos últimos anos; realizamos coleta seletiva em todas as nossas unidades no estado; desenvolvemos projetos diversos dentro do Programa de Eficiência Energética, regulado pela Aneel, que, por exemplo, incentivam a troca de resíduos sólidos por descontos na conta de energia; implementamos, nos últimos cinco anos, 13 usinas solares em prédios públicos e de organizações não-governamentais através de parcerias e chamadas públicas; substituímos, no mesmo período, mais de 617 mil lâmpadas ineficientes por LED em residências de baixa renda, prédios públicos e do terceiro setor gratuitamente. No cenário nacional, a Neoenergia deu início às obras da Usina Solar Noronha Verde, um marco para a transição energética no Arquipélago de Fernando de Noronha. Com investimento de R$ 350 milhões, o projeto pioneiro no país prevê a instalação de mais de 30 mil painéis solares fotovoltaicos integrados a sistemas avançados de armazenamento por baterias (BESS, na sigla em inglês), com o objetivo de descarbonizar a geração de energia da ilha até o primeiro semestre de 2027. Com isso, Noronha será a primeira ilha oceânica habitada da América Latina a alcançar esse patamar, tornando-se referência mundial em sustentabilidade. Na próxima terça-feira, dia 16, em Brasília, inauguraremos a primeira planta de Hidrogênio Verde do grupo. A planta funcionará como ponto de abastecimento para veículos leves e pesados, com investimento superior a R$ 30 milhões.

A Cosern tem se envolvido em iniciativas de apoio e incentivo à arte e cultura no Rio Grande do Norte. Quais são os principais projetos da empresa nessa área e como a Cosern vê o impacto desses investimentos?

A Neoenergia Cosern é a maior incentivadora da arte e cultura potiguares. Estamos presentes em todas as regiões do estado patrocinando centenas de projetos culturais através do Instituto Neoenergia. Esses projetos promovem o desenvolvimento sustentável e a inclusão social, beneficiando milhares de pessoas em vulnerabilidade e gerando impacto direto na vida dos potiguares. Somente de 2019 até hoje, mais de R$ 16,5 milhões foram investidos na arte e cultura do estado. Recentemente, em Mossoró, entregamos a iluminação cênica do Museu Histórico Lauro da Escóssia. Um projeto integrado que, além de iluminar a fachada do prédio histórico, desenvolveu atividades de educação patrimonial com o objetivo de preservar a memória coletiva, fortalecendo a conexão dos moradores com a identidade local a partir de curiosidades sobre o acervo do museu, personalidades históricas locais e práticas de educação. Somente nessa ação, aproximadamente R$ 1 milhão foi investido pelo Instituto Neoenergia e envolveu mais de 350 alunos da rede pública de ensino do município, quase 30 professores e artistas locais.

Quais os principais desafios que a empresa enfrentará em 2026, considerando tanto as mudanças no setor elétrico, como as novas demandas por energia limpa?
Em termos técnicos, o maior desafio que o setor elétrico enfrenta hoje, e será uma constante nos próximos anos, é a mudança climática. Esses eventos climáticos extremos requerem, cada vez mais, planejamento e investimentos vultosos na construção de redes elétricas mais robustas e resilientes. No que diz respeito às mudanças previstas com a abertura do mercado de energia, nós estamos preparados para continuar oferecendo um serviço de qualidade aos consumidores que nos escolherem como fornecedores e ainda mais alinhados à geração de energia limpa através dos nossos complexos eólicos, solares e com a planta de hidrogênio para atender a clientes mais conscientes da necessidade de descarbonização e eletrificação das atividades cotidianas.

QUEM

Natural de Campinas (SP), Fabiana Lopes é formada em Direito, com MBA Executivo em Economia e Gestão de Energia pelo COPPEAD/UFRJ; MBA em Inovação Estratégica pela HSM University; Executive Program pela Singularity University; Executive Programa pelo INSEAD e especialização em Economia Financeira e Modelos de Previsão pela Unicamp. Tem mais de 20 anos de experiência no setor elétrico, com atuação em Planejamento Energético, Regulação, Marketing e Inteligência de Mercado.

Tribuna do Norte

 

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