domingo, 2 de novembro de 2025

Operação no RJ expõe embate entre direita e esquerda no RN

Cenário de destruição após ações de conflito entre militares e integrantes da facções no Rio| Foto: Tânia Rêgo/agência brasil

A crise da segurança pública no país passa por análise pela bancada federal do Rio Grande do Norte, diante da operação policial que resultou em 121 mortes no Rio de Janeiro. É o caso do secretário nacional do PL, senador Rogério Marinho, que considera o debate importante porque “mostra visão de país, de estado e de sociedade, de um lado, o governo do PT e os partidos aliados de esquerda, que consideram o uso da força como desproporcional, pois pessoas são torturadas, mortas e extorquidas, como se não houvesse desproporcionalidade de força do crime contra cidadãos brasileiros”.

Para Rogério Marinho “não dá para continuar passando a mão na cabeça de criminosos, o governo é contra classificar facções criminosas como terroristas e comemora o fato de que a polícia faz o trabalho nas ruas e mais de 50% desse trabalho é perdido nas audiências de custódia”.

Marinho disse que a população do Rio de Janeiro, como a população brasileira de uma maneira geral, “infelizmente, em várias partes do seu território, é governada pelas facções criminosas, quase 20% da população ou 42 milhões de brasileiros, vivem em territórios onde o crime, na verdade, administra, onde a polícia não consegue adentrar, onde os serviços públicos são capturados e a população é chantageada para se submeter a essa ação deletéria, cruel, perversa e progressiva de bandidos que se comportam como se fossem um país inimigo no nosso território”.

O senador potiguar defendeu o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, pelas críticas que vem recebendo da esquerda e de setores da sociedade. “É evidente que essa ação por si só não vai resolver o problema, é necessário que haja uma integração entre o Estado, entre o governo federal, entre os municípios, entre a sociedade, para combater isso, com ações inclusive muito mais impactantes que não apenas o enfrentamento. Mas ele é necessário para lembrar a sociedade que ainda existe Estado no Brasil”.

Segundo Marinho, discursos que “assistimos mostram que a prática é completamente distinta da narrativa, da propaganda. O governo apresenta uma PEC da segurança. O principal objetivo dessa PEC da segurança é centralizar as ações contra o crime organizado em Brasília”.

Marinho avalia que o governo “trata o tempo todo dos direito do prisioneiro, do encarcerado, do cidadão que é vítima da sociedade. Basta relembrar a célebre frase do presidente Lula de que roubar um celular, crime cometido, por um jovem não poderia ser motivo para prendê-lo, para eventualmente encarcerá-lo, porque ele o faz para tomar uma cervejinha e ele é uma vítima da sociedade”.

Rogério Marinho disse, ainda que o Rio de Janeiro também “é vítima de uma intervenção absolutamente indevida do Supremo Tribunal Federal, que ao trazer para suas mãos a gestão praticamente da segurança pública através da ADPF 635, que durante mais de cinco anos, possibilitou o fortalecimento do crime organizado no Rio de Janeiro, porque a polícia estava impedida de adentrar as comunidades com helicópteros, com armamentos, sem avisar de antemão uma série de instrumentos do Estado, o que significava que eles estavam avisados”.

Agora, critica Marinho, o ministro Alexandre de Moraes, manda 12 itens diferentes para o governador Cláudio Castro, pedindo para que se explique, nos mínimos detalhes, o que aconteceu. Tudo bem, acho que o governador tem que explicar o que aconteceu. Mas tem que dar uma satisfação à sociedade de que não ficou inerte, de que não se omitiu. E esse momento é de solidariedade ao governador e ao que ele está representando nesse momento, que é o sentimento da sociedade de que nós não podemos ficar mais nesse processo de banalizar esse estado de coisas”.

Proibição

O deputado federal General Girão (PL) também lembrou que a ADPF 635, na época da pandemia, gerou esta proibição da polícia de subir nos morros cariocas. “Eu morei lá por 16 anos e tenho parentes na cidade. Infelizmente, as forças policiais do Rio de Janeiro não são numerosas para enfrentar o total de bandidos que ali estão. O presidente da República não autorizou o emprego das Forças Armadas”.

O General Girão destacou que o Rio de Janeiro “não precisa de discursos, precisa de ação e precisa de apoio a quem está constitucionalmente no cargo de governador. O que a gente está vendo são cobranças ao governador Cláudio Castro de uma resposta sobre por que ele fez a operação. Há um Estado dentro do Estado. Nós estamos com a subversão da ordem. É um poder que se instalou lá dentro”.

“O Rio de Janeiro precisa anular este discurso deste descondenado, que disse que os traficantes são vítimas dos usuários”, destacou Girão, referindo-se à recente fala do presidente Lula, lembrando que no Ceará “já teve incêndio de ônibus, que é uma das formas de ataque que os terroristas usam contra a sociedade, além do “salve”. “Fecha tudo. Ninguém vende mais nada hoje.”

Celular

Já o deputado federal Sargento Gonçalves (PL) declarou “se hoje temos essa realidade no Rio de Janeiro, a culpa é das decisões do STF, aparelhado, infelizmente, pela esquerda, deste governo que vai ao exterior, de um presidente que diz que a culpa pelo tráfico de drogas não é do traficante, mas do usuário, de um presidente que diz que o bandido rouba um celular para tomar uma cervejinha. E o reflexo é esse – bandidos do Rio Grande do Norte saem do Estado para se especializar nas comunidades do Rio de Janeiro, que se transformaram, na verdade, em quartéis-generais do crime organizado”.

Gonçalves ainda se posicionou contra a proposta apresentada na PEC 18/2025 que quer centralizar ainda mais o poder na mão do Governo Federal: “Nós temos, na Comissão de Segurança Pública, a proposta já pronta, formada e elaborada por verdadeiros especialistas. E não são especialistas do ar-condicionado, não. Policiais com décadas de experiência na segurança pública, que hoje são parlamentares, é que prepararam este projeto do marco legal de combate ao crime organizado”, defendeu.

Gonçalves informou que já solicitou urgência para votação do PL nº 2.646/2025, que “é o marco legal de combate a facções criminosas, assim como o projeto de lei, que já teve sua urgência aprovada, que trata de equiparar o crime organizado a terrorismo”.

“Essas ações no Rio de Janeiro deixaram muito claro que nós estamos lidando com narcoterroristas, e há uma necessidade de equipararmos esses criminosos a terroristas, que é o que eles são”, completou.

Proteção

Para a deputada federal Carla Dickson (União Brasil) o que houve no Rio de Janeiro “foi uma verdadeira faxina que a Polícia Militar fez, e veio à mente a ADPF 635 do Supremo Tribunal Federal, que protege a população contra os policiais, mas esqueceu de proteger a população dos traficantes, que cada vez mais têm as suas armas, os armamentos dignos de guerra e terroristas”.

Petistas alegam falta de êxito na operação

A deputada federal Natália Bonavides (PT) considerou a operação “desastrosa” e que “jamais teria acontecido a céu aberto em um bairro de Rio. Nós temos que ter muita atenção a esse tema, porque é uma extensão e uma ampliação do verdadeiro genocídio da juventude pobre negra que acontece no nosso país”.

No entendimento de Bonavides, “não há inteligência onde há mais de 120 mortes entre inocentes e agentes de segurança, não há êxito em operações quando o resultado que fica é um rastro de sangue e tristeza”.

Segundo Bonavides, que defende a aprovação da PEC da segurança, “mortes não são sinônimos de sucesso, nem podem ser transformadas em palanque político”.

O deputado federal Fernando Mineiro disse que “a postura do governador Cláudio Castro foi vergonhosa e eleitoreira” e que ignora propostas como a PEC da Segurança, que “promove a integração federativa, e o PL Antifacção, que moderniza o combate ao crime organizado por meio de inteligência e descapitalização.”

Mineiro acrescenta que segurança pública “não é guerra” e que a PEC proposta pelo presidente Lula “fortalece o combate ao crime organizado com ações coordenadas, tecnologia e investigação. Nada de operações sem rumo ou baseadas em violência, o que o Brasil precisa é de estratégia, não de tragédia”.

“A PEC da segurança aponta esse caminho e precisa de mobilização social para virar realidade”, cobrou o deputado do PT.

A vereadora Brisa Bracchi (PT) afirma que “não existe sucesso nessa megaoperação, o que o governador do Rio quer é construir um espetáculo de horror, um espetáculo que tem um preço caro porque a vida não volta”. Para Bracchi “achar que essa é uma disputa de quem defende o bandido. O que eu defendo é outro modelo de segurança pública. É o modelo da Polícia Federal, que faz megaoperações e não deixa um rio de sangue saindo pelo meio das ruas”.

Tribuna do Norte

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