O aquecimento de 1,5°C acima
da temperatura média na Terra no período pré-industrial, no século 19, é
considerado o limite para que as consequências das mudanças climáticas
possam ser contidas. Acima disso, pesquisadores apontam que pode haver um
"ponto de não retorno".
Até 2035, para estabilizar os
termômetros nesse nível, será necessário reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 57%,
segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
A meta de limitar o
aquecimento global a bem abaixo de 2°C, com esforços para limitar o aumento a
1,5°C, foi estabelecida pelas nações no Acordo de Paris, em 2015. Neste
ano, os países se preparam para renovar seus compromissos na 30ª Conferência
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, no
mês que vem.
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Até o início deste mês, apenas 62 países entregaram oficialmente a NDC (Contribuição
Nacionalmente Determinada, na tradução em português), que são as metas que cada
país determina para si para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e se
adaptar às mudanças climáticas. Outros 101 prometeram apresentar até a COP30.
Guterres contou que, nesta
semana, teve uma reunião com vários cientistas para discutir a estratégia e a
mensagem corretas na abordagem da COP no Brasil.
“Uma coisa já está clara: não
seremos capazes de conter o aquecimento global abaixo de 1,5 grau nos próximos
anos. A ultrapassagem agora é inevitável, o que significa que teremos um
período, maior ou menor, com maior ou menor intensidade, acima de 1,5 grau nos
próximos anos”, disse.
“Agora, isso não significa que
estamos condenados a viver com 1,5 grau perdido. Se houver uma mudança de
paradigma, e as pessoas assumirem seriamente que precisamos lidar com o
problema, é possível antecipar o máximo possível para chegar a zero líquido e,
em seguida, ficar consistentemente com líquido negativo no futuro para que as
temperaturas caiam novamente e o 1,5 ainda permaneça possível antes do final do
século, se houver um pacote muito sério de medidas que correspondam de fato a
uma mudança de paradigma”, acrescentou.
Soluções e financiamento
Segundo o chefe da ONU,
“felizmente”, a ciência e a economia estão a serviços dessa meta. Nesse
sentido, para a COP30, ele cobrou NDCs ousadas e um “plano confiável” para
mobilizar US$ 1,3 trilhão anualmente em financiamento climático até 2035 para
os países em desenvolvimento.
“O aquecimento global está
levando nosso planeta à beira do abismo. Cada um dos últimos dez anos foi o
mais quente da história. O calor dos oceanos está quebrando recordes enquanto
dizima ecossistemas. E nenhum país está a salvo de incêndios, inundações,
tempestades e ondas de calor. Como sempre, os países mais pobres e vulneráveis
pagam o preço mais alto – especialmente os pequenos Estados insulares em
desenvolvimento e os países menos desenvolvidos”, disse Guterres.
Para ele, à medida que a crise
climática se acelera, também aumentam as soluções para ajudar as comunidades a
se adaptarem, como os sistemas de alerta precoce, que foram o foco do encontro
da OMM em Genebra. A meta da organização é ter sistemas de alerta
totalmente implementados em todos os lugares em 2027.
“Sabemos que a mortalidade
relacionada a desastres é pelo menos seis vezes menor em países com bons
sistemas de alerta precoce. E apenas 24 horas de aviso prévio antes de um
evento perigoso podem reduzir os danos em até 30%”, argumentou. “Vamos
continuar trabalhando juntos para usar a ciência para realizar a ação – e
a justiça – de que as pessoas e o planeta precisam urgentemente”, disse o
secretário-geral.
Agência Brasil

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