Adulteração de bebidas alcoólicas, com a presença de metanol, uma substância tóxica, tem causado mortes e sequelas | Foto: Adriano Abreu
Uma vítima de intoxicação por
metanol ficou permanentemente cega após ingerir bebida alcoólica contaminada.
Radharani Domingos, de 43 anos, está a 18 dias sem enxergar após a contaminação
e ficou internada por 15 dias até receber alta, na última semana. Ela foi uma
das primeiras pacientes intoxicadas a se manifestar publicamente.
“Por alguns momentos eu achei que eu fosse ver as minhas paredes, mas eu estou só tateando”, disse Radharani enquanto andava pela sua casa, em uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 12.
Radharani afirmou que foi ao
bar Ministrão no dia 19 de setembro para comemorar o aniversário de uma amiga
nos Jardins, bairro da zona oeste de São Paulo. No dia seguinte, a designer de
interiores passou mal, relatou problemas na visão e foi encaminhada para um
pronto socorro. O bar Ministrão foi interditado pela vigilância sanitária após
relatos de casos de contaminação de bebidas por metanol.
De acordo com a irmã de
Radharani, Lalita Domingos, os primeiros exames de sangue não detectaram a
substância e ela foi encaminhada para a investigação de um possível acidente
vascular cerebral (AVC), antes de ser internada na Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), onde permaneceu por mais de uma semana.
O metanol foi identificado nos
exames de Radharani apenas 10 dias depois de sua internação. Um médico
oftalmologista, que tratou da design de interiores após a intoxicação, afirmou
que o quadro de cegueira era irreversível, mas recomendou um tratamento ainda
sem comprovação científica, que pode trazer resultados à longo prazo.
“A revolta nesse momento é
tentar entender porque estão adulterando a bebida. Me envenenaram e estão
envenenando outras pessoas. É revoltante você pedir caipirinha e tomar
metanol”, afirmou Radharani.
Quase um mês depois da
intoxicação, Radharani afirmou ao Fantástico que está se adaptando à nova
realidade e que tem esperanças de voltar a enxergar, mesmo com o diagnóstico
permanente.
“Um pouco de alívio de sair do
ambiente hospitalar depois de 15 dias e um pouco de pânico. Eu sou muito ativa
em casa, eu sou muito ativa na vida e aí você parar, depender totalmente. Não
dá para descrever”, explicou Radharani.
Estadão Conteúdo

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