Média-metragem resgata a trajetória do jornal. Produção ficará disponível no canal do YouTube da Tribuna do Norte| Foto: Alex Régis
A Tribuna do Norte celebra
seus 75 anos de história com o lançamento do documentário “Das Páginas para a
Tela”, um média-metragem que resgata a trajetória do jornal e sua contribuição
para a comunicação potiguar. O filme será exibido no dia 29 de outubro na Casa
da Ribeira, em duas sessões especiais para convidados, e depois ficará
disponível no portal e canal do YouTube do jornal.
Segundo o superintendente do Sistema Tribuna de Comunicação, Fernando Fernandes, a produção “é um passeio na história da Tribuna do Norte de uma forma leve e agradável, para que a população e o mercado conheçam quem faz o jornal há 75 anos”. Ele explica que o projeto é testemunhal, com depoimentos de antigos editores, profissionais atuais, representantes da família Alves — fundadora do jornal — e da diretoria de redação, mostrando a transição do modelo impresso para o digital.
Fernando Fernandes: “Projeto de
grande porte”| Foto: Alex Régis
O documentário contará essa
história por meio de personagens que fizeram parte dessa jornada e trará
reflexões sobre o futuro do jornalismo. Além disso, o documentário abordará a
trajetória da Rádio Cabugi, que, por 50 anos, foi referência na comunicação
potiguar e, mais recentemente, se transformou na Jovem Pan News Natal,
consolidando um novo formato de rádio voltado à informação.
As sessões de lançamento ocorrerão às 17h30 e 19h, marcadas por ambientação
cinematográfica e interação entre gerações. “Queremos recepcionar nossos
convidados com o clima de cinema, tapete vermelho, projeções de capas
históricas na fachada e até automóveis de época na entrada”, adianta Fernando.
Antes de cada exibição, haverá um breve bate-papo: o primeiro com nomes da
“velha guarda”, como Woden Madruga, Cassiano Arruda e Vicente Serejo; e o
segundo com jornalistas da nova geração, sob mediação da diretora de redação
Margareth Grillo, ao lado de integrantes da Rádio Jovem Pan News Natal e do
portal Tnonline.
Woden Madruga participará de roda de
conversa na exibição| Foto: Alex Régis
O projeto tem apoio do Sebrae/RN, Nordestão, Governo do Estado, Prefeitura do
Natal, Transcopel e Sterbom, e faz parte das comemorações oficiais do
aniversário do jornal. “É um projeto de grande porte, viabilizado graças aos
nossos parceiros, que entenderam a importância de registrar essa história para
o jornalismo do Rio Grande do Norte”, ressalta o superintendente.
Além da exibição, a escolha da Casa da Ribeira tem valor simbólico. “Estamos há
75 anos na Ribeira e não pretendemos sair. Pelo contrário: estamos modernizando
nossas instalações e queremos contribuir para que o bairro volte a ter vida,
com pessoas morando e convivendo ali, como sempre foi”, afirma Fernando.
O último ato do documentário reúne depoimentos de Fernando Fernandes, da
diretora de redação Margareth Grilo e do diretor da Jovem Pan News Natal,
Erasmo Magno, abordando os desafios contemporâneos da comunicação e a
integração entre o jornal impresso, o portal e as redes sociais. “Mostramos a
interação entre as equipes e como trabalhamos hoje para atingir o público mais
jovem, com novas linguagens e formatos, mas preservando o mesmo compromisso
editorial”, explica Fernando.
Mais do que uma celebração, “Das Páginas para a Tela” propõe uma reflexão sobre
o papel da imprensa e sua capacidade de se reinventar. “É uma forma lúdica e
histórica de mostrar as pessoas que viveram e vivem a Tribuna do Norte — um
jornal que se mantém fiel à sua essência, mesmo em transformação constante”,
resume o superintendente.
O documentário é dividido em três atos — História, Vozes da Tribuna e Presente
e Futuro —, reunindo depoimentos de profissionais que viveram e moldaram o
jornalismo potiguar.
A força da história e da
resistência de um jornal
Cassiano Arruda, ex-editor,
que atualmente assina a coluna Roda Viva no jornal, está no primeiro ato e
revive momentos marcantes da trajetória da Tribuna, especialmente durante o
período da ditadura militar. “Fui o único ocupante de cargo de direção da Tribuna,
nos anos de chumbo, a ser preso pelo governo militar”, recorda. “Era uma época
de censura, mas o papel do jornalista sempre foi o de contar a verdade. Quando
não havia oposição, o jornalismo era a forma legítima de lutar para que o
Brasil voltasse à normalidade.”
Para ele, os 75 anos do jornal simbolizam resistência e compromisso com a
democracia. “A Tribuna é testemunho desses 75 anos e tenho orgulho de ter
começado minha carreira nas suas páginas”, afirma. Professor universitário por
quase três décadas, ele também vê no jornal uma escola viva do jornalismo
potiguar. “Procurei formar uma elite profissional comprometida com a ética e a
verdade, valores que a Tribuna sempre representou.”
Também participando do primeiro ato, Vicente Serejo, autor da coluna Cena
Urbana e referência intelectual do jornalismo local, reflete sobre o papel
histórico do veículo e da profissão. “A Tribuna é um baluarte, uma trincheira
que a sociedade tem ao longo de todos esses anos”, afirma Serejo. “O jornalismo
é a trincheira da sociedade democrática, e quem não suporta a liberdade de
expressão não tem o direito de exercê-la.”
Com 55 anos de carreira, Serejo diz que sua trajetória se confunde com a da
imprensa potiguar. “Eu nunca fui outra coisa que não jornalista. O meu único
compromisso é com o leitor. Se ele encontrar minha coluna todos os dias, sinto
o dever cumprido.”
Entre os depoimentos que integram o segundo ato do documentário está o do
jornalista Carlos Peixoto, ex-editor do jornal, que considera o registro
audiovisual “marcante e importante” por celebrar a resistência do jornalismo
local. “Natal chegou a ter tantos jornais diários que um poeta escreveu:
‘Natal, Natal, em cada esquina, um poeta, em cada rua, um jornal’. Hoje, só a
Tribuna permanece como veículo de tradição.
É muito significativo
registrar essa história, porque a Tribuna sempre foi marcada pela resistência
diante das condições adversas do mercado.”
O simbolismo da produção é algo que chama a atenção do jornalista Osair
Vasconcelos, também ex-editor da Tribuna. “Comemorar os 75 anos de um jornal
nos tempos em que vivemos é um gesto de gentileza com o público, porque marca a
história de um jornal resiliente, que está aí em plena era digital”, afirma.
Ele ressalta que participar do documentário foi um retorno emocional às
próprias raízes. “Foi mais do que lembrar, foi sentir a época em que trabalhei
na Tribuna. Me fez reviver o convívio com profissionais de primeira qualidade e
um tempo de jornalismo intenso e livre”, explica.
Tribuna do Norte

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