quinta-feira, 16 de outubro de 2025

CPI do INSS vota convocação de irmão de Lula, Frei Chico

Hoje, a votação de requerimentos deve dividir parlamentares | Foto: _JEFFERSON RUDY_AGÊNCIA SENADO

O presidente da CPI do INSS, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), informou que irá submeter ao colegiado, na sessão da quinta-feira (16), um requerimento de convocação para depoimento de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Viana afirmou em suas redes sociais que o requerimento será votado “em bloco”, ou seja, junto com outros pedidos de oitivas de pessoas ligadas a entidades e associações vinculadas aos descontos irregulares em benefícios previdenciários.

O Sindnapi é uma das associações acusadas pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), de filiar aposentados sem autorização e cobrar deles mensalidades automaticamente.

Frei Chico é irmão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e alvo de 11 requerimentos de senadores e deputados para comparecer à CPMI. O senador Izalci Lucas (PL-DF) afirma que Frei Chico deve esclarecer o aumento de ganhos do sindicato com as mensalidades, diante do silêncio do presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, no depoimento de 9 de outubro (REQ 34/2025 – CPMI INSS).

“Frei Chico tem o dever de esclarecer o assombroso e inexplicável crescimento na arrecadação de sua entidade, que saltou de R$ 23,3 milhões em 2020 para a cifra colossal de R$ 154,7 milhões em 2024. A alegação de ele não figura como ‘alvo direto’ em investigações da Polícia Federal é um argumento irrelevante para os trabalhos desta CPMI”, diz Izalci.

Já parlamentares da bancada governista, como o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), pedem a convocação de Philipe Roters Coutinho, agente da Polícia Federal, acusado de envolvimento nas fraudes, e de Thiago Schettini, apontando como facilitador dos esquemas investigados e supostamente ligado a Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”. Além disso, eles pedem a convocação de José Arnaldo Bezerra Guimarães, que, suspeito de integrar o esquema, teria feito pagamentos à filha de Ahmed Mohamad Oliveira Andrade, do ex-ministro da Previdência do governo Bolsonaro.

O relator, Alfredo Gaspar, apresentou pedido de prisão preventiva de Milton Baptista de Souza Filho, presidente do Sindnapi, para ser votado na reunião (REQ 2231/2025 – CPMI INSS). Gaspar acusa Baptista de comandar “esquema criminoso que desviou milhões de reais” por meio do sindicato. O relator afirma que “falsificação grosseira” de documentos e contratações de serviços de empresa de sua esposa estão entre os indícios do crime.

Blindagem

No mês passado, a CPI aprovou outro requerimento, que abria o sigilo sobre as pessoas que tinham procuração para atuar em nome do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical (Sindnapi), entre os anos de 2015 e 2023. A entidade tem como vice-presidente Frei Chico. O sindicato é citado em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre possíveis fraudes e nega irregularidades. Frei Chico não é investigado.

A blindagem a Frei Chico é uma das prioridades para os governistas que integram a CPI e a votação da convocação dele “em bloco” quebra um acordo alinhavado no início dos trabalhos do colegiado. Na ocasião, ficou pactuado que a votação de requerimentos em bloco na comissão só aconteceria se houvesse consenso sobre todos os nomes analisados.

Isto evitaria que o nome de Frei Chico aparecesse ao lado de outros alvos, o que faria com que uma possível convocação tivesse que ser submetida individualmente aos parlamentares, o que aumentaria a margem de articulação do governo para derrotar o pleito.

Depoimento

A CPMI do INSS deve tomar nesta quinta-feira (16), em reunião marcada para as 9h, o depoimento de Cícero Marcelino de Souza Santos, ligado à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), uma das associações acusadas de envolvimento na fraude contra aposentados e pensionistas. Há suspeitas de que Cícero Marcelino recebia valores das mensalidades ilegais da Conafer, sob pretexto de ser prestador de serviços para a entidade associativa. Assessor de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer, Cícero Marcelino foi alvo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.

Em depoimento à CPMI no dia 29 de setembro, Lopes disse que Cícero Marcelino prestava serviços diversos à entidade.

“Nós tivemos locações de veículos, compra de sêmen, compra de insumos para realização de melhoramento genético, tivemos também fornecimento de brinquedos para o Natal de 2023, 2024, onde demos mais de 300 mil brinquedos para as crianças neste país. São vários insumos, nobre relator”, disse o presidente da Conafer sobre seu assessor, em resposta ao relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

Na primeira parte da reunião, estão em pauta 101 requerimentos, que devem dividir os integrantes da CMPI. Um deles é a quebra de sigilos do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Os pedidos incluem e-mail institucional do INSS e celular pessoal, além de dados bancários e fiscais.

Convocação

Os parlamentares analisarão requerimentos de convocação de outras 14 pessoas. Entre elas está o sócio da empesa DM&H Assessoria Empresarial, Adelino Rodrigues Junior. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) explica em seu requerimento que Adelino é sócio de Domingos Sávio de Castro, que conduz uma outra empresa de telemarketing envolvida no esquema criminoso.

Um dos diretores do Dataprev, Alan Santos, e o chefe da Ouvidoria do INSS, Lenilson Queiroz de Araújo, também podem ser obrigados a comparecer para prestar depoimento.

A CPMI também pode aprovar a quebra de sigilo fiscal de quatro pessoas e 13 empresas, inclusive com o envio de relatório de inteligência financeira pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que investiga crimes financeiros e transações suspeitas.

Tribuna do Norte

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