O Censo Demográfico 2022
revelou aumento na diversidade étnica indígena do Rio Grande do Norte. De
acordo com dados divulgados hoje (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), 88 etnias indígenas foram identificadas no estado, um aumento
expressivo em relação às 57 etnias registradas no Censo de 2010. Também houve
aumento na presença de línguas indígenas declaradas no estado, de 7 para 33
entre os últimos Censos.
Ao todo, 8.396 pessoas declararam pertencimento a alguma etnia indígena. Por outro lado, 1.854 pessoas consultadas não declararam etnia, refletindo o desafio da autodeclaração e da preservação identitária entre grupos tradicionais.
A etnia Potiguara foi a mais
citada no estado, reunindo 5.511 pessoas, o que representa cerca de dois terços
de todas as autodeclarações indígenas no RN. O estado é o segundo do país com
maior número de potiguaras, ficando atrás apenas da Paraíba, onde 23.689
pessoas se identificaram com essa etnia.
Além dos Potiguara,
destacam-se outras etnias com mais de 100 pessoas autodeclaradas:
Tapuia-Tarairiús (1.057
pessoas)
Jenipapo-Kanindé/Paiaku (201)
Caboclos do Assu (159)
Guarani (157)
Tapuia (142)
Tupinambá (124)
Outras etnias das Américas
(102)
Entre aqueles que não
declararam ou não souberam informar sua etnia, 1.283 pessoas afirmaram “não
saber”, 246 tiveram a etnia “não determinada”, 1.834 deixaram em branco (“sem
declaração”) e 343 apresentaram respostas classificadas como “mal definidas”.
Para a superintendente do
IBGE/RN, Fabiana Fábrega de Oliveira, os resultados do Censo 2022 apontam para
um avanço no reconhecimento da identidade indígena potiguar. “Ao revelar a
pluralidade étnico-linguística existente no estado damos maior visibilidade às
diferentes comunidades. O aumento no número de etnias e de línguas declaradas
sugere um processo de reafirmação cultural, impulsionado tanto por políticas
públicas de valorização dos povos originários quanto pelo fortalecimento das
próprias organizações indígenas locais”, comentou.
O levantamento censitário é
fundamental para subsidiar políticas públicas voltadas à preservação das
culturas, línguas e modos de vida dos povos indígenas, contribuindo para o
planejamento e o reconhecimento da diversidade que compõe o país.
No RN, apenas 2% dos indígenas
falam línguas tradicionais em casa
O levantamento também
evidenciou a presença de 33 línguas indígenas declaradas no estado, frente a
apenas 7 identificadas no Censo de 2010. Ainda assim, o uso cotidiano dessas
línguas é limitado: no Rio Grande do Norte, apenas 235 pessoas consultadas (2,05%)
declararam falar pelo menos uma língua indígena em casa.
Em contrapartida, 97,66% das
pessoas indígenas (11.183) informaram não falar língua indígena no domicílio, o
quarto maior percentual do país — atrás do Ceará (98,31%), de Sergipe (98,13%)
e de Alagoas (96,67%).
O contraste é acentuado quando
comparado ao Mato Grosso, estado com a maior vitalidade linguística indígena no
Brasil, onde 77,29% das pessoas indígenas de 2 anos ou mais relataram falar
pelo menos uma língua tradicional. No contexto nacional, 70,81% das pessoas
indígenas com mais de 2 anos de idade afirmaram não utilizar línguas indígenas
em casa.
As línguas mais faladas no
território potiguar são o Warao (85 pessoas), seguida pelas línguas do tronco
Tupi (78 pessoas) e pelas do tronco Macro-Jê (38 pessoas), destacou Fabiana
Fábrega, Superintendente Estadual do IBGE no RN.
Sobre o Censo 2022: Etnias e
línguas indígenas
A divulgação Censo 2022: Etnias e línguas indígenas – Principais
características sociodemográficas – Resultados do universo traz
estatísticas sobre as diversidades étnica e linguística da população indígena,
com indicadores de sexo, idade, alfabetização, registro de nascimento e acesso
a saneamento básico, desagregadas segundo as etnias, povos ou grupos indígenas
a que pertencem.
As informações contemplam os
seguintes recortes territoriais: Brasil, Grandes Regiões, Unidades da
Federação, Municípios, Amazônia Legal, Amazônia Legal por Unidades da
Federação, Terras Indígenas e Terras Indígenas por Unidades da Federação.
Tribuna do Norte

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