FOTO: ALEX RÉGIS/ TRIBUNA DO NORTE
Três mortes recentes por
infarto em pessoas jovens voltaram a acender o alerta sobre a saúde do coração
no Rio Grande do Norte. Uma mulher, de 21 anos; Wilson Carvalho, cinegrafista
de 38; e Jarlene Márika, psicóloga e palestrante também de 38, tiveram a vida
interrompida de forma precoce por complicações cardíacas.
O caso chamou atenção do
Hospital Rio Grande, que fez um post nas redes sociais destacando o registros
de infarto entre adultos com menos de 40 anos. Segundo dados do Ministério da
Saúde, entre 2022 e 2024, o Brasil contabilizou aproximadamente 234 mil atendimentos
por infarto em pessoas abaixo dos 40 anos, com 7,8 mil mortes nesse grupo
etário.
O alerta é claro: o infarto
não é uma doença exclusiva da terceira idade. Mudanças no estilo de vida,
estresse constante e descuido com hábitos básicos de saúde podem antecipar o
surgimento das doenças cardiovasculares.
De acordo com o médico
cardiologista Gustavo Torres, o estilo de vida moderno está entre os principais
fatores de risco. “A gente tem um ritmo de vida muito mais intenso, e muitas
vezes a qualidade de vida é pior. A gente se alimenta mal, faz pouca atividade,
tem uso, às vezes, de substâncias estimulantes, energéticos, sem orientação
adequada. O hábito do tabagismo cada vez mais também tem voltado”, destaca.
O médico explica que, embora
exista predisposição genética, parte dos riscos pode ser controlada com
mudanças de comportamento. “A gente pode mudar a maneira de se alimentar,
adotar a prática regular de atividade física, qualidade de sono também é essencial,
menos estresse dentro do possível, não fumar, beber o mínimo possível. Tudo
isso nos leva a diminuir nosso risco de problemas”, diz.
Torres também reforça que não
há relação comprovada entre infartos e a vacina contra a covid-19, ponto que
tem circulado em redes sociais. “Não existe nenhuma evidência científica que
comprove essa associação. Nenhuma sociedade médica reconhece isso. É apenas
opinião sem base”, afirma.
Doenças silenciosas
O médico cardiologista Filipe
Rêgo acrescenta que o perigo das doenças cardiovasculares está justamente no
silêncio com que se desenvolvem. “Colesterol alto, pressão alta e diabetes não
dão sintomas. A pessoa vai acumulando fatores de risco sem perceber e, quando o
problema se manifesta, às vezes é com um evento grave, como um infarto ou uma
morte súbita”, explica.
Rêgo ressalta que, apesar da
maior divulgação desses casos, o número de jovens com doenças cardíacas não
necessariamente explodiu, mas o tema ganhou mais visibilidade nas redes
sociais. “Minha impressão nesse momento, em virtude do advento de rede social,
de WhatsApp, de Instagram, Facebook, essas coisas, a gente tem mais notícia”,
diz o médico.
E reforça o alerta: “Esse é um
tema para olharmos mais do ponto de vista das pessoas se cuidarem, olharem para
o ganho de peso, para a alimentação, praticarem exercício físico e muito menos
no sentido das pessoas ficarem apavorados, de que ‘está morrendo todos os
jovens'”.
Tribuna do Norte

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