Uma praça, localizada no centro, celebra a memória do padre | Foto: Adriano Abreu
Um dos personagens centrais da
história religiosa do Rio Grande do Norte, o padre João Maria Cavalcanti de
Brito (1848-1905) receberá uma homenagem da Academia Norte-rio-grandense de
Letras (ANRL) no dia 13 (segunda), às 17h, em sua sede no bairro de Petrópolis.
A celebração acontece no momento em que se dá os 120 anos de morte do
sacerdote, ocasião para relembrar sua história marcante de caridade e também
movimentar o processo que pede a canonização do padre potiguar – aclamado como
“Apóstolo da caridade” e “Anjo da cidade”.
O padre João Maria é patrono
da cadeira 11 da ANRL, mas sua importância para a Academia vai além.
“Consideramos que já há material e tempo suficientes para que o processo de
canonização do padre João Maria siga em frente, após tantos percalços. A
Academia está aderindo oficialmente a essa luta para fazer dele um santo
católico, e seguiremos fazendo mais ações para isso ao longo do ano”, afirma
Leide Câmara, secretária geral da instituição.
O processo ainda não concluído
da canonização do padre João Maria resultou na criação de uma comissão especial
para cuidar do assunto, encabeçada pelo historiador Luís Eduardo Suassuna, mais
conhecido como Professor Kokinho. “O padre João Maria tem uma história incrível
de doação aos mais pobres, tem milagres catalogados, e já um religioso aclamado
pela sua terra. Faremos mais eventos para que a igreja seja mais engajada no
processo, e que também as gerações mais novas não esqueçam a história dele”,
afirma a acadêmica.
Na ocasião da homenagem, o
arcebispo emérito de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales, vai receber o Título de
Honra da ANRL, e será saudado pelo acadêmico padre João Medeiros Filho. A
celebração também contará com música sacra, a cargo da cantora lírica Alzeny
Nelo e da Camerata de Vozes do Rio Grande do Norte. A convidada cantará dois
hinos para o padre João Maria – sendo um deles, composição de Diógenes da Cunha
Lima, presidente da Academia.
Leide Câmara ressalta a
importância do padre João Maria na fé e na história potiguares. Lembra que o
religioso também era irmão de Amaro Cavalcante, outro personagem de relevância
histórica no estado. “A canonização do nosso padre não é um sonho só meu, de
Diógenes e da Academia, mas de todo o RN, porque para o povo ele já é um santo.
Queremos agora que ele vá para os altares”, afirma.
João Maria Cavalcanti de Brito
nasceu na área rural de Jardim de Piranhas. Fez curso eclesiástico em um
seminário de Olinda, ordenando-se em 1871, no Ceará. Realizou a primeira missa
em Caicó aos 23 anos. Foi vigário de Jardim de Piranhas, Acari, Papari (Nísia
Floresta) e Natal, assumindo a paróquia de Nossa Senhora da Apresentação em
1881.
A dedicação aos mais
necessitados foi a grande entrega de sua vida. Costumava percorrer a pé ou de
jumento os bairros mais pobres de Natal, e em sua casa atendia todos que
precisavam de comida, roupas e remédios. No fim do século XIX, enfrentou os
maiores flagelos daquela época, a seca e a epidemia de varíola. Consta que
também foi um dedicado abolicionista, e que costumava ajudar ex-escravos. Em
2002, o processo de beatificação foi aberto, desde então todas as graças
atribuídas a ele estão sendo registradas.
Tribuna do Norte
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