“Eles até podem restringir a
circulação de um ministro, mas não podem restringir a ideia. Não conseguem
segurar a circulação da ideia e nem a força do Brasil na cooperação
internacional com os outros países para trazer investimentos para cá”,
enfatizou.
A declaração foi dada à
jornalistas durante visita às obras e a inauguração de novas alas no Hospital
Federal do Andaraí, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.
Padilha, a esposa e a filha de
10 anos sofreram represálias por parte do governo de Trump. No mês passado,
tanto a esposa quanto a filha tiveram os vistos para os EUA
cancelados. O do ministro não foi cancelado porque já estava vencido desde
2024.
Este mês, por conta da 80ª
Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, que começou nessa terça-feira
(23) e segue até este sábado, Trump suspendeu a proibição de entrada de Padilha
no país, mas restringiu a circulação dele ao hotel, à sede da ONU, e a
instalações médicas, em caso de emergência. A participação presencial na
reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em
Washington, seguiu, no entanto, restrita.
Padilha, que viajaria de Nova
York a Washington nessa sexta-feira (26), para a reunião, optou por não ir.
“Eu tinha reuniões marcadas em
embaixadas de outros países e as restrições não permitiam que eu pudesse fazer
isso. Eu ia sair de Nova York ontem para estar segunda-feira em Washington, na
Assembleia da OPAS. Tudo isso foi impedido por essas restrições absurdas. Isso
pode atrasar, mas não vai impedir que a gente possa firmar essas parcerias.
Obviamente, o fato de não estar presente lá, essas reuniões não aconteceram
presencialmente, [pode atrasar], mas elas vão acontecer aqui no Brasil ou em
outros países”, garantiu.
Tarifaço
Questionado sobre os impactos
do tarifaço de Trump nos preços dos medicamentos, o ministro disse que as
tarifas são voltadas para a indústria exportadora brasileira.
“O impacto que essas tarifas
absurdas feitas pelo presidente dos Estados Unidos gerou é para a indústria
exportadora brasileira. A gente tem uma indústria na área da saúde, sobretudo
da saúde bucal, de equipamentos médicos, de insumos para a saúde bucal que
exportava inclusive para os Estados Unidos".
Ele pondera, que já estão sendo tomadas medidas para mitigar esses impactos,
por parte do governo federal, do Ministério da Saúde, do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e com o financiamento do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que possam manter
os empregos, a produção e descobrir outros mercados. "Essa indústria
está exportando para outros países, não tem só os Estados Unidos para exportar”,
afirmou.
Sobre medicamentos, o ministro disse
que as restrições incentivaram novas parcerias para a produção nacional, como
da insulina, medicamento usado no tratamento de diabetes.
Padilha também destacou que as
próprias empresas americanas estão buscando parcerias com o Brasil, trazendo
tecnologia para o país. Ele citou como exemplo, o acordo para a produção de vacina contra o vírus sincicial
respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias
graves em bebês, incluindo quadros de bronquiolite.
Segundo o ministro, a vacina
estará disponível no SUS a partir de novembro.
“Essas empresas que têm sede
nos Estados Unidos, nessas situações, elas investem ainda mais no Brasil,
transferem a tecnologia aqui no Brasil. A gente garante a vacina da
bronquiolite para o povo brasileiro com essas parcerias e vai gerando renda,
empregos e tecnologia aqui no Brasil”, afirmou.
Gravidez planejada
Durante a visita, o ministro
fez uma demonstração da utilização do Implanon, implante
contraceptivo, usado para prevenir a gravidez. Fácil de implantar, o
medicamento custa de R$ 3 mil a R$ 5 mil em clínicas particulares.
De acordo com Padilha,
o SUS irá ofertar, até o final do ano, 500 mil unidades, e 1,8 milhão
até o final de 2026, de forma gratuita.
"Vai ser mais uma forma
das mulheres poderem organizar a sua vida, organizar a vida da sua família
e a gente poder reduzir algo que é muito grave no Brasil, que é a gravidez na
adolescência", disse Padilha.
Hospitais no Rio de Janeiro
Padilha cumpre agenda durante
todo o sábado em hospitais no município do Rio de Janeiro e na Baixada
Fluminense, em Nova Iguaçu (RJ). Além de visitar o Hospital Federal do Andaraí,
o ministro visita, em Nova Iguaçu, o Hospital Geral de Nova Iguaçu, Instituto
Estadual de Oncologia da Baixada Fluminense, Rio Imagem Baixada – Centro de
Diagnóstico.
No Hospital Federal do
Andaraí, a visita marcou a reabertura do Centro de Tratamento de
Queimados, do serviço de ortopedia e do espaço da cozinha, que estava fechado
há mais de dez anos. A ação integra o Plano de Reestruturação dos Hospitais
Federais, que objetiva ampliar o atendimento especializado e reduzir o tempo de
espera por cirurgias na rede federal de saúde, em articulação com o programa
Agora Tem Especialistas.
O Hospital do Andaraí é
mantido por investimentos federais. Ao todo, são R$ 600 milhões para recuperar
a unidade federal, que está sob a gestão municipal. De acordo com o
secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, com 30% das obras concluídas, a
expectativa é finalizar todas as principais obras no primeiro trimestre de
2026.
Agência Brasil
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