O edital do Leilão de
Transmissão foi aprovado pela ANEEL na última terça-feira (23) após a
apreciação pelo Tribunal de Contas da União (TCU), seguindo o rito costumeiro
desse modelo de licitação. O edital prevê a construção de subestações e a
instalação de compensadores síncronos em Assú e João Câmara, com prazo de 42
meses para execução. Esses equipamentos controlam a tensão e dão segurança ao
sistema, evitando desligamentos de parques solares e eólicos em momentos de
alta geração. Eles não produzem energia ativa para consumo, mas ajustam a
tensão e estabilizam o sistema elétrico, fornecendo ou absorvendo potência
reativa (Mvar).
No caso do que está previsto para o RN, os dispositivos irão ajustar a tensão
até absorver 200 Mvar (quando precisar reduzir o excesso de potência reativa na
rede) ou injetar até 300 Mvar (quando a rede precisar de mais potência reativa
para sustentar a tensão). Tudo isso em uma rede de alta tensão, no nível de 500
mil volts.
Os investimentos previstos para o RN estão inseridos no Lote 7, que é dividido
em dois sub lotes. O 7A, em Assú, terá duas compensações síncronas, com
investimento estimado em R$ 536,4 milhões e Receita Anual Permitida (RAP)
máxima de R$ 87,3 milhões. Já o 7B, em João Câmara, prevê um compensador
síncrono no mesmo padrão, com R$ 268,5 milhões em recursos e RAP de R$ 43,7
milhões.
Segundo o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do RN, Hugo Fonseca,
essas obras são estratégicas porque “minimizam os cortes de energia e criam um
ambiente mais seguro para novos investimentos, uma vez que novos projetos terão
viabilidade econômica.”
Esse reforço chega em momento oportuno. O RN tem previsão de atrair R$ 30
bilhões em projetos solares até 2029. É o estado do Brasil com a maior potência
instalada na produção eólica até o primeiro semestre deste ano, com 9.914,54
MW. A capacidade o coloca como responsável por aproximadamente 32% de toda a
energia eólica gerada no país.
Já em relação à potência outorgada, o território potiguar ocupa a segunda
posição, com 13.127,74 MW, perdendo apenas para a Bahia (19.901 MW). A potência
instalada refere-se à capacidade máxima de geração de energia que uma usina
pode atingir, considerando todos os seus equipamentos em funcionamento.
Apesar dos avanços na produção eólica e solar em território potiguar, a rede de
transmissão não tem acompanhado a instalação das usinas, o que vem provocando
episódios de cortes de geração por falta de capacidade de escoamento. O
Operador Nacional do Sistema (ONS) reconhece que, embora não haja risco
imediato de colapso, a rede precisa ser expandida para acompanhar a transição
energética em curso.
Além do RN, o leilão de outubro contempla empreendimentos em estados como
Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Alguns lotes
inicialmente previstos foram remanejados para 2026 por decisão do Ministério de
Minas e Energia, em razão de caducidade de contratos anteriores.
O leilão é o único de transmissão da ANEEL em 2025 e contempla sete lotes
distribuídos em 12 estados, envolvendo 1.081 quilômetros de linhas, subestações
com capacidade de 2 mil MVA (Mega Volt-Ampere) e sete compensações síncronas.
No total, serão investidos R$ 5,5 bilhões, com expectativa de 13 mil postos de
trabalho gerados durante as obras nas cidades onde os empreendimentos serão
feitos. A concessão é de 30 anos e a RAP global chega a R$ 937 milhões.
Os proponentes deverão apresentar lances para o lote completo e para cada
sublote, permitindo à ANEEL escolher a proposta mais vantajosa.
Números
R$ 536 mi – É o valor estimado
para a instalação de duas compensações síncronas em Assú
R$ 268 mi – É o investimento
estimado para a construção de um compensador síncrono em João Câmara.
Tribuna do Norte
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