O índice é o maior para um mês
de abril desde 2023 (0,61%). Em abril de 2024, a variação havia sido de 0,38%.
No período de 12 meses, o IPCA
soma 5,53%, o maior desde fevereiro de 2023 (5,6%) e acima da meta do governo.
Em março, esse acumulado era de 5,48%. Os dados
foram divulgados nesta sexta-feira (9), no Rio de Janeiro, pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A meta de inflação estipulada
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto
percentual para mais ou para menos, ou seja, um intervalo de 1,5% a 4,5%.
Desde o início de 2025, a meta
é considerada descumprida se ficar seis meses seguidos fora do intervalo de
tolerância. Todos os resultados desde janeiro figuraram acima do teto.
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Alimentos e remédios
Dos nove grupos de preços
pesquisados pelo IBGE, oito apresentaram inflação positiva, com os maiores
pesos exercidos por alimentos e saúde. Juntos, esses dois grupos
responderam por 0,34 ponto percentual (p.p.) do IPCA.
- Alimentação e bebidas: 0,82%
(0,18 p.p.)
- Habitação: 0,14% (0,02 p.p.)
- Artigos de residência: 0,53%
(0,02 p.p.)
- Vestuário: 1,02% (0,05 p.p.)
- Transportes: -0,38% (-0,08
p.p.)
- Saúde e cuidados pessoais:
1,18% (0,16 p.p.)
- Despesas pessoais: 0,54%
(0,05 p.p.)
- Educação: 0,05% (0 p.p.)
- Comunicação: 0,69% (0,03
p.p.)
Maior impacto
Apesar de representar o maior
impacto de alta na inflação de abril, o grupo alimentos e bebidas mostra
desaceleração ante março, quando foi de 1,17%.
Os alimentos integram o grupo
de maior peso no IPCA, por isso, mesmo desacelerando, exercem impacto
importante na média de preços da cesta de consumo dos brasileiros. Os produtos
que mais puxaram para cima o preço da comida foram:
- batata-inglesa
(18,29%)
- tomate (14,32%)
- café moído (4,48%)
Café sobe 80,2%
Em 12 meses, o café apresenta
alta de 80,2%, configurando-se a maior variação acumulada desde o início do
Plano Real em julho de 1994.
Por outro lado, o arroz, que
caiu 4,19%, foi o item alimentício que mais colaborou para segurar os preços. O
ovo, que vinha sendo um dos vilões (alta de 16,74% em doze meses), recuou 1,29%
em abril.
De acordo com o gerente da
pesquisa, Fernando Gonçalves, a inflação dos alimentos é muito influenciada por
questões climáticas. “Muitos deles tiveram questão de clima, ou chove muito ou
não chove”, afirma.
“Os efeitos da natureza não
tem como controlar”, observou.
Fernando destaca que o índice
de difusão - indicador que mostra a proporção de subitens que tiveram aumento
de preço no mês - passou de 55% para 70% dos 168 produtos alimentícios
pesquisados.
Em todo o IPCA, o índice de
difusão ficou em 67% dos 377 subitens apurados – o maior desde dezembro de 2024
(69%).
No grupo saúde e cuidados
pessoais, o resultado foi influenciado por produtos farmacêuticos, que subiram 2,32%, por conta do
reajuste de medicamentos de até 5,09% autorizado pelo governo a partir
de 31 de março.
Alívio nos transportes
O grupo de transportes foi o
único a ter queda nos preços (-0,38%), resultado influenciado pela redução dos
preços das passagens aéreas (-14,15%), o que exerceu o principal impacto
negativo no IPCA de abril, com peso de -0,09 p.p.
Os combustíveis também
ajudaram, recuando 0,45%. Todos tiveram variação negativa:
óleo diesel: -1,27%
gás veicular: -0,91%
etanol: -0,82%
gasolina (subitem que mais
pesa no IPCA): -0,35%
Fernando Gonçalves destaca que
“houve redução no preço do óleo diesel nas refinarias a partir de 1º de abril
e, no caso do etanol, houve avanço na safra”.
Foco do BC
Ao separar a inflação entre
itens de serviços e controlados, o IBGE aponta que o agregado de serviço
desacelerou de 0,62% em março para 0,20% em abril. Já os preços monitorados, ou
seja, controlados pelo governo, aceleraram de 0,18% para 0,35%.
O comportamento da inflação de
serviços é um dos fatores avaliados pelo Comitê de Política Monetária (Copom)
do Banco Central (BC) para decidir o nível da taxa básica de juros, a Selic,
atualmente em 14,75% ao mês. A definição da Selic é uma das formas de
buscar o controle da inflação. Quanto maiores os juros, menos favorável ao
consumo fica a economia, tendendo a segurar os preços.
“No agregado de serviços, a
desaceleração é explicada pela queda das passagens aéreas. E nos monitorados, a
explicação para a aceleração vem do aumento dos produtos farmacêuticos”,
explica Gonçalves.
A energia elétrica residencial
apresentou queda de 0,08%, devido à redução de tributos (PIS/Cofins) em algumas
áreas.
INPC
O IBGE divulgou também que o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,48% em abril.
A diferença entre os dois
índices é que o INPC apura a inflação para as famílias com renda de até cinco
salários mínimos. Já o IPCA, para lares com renda de até 40 salários mínimos.
Atualmente, o mínimo é de R$ 1.518.
O IBGE confere pesos
diferentes aos grupos de preços pesquisados. No INPC, por exemplo, os alimentos
representam 25% do índice, mais que no IPCA (21,86%), pois as famílias de menor
renda gastam proporcionalmente mais com comida. Na ótica inversa, o preço de
passagem de avião pesa menos no INPC do que no IPCA.
O INPC influencia diretamente
a vida de muitos brasileiros, pois o acumulado móvel de 12 meses costuma ser
utilizado para cálculo do reajuste de salários de diversas categorias ao longo
do ano.
Agência Brasil

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