Um homem foi preso em Mossoró,
nesta quarta (16), por suspeita de vender clandestinamente um medicamento por
vezes prescrito por médicos em casos graves de Covid. A mulher dele também é
suspeita de participação no esquema. A droga, cujo valor médio é de R$ 850,
estaria sendo vendida por R$ 2.500 pelo casal.
A prisão faz parte de uma
operação do Ministério Público Estadual. O medicamento tem como princípio ativo
o tocilizumabe. No momento da prisão foram encontradas caixas do medicamento e
ainda remédios com validade vencida na casa do suspeito.
O homem é farmacêutico e a
mulher trabalha em uma farmácia. Para o MPRN, as atividades profissionais dos
dois seriam utilizadas no comércio ilegal do tocilizumabe por terem o
conhecimento técnico (temperatura, acondicionamento, prescrição etc) e contatos
com fornecedores (agentes públicos ou privados).
Conforme chegou ao
conhecimento do MPRN, nos casos de Covid-19 severa, evoluindo para hipoxemia
(queda do oxigênio sanguíneo) refratária, alguns médicos têm utilizado a droga
tocilizumabe para conter o avanço da doença, diminuir o risco de intubação
orotraqueal e, em último caso, a morte do paciente.
Além de reduzir o risco de
morte em pacientes hospitalizados com Covid em estado grave, a droga pode
também diminuir o tempo de internação e a necessidade de ventilação, segundo
constatou um estudo preliminar da Universidade de Oxford.
Os suspeitos, segundo o que já
foi apurado pelo MPRN, aguardavam o momento adequado para abordar as possíveis
vítimas, aproveitando-se da alta demanda causada pela pandemia para conseguirem
vender os medicamentos a preços elevados. Esta alta demanda pela medicação
desencadeou a escassez do medicamento, tanto na iniciativa privada quanto no
Sistema Único de Saúde (SUS).
O MPRN ressalta que diante do
atual cenário de pandemia, do forte apelo emocional da doença e do extenso
acometimento populacional, as famílias dos pacientes não poupam esforços para
adquirir a medicação.
O material apreendido será periciado pelo MPRN. Os remédios deverão ser enviados para a Unidade de Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) do Governo do Estado ou para a Secretaria de Saúde de Mossoró, onde serão cadastrados.
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