A expectativa de vida no Rio
Grande do Norte alcançou 77,83 anos, tornando-se a terceira mais alta do país e
a maior do Nordeste. O resultado representa um aumento de 18 meses em relação
ao ano anterior, segundo as Tábuas de Mortalidade 2024, do IBGE. Especialistas
destacam que, apesar do avanço, o crescimento da longevidade amplia a pressão
sobre a previdência e reforça a necessidade de políticas de saúde e de cuidados
voltadas para uma população cada vez mais envelhecida.
Em comparação com outros estados, o RN fica atrás somente do Distrito Federal (79,75) e Santa Catarina (78,27). No Nordeste, o estado lidera, superando a média de 76,15 anos. De acordo com as projeções do IBGE, a longevidade no RN deve continuar em crescimento nos próximos anos. Damião Ernane de Souza, Chefe do Setor de Disseminação de Informações da Superintendência Estadual do IBGE no RN, destaca que “a proporção de pessoas com 15 anos ou mais será bem menor do que a de pessoas com 60 anos ou mais”, disse.
Ele ainda observa que, em Natal, quase 20% da população já tem 60 anos ou mais.
Esse aumento na longevidade é um reflexo da transição demográfica que está
ocorrendo, com uma população cada vez mais envelhecida no RN. Conforme Damião
Ernane, o Brasil está passando pela Transição Demográfica, marcada pela redução
das taxas de fecundidade e natalidade. Menos crianças nascem e as pessoas vivem
cada vez mais, refletindo uma tendência nacional.
A expectativa de vida no Brasil alcançou 76,6 anos, um aumento de 2,5 meses em
relação ao ano anterior. No estado, assim como no Brasil, os homens continuam
apresentando uma longevidade inferior à das mulheres. Homens vivem em média
74,38 anos, enquanto as mulheres 81,24 anos.
Ricardo Ojima, pesquisador do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), considera que a
sobremortalidade masculina está associada às mortes violentas. “Acidentes de
trânsito e violência são as causas que mais matam homens jovens no Brasil.
Entre 20 e 30 anos essa é a principal causa de morte”, pondera.
De acordo com o cientista atuarial, diversos fatores contribuem para a baixa
expectativa de vida masculina. Ele explica que durante a velhice, homens tendem
a se cuidar menos que as mulheres. “Após os 40 prevalece o machismo estrutural
e a falta de cuidados com a saúde”, explica o pesquisador.
Na avaliação de Ojima, o aumento da expectativa de vida reflete a redução
sistemática da mortalidade em todas as faixas etárias, principalmente entre os
mais jovens e crianças com menos de 1 ano. “A maior contribuição para o aumento
da expectativa de vida geral é a redução da mortalidade infantil, porque é o
grupo que tem mais contribuição para a média geral de anos de vida quando a
morte é evitada”, disse.
Apesar do avanço, políticas públicas devem ser pensadas para o bem-estar do
idoso. “Esse aumento da expectativa de vida traz consequências e desafios. Um
deles é a necessidade de se pensar em um contexto de mais pessoas beneficiárias
do que contribuintes para a previdência”, alerta Ricardo Ojima. Além disso, a
saúde se torna um desafio ainda mais relevante, pois os custos com o cuidado de
uma população envelhecida tendem a ser muito mais elevados.
Saúde pública
O demógrafo especialista em saúde, José Vilton, explica que o acesso à saúde e
os avanços no desenvolvimento da saúde pública têm impacto direto na
longevidade da população e, com o envelhecimento populacional, o setor deve se
preparar para assistência aos idosos.
Vilton destaca que um dos principais desafios das políticas públicas atuais é a
atenção ao cuidado dos idosos. “No passado, a grande preocupação estava em
aumentar a fecundidade, e para isso, construíam-se escolas para receber as
crianças. Hoje, a atenção precisa ser voltada para o cuidado dos idosos”,
afirma.
A geriatra Ângela Costa defende que é necessário acompanhamento médico
constante para os idosos. “Os fatores mais importantes para viver mais e com
qualidade no Brasil são aqueles que atuam diretamente na manutenção da saúde
física, emocional e social”, alerta a especialista.
População no RN vai estacionar
em 2041
A expectativa de vida deve aumentar cada vez mais no RN, com projeção para
78,01 anos em 2025, conforme dados do IBGE.
O especialista do IBGE RN explica que o estado deve atingir, em 2041, o chamado
“estacionamento populacional”, quando o número de nascimentos deixa de superar
o número de mortes — fenômeno que no Brasil deve ocorrer antes, em 2037.
Segundo ele, isso significa que o estado terá cada vez menos jovens e uma
proporção crescente de idosos, tendência que deve se intensificar ao longo das
próximas décadas. Ele destaca que a queda da natalidade é um dos principais
fatores que explicam esse cenário.
Tribuna do Norte

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