O ensino bilíngue tem se
consolidado como uma das principais apostas de escolas para ampliar as
competências linguísticas, cognitivas e culturais dos estudantes. Em Natal,
instituições como o Colégio Ágora e o CEI Romualdo Galvão/Roberto Freire têm
intensificado a oferta desse modelo, que vai além das aulas tradicionais de
inglês e integra o segundo idioma a diferentes disciplinas, projetos e
vivências escolares. Com turmas que começam a partir de um ano de idade, as
escolas observam avanços no engajamento, autonomia e desempenho acadêmico dos
alunos.
A diretora do Colégio Ágora, Monique Guedes, explica que a principal diferença entre o ensino bilíngue e as aulas tradicionais está no propósito pedagógico e na carga horária. “Quando a gente tem aula de inglês, é geralmente duas vezes por semana, com aulas mais gramaticais, mais com traduções. O ensino bilíngue é um ensino mais da fluência. No ensino bilíngue a gente tem cinco aulas por semana de inglês”, afirma. Ela acrescenta que todo o processo é baseado no pareamento curricular. “Imagina que o aluno está estudando o mesmo conteúdo em ciências e aí ele passa a ver o mesmo conteúdo em inglês”, exemplifica.
Monique destaca que a imersão
diária tem impacto direto no desenvolvimento acadêmico e socioemocional. “O
mundo é internacional, existe essa relação entre países e culturas e a
importância é justamente essa integração cultural”, afirma. Ela avalia que a ausência
do segundo idioma limita a confiança e a inserção dos jovens. “Se você não tem
uma segunda língua, muita coisa você não consegue nem identificar. Então abala
sim o socioemocional”, diz. A diretora lembra que a escola adotou o ensino
bilíngue desde sua fundação em 2019 e observa boa receptividade das famílias.
Com 700 alunos da Educação
Infantil ao Ensino Médio e mudança de sede prevista para a Av. Nascimento de
Castro, o Ágora planeja ampliar a capacidade para até 2 mil estudantes. O
avanço do modelo bilíngue nas escolas do RN acompanha uma tendência nacional.
Monique reforça que o conhecimento do inglês deixou de ser diferencial e
tornou-se pré-requisito. O ensino começa a partir de um ano de idade, com aulas
diárias, e acompanha o aluno até as séries finais, ajustando progressivamente o
foco para atender também às demandas do Enem.
A coordenadora do ensino
bilíngue do Ágora, Marina Evangelista, explica que a língua inglesa é usada
como ferramenta para abordar temas de diversas áreas. “A gente não ensina a
língua inglesa de forma isolada do mundo. Eles vão aprender inglês através de
outras disciplinas também. A língua inglesa é uma ferramenta para falar sobre
diversas coisas”, afirma. Segundo ela, conteúdos de ciências, história e
geografia são incorporados às aulas. “É muito mais fácil eles falarem de coisas
que eles veem no mundo. A língua não é uma coisa separada”, explica.
A integração entre idioma e
currículo tem sido reforçada também no CEI Romualdo Galvão/Roberto Freire. O
coordenador pedagógico bilíngue das unidades, Leonardo Xavier, afirma que o
inglês faz parte da experiência cotidiana dos estudantes. “Trabalhamos com
metodologias ativas, projetos autorais e situações reais de uso da língua.
Oficinas, atividades lúdicas, projetos como bake sale, music talent show e
eventos como o CEI Talks promovem a aprendizagem de forma natural e
contextualizada”, diz. Ele acrescenta que sequências didáticas conectam
conteúdos das disciplinas ao inglês, garantindo imersão contínua.
Para Leonardo, os resultados
são perceptíveis no comportamento e na autonomia dos estudantes. “Temos
observado alunos mais participativos, confiantes e dispostos a experimentar a
língua. Hoje, eles compreendem que o inglês não é apenas uma disciplina, mas
uma ferramenta de expressão. Também percebemos avanços na escuta ativa, no
vocabulário e na habilidade de resolver problemas usando o inglês”, avalia.
Entre os estudantes, os
efeitos da exposição prolongada ao inglês aparecem tanto no cotidiano escolar
quanto em experiências fora da sala de aula. Sarah Serejo, 16 anos, aluna do
CEI, aprendeu inglês exclusivamente na escola. “Nunca fiz curso de inglês tradicional,
porque meus pais optaram pelo ensino bilíngue desde os dois anos de idade. Hoje
já tive a oportunidade de testar meu inglês viajando para países de idioma
inglês e debatendo em inglês em atividades mais avançadas da escola. Tenho
sentido um desempenho bem satisfatório.” Ela afirma que chegar ao pré-Enem sem
dificuldades na prova de língua estrangeira e com fluência para a universidade
“é um grande diferencial”.
Seja por meio de atividades
cotidianas, projetos interdisciplinares ou experiências culturais, escolas de
Natal apostam em modelos que aproximam os estudantes de uma realidade
globalizada e exigente em competências linguísticas. Para os gestores, a presença
diária do inglês amplia repertórios, fortalece a autonomia e prepara os alunos
para desafios acadêmicos e profissionais.

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