quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Lula foi infeliz ao criminalizar ação dos policiais no RJ, diz relator da CPI

Alessandro Vieeira é senador e relator da CPI do Crime Organizado | Foto: Andressa Anholete-Agência Senado

Osenador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chamou a ação policial no Rio de Janeiro de “desastrosa” e de “matança”. A operação Contenção, deflagrada em 28 de outubro nos Complexos da Penha e do Alemão, deixou 121 mortos.

“Acho que foi muito infeliz o presidente da República ao criminalizar a ação dos policiais sem nenhuma informação que dê base para isso. Até o momento, não tem nenhum dado que aponte para uma ilegalidade”, disse Vieira em entrevista.

“O presidente Lula se manifestou alinhado com aquilo que a esquerda tradicionalmente faz. Nós sabemos perfeitamente que a direita tem uma preocupação maior com segurança pública, enquanto a esquerda se concentra mais em questões de redução de desigualdade”, afirmou o relator da CPI. “Criminalizar antecipadamente a polícia é tão equivocado quanto assinalar que qualquer um que está lá na comunidade é criminoso”, acrescentou.

Na terça-feira (4), Lula disse a jornalistas inernacionais que o governo deve enviar legistas da PF (Polícia Federal) para participar das investigações sobre as circunstâncias das mortes. A medida já havia sido anunciada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em 30 de outubro.

“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança e houve a matança. Acho bom especificar em que condições se deu”, afirmou Lula.

Vieira também disse que a operação, que mobilizou cerca de 2.500 agentes para cumprir centenas de mandados de prisão e de busca e apreensão, foi “extremamente violenta, de confronto em uma área muito difícil”.

“Todos os envolvidos na operação seguramente sabiam que o resultado seria nessa linha porque foi uma escolha de uma ação de confronto. O que falta como informação é que o governo do Rio de Janeiro e os técnicos das secretarias nos informe qual é o passo seguinte. O confronto em si não pode ser o objetivo da ação”, afirmou.

Líder da oposição critica Lula e propõe impeachment ao PL: ‘Perdeu o controle’

O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, deputado federal Tenente-Coronel Zucco (PL-RS), fez críticas ao governo Lula sobre o controle do crime organizado e afirmou, através de nota, que “o Estado perdeu o controle”. Além disso, também afirmou que o Governo Federal está mais preocupado em preservar a sua imagem do que proteger o povo.

Mais tarde, o deputado afirmou à Jovem Pan que levará ao PL um pedido para que seja requerido o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Hoje, o crime organizado não atua apenas nas periferias. Ele já domina destinos turísticos, regiões de produção rural e cidades de todos os tamanhos: pequenas, médias e grandes. O Estado perdeu o controle sobre áreas onde as facções cobram pedágio de comerciantes, vendem gás de cozinha e internet a preços extorsivos, e impõem regras de convivência pela força das armas. É um regime de terror dentro do território nacional”, declarou Zucco.

Segundo Zucco, as facções delimitam seus domínios com barricadas, impedindo a entrada de ambulâncias, viaturas e até de transportes por aplicativo.

“Onde o Estado não entra, o crime reina. E o resultado é o colapso da cidadania: sem segurança, sem saúde, sem escola, sem liberdade. O governo Lula assiste a tudo isso de braços cruzados, como se não fosse problema seu”, criticou.

Para o parlamentar, a justificativa para a pedido de impeachment seria a omissão do governo em combater o crime organizado e que configuraria uma violação direta do artigo 85 da Constituição Federal, que define como crime de responsabilidade os atos do presidente que atentem contra a existência da União, a guarda dos bens e direitos do Estado, o livre exercício dos poderes constitucionais e o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais pelos cidadãos.

“Permitir que o crime organizado substitua o Estado em regiões inteiras do país é atentar contra a própria soberania nacional. É uma ruptura da ordem constitucional — e o presidente precisa responder por isso”, disse.

“O Planalto está mais preocupado em preservar sua imagem internacional do que em proteger o povo brasileiro. Enquanto isso, o país vive dividido entre o Brasil governado e o Brasil dominado. O primeiro faz propaganda; o segundo vive sob o medo”, disse.

Segundo ele, o Congresso precisa reagir a crescente da criminalidade no Brasil. “Não podemos normalizar o avanço das facções nem aceitar que o governo assista passivamente à destruição da soberania nacional. A ausência do Estado é um ato político, e esse ato tem responsáveis. O presidente Lula deve explicações ao Congresso e ao povo brasileiro — porque o Brasil está sendo entregue ao crime organizado”, finalizou.

Tribuna do Norte

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