Foto; Magnus Nascimento
A esporotricose vem
apresentando crescimento no Rio Grande do Norte. Segundo os últimos dados do
Painel Epidemiológico da Esporotricose, elaborado pelo Centro de Inteligência
Estratégica para Gestão Estadual do SUS (CIEGES/RN), foram registrados 4.012 casos
da doença em pessoas e animais no período de 2016 até 2025.
O levantamento detalha que, entre os humanos, foram notificadas 856 ocorrências em 44 municípios, das quais 519 foram confirmadas. Já entre os animais, foram registrados 3.156 casos em 21 municípios, dos quais 1.639 foram confirmados.
Entre as cidades, Natal lidera o número de casos notificados em humanos (609),
seguida por Parnamirim (56) e Macaíba (55). A capital também encabeça o ranking
de casos em animais, com 2.328 notificações, seguida de Parnamirim (257) e
Extremoz (250).
A médica veterinária Beatriz Morais explica que a esporotricose é causada pelo
fungo Sporothrix sp. “Também conhecida, antigamente, por ‘doença do
jardineiro’, pois esse fungo é de solo, podendo ser adquirido na própria terra
ou em animais acometidos pelo fungo”, explica. Nos seres humanos, o fungo
normalmente gera inflamação dos gânglios linfáticos de onde ocorreu a infecção,
além de lesões doloridas.
Segundo a médica, a principal forma de transmissão de um gato para outro ou de
gato para humano é o contato de lesões abertas ou fluidos de lesões e/ou
arranhões, nos quais o gato pode inocular o fungo (se presente nas unhas) na
pele de um humano ou de outro gato.
Humanos ou os próprios gatos
também podem se contaminar diretamente no solo, caso o fungo esteja presente.
Ela reafirma o aumento de casos no estado: “Cidades onde o fungo não havia
chegado já têm notificações, o que é bem triste”.
Os gatos são os principais acometidos pela doença, pois, segundo a veterinária,
“o fungo tem tropismo pelos gatos, permitindo altas cargas de fungo por lesão”.
Ela sugere que isso pode ocorrer devido à temperatura corpórea dos felinos, que
é mais elevada, facilitando a proliferação do fungo. Além disso, hábitos como
cavar para enterrar fezes e arranhar troncos de árvores facilitam a
contaminação.
Embora os cães também possam ter esporotricose, não é comum. Segundo a médica,
no caso dos felinos, é essencial se atentar para a aparição de lesões cutâneas,
especialmente aquelas que nunca cicatrizam. “Outro sinal comum é o aumento de
volume nasal, normalmente em ponta, que pode ou não ulcerar. Antes de aparecer
o aumento, os gatinhos podem ter simples espirros ou presença de sangue neles”,
afirma a veterinária.
A veterinária detalha que as lesões em pele podem se expandir por todo o corpo
e até mesmo acometer o pulmão, mas a maioria dos pacientes tem lesões pontuais.
“As lesões se concentram no nariz, formando uma lesão nodular, popularmente
chamada de ‘nariz de palhaço’”, esclarece.
Segundo a médica, a doença se agrava pois o tratamento animal é complexo e
oneroso. “O maior problema que temos é que os animais acometidos se concentram
em bairros periféricos, muitos com acesso à rua ou são animais errantes. O
tratamento é caro e longo”, completa a veterinária.
Para evitar a doença, é essencial evitar contato com gatos contaminados e não
permitir que o gato tenha acesso à rua, pois é nesse contexto que podem se
contaminar nos solos ou com outros gatos já doentes.

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