Marina é membro do conselho
científico que assessora a presidência da COP30, uma das curadoras do Pavilhão
de Ciências Planetárias na Zona Azul do evento e ligada ao Instituto
Serrapilheira. Ela explica que a Terra saiu de uma média de 15°C para 16,3 °C,
o que representa um aumento de cerca de 1,31°C. Ao ultrapassar 1,5 °C, o
planeta entra em um fenômeno conhecido como overshooting, quando o
aquecimento ultrapassa o limite seguro por determinado tempo. A partir desse
ponto, sistemas naturais essenciais podem sofrer transformações graves e
irreversíveis.
“Já deveríamos ter virado a
curva das emissões entre 2020 e 2025. Isso não aconteceu. Agora, o esforço é
manter esse aumento pelo menor tempo possível”, alerta Hirata. "Podemos
pensar nesses sistemas como o corpo humano. Fígado, coração, estômago funcionando
bem, um equilibra o outro. Um problema em um órgão tem consequência em outros.
No caso do planeta, se os corais desaparecem, o oceano aquece e a Amazônia
enfrenta secas mais extremas, todo o sistema terrestre enfraquece”.
A cientista enfatiza a
necessidade de melhorar a comunicação entre ciência e sociedade, em busca de
ações que possam conter a trajetória de aquecimento global. O pavilhão de
ciências da COP30 seria um exemplo do esforço para aproximar o conhecimento
científico do público e dos tomadores de decisão.
“Os cientistas
têm linguagem muito técnica. Precisamos aprender a nos comunicar melhor e
trabalhar em pares, como jornalistas e cientistas”, disse. "Traduzir
conceitos como 'ponto de não retorno' para o cotidiano das pessoas é essencial.
Conversei com um motoboy, e ele me disse que não dá para pensar no fim do mundo
quando ele precisa pensar no fim do mês. Precisamos aproximar o tema da crise
climática para a realidade das pessoas. É um trabalho que precisa ser feito
passo a passo”.
Marina também destaca o papel
das ações coletivas no enfrentamento da crise climática. Seja por mobilização
social, escolhas políticas ou atitudes cotidianas que possam engajar outras
pessoas nas pautas ambientais.
“Tem gente que fala ser
necessário acabar com tudo, começar o planeta de novo, mas isso não é possível.
O ser humano funciona muito em efeito manada. Precisamos agir no nosso
cotidiano, ser exemplo para outras pessoas. Iniciativas que integram cientistas
em torno de uma mesma mensagem são muito efetivas. Precisamos amplificar esses
temas em conjunto e levá-los para a sociedade”, concluiu.
Agência Brasil

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