A Soinga é resultado de um
processo de cruzamento entre as raças Morada Nova, Bergamácia Brasileira e
Somalis Brasileira. O projeto começou há mais de duas décadas e culminou, em
janeiro deste ano, no reconhecimento oficial da 29ª raça de ovinos do Brasil.
“Foi um processo longo, de mais de 20 anos, até conseguirmos a homologação”,
conta a zootecnista Karoline Lopes, uma das responsáveis pela formação da raça.
“A Soinga é 100% potiguar. É a única raça ovina do Brasil com mapeamento
genético de 50 mil marcadores, algo inédito. Isso dá uma base científica muito
sólida”, completa.
De porte médio e voltada para
corte, a Soinga tem como características marcantes a coloração branca com a
cabeça preta em formato de “verba”, carne marmorizada e sabor acentuado. Além
da qualidade da carne, a resistência às condições climáticas adversas é um dos
principais diferenciais. “Durante um período de estiagem muito severa, enquanto
outras raças sofreram bastante, a Soinga resistiu bem com a mesma alimentação e
água”, relata Karoline. “É uma raça adaptada à nossa realidade”.
Atualmente, estima-se que
existam cerca de 5 mil animais registrados em criatórios do RN, mas a criação
já começou a se expandir para outros estados. “A semente já saiu daqui. A
Soinga é uma conquista da nossa pecuária, do nosso estado, e um orgulho para
quem trabalha no campo”, explica a zootecnista. “No leilão de abertura da Festa
do Boi, criadores do Ceará levaram exemplares, e já sabemos de rebanhos em
Brasília, no Rio de Janeiro e em outros locais”.
Com altas expectativas em
relação à nova raça, a Associação Brasileira de Criadores de Soinga (ABC
Soinga) consolidou-se como estrutura institucional. Segundo Marcel Lopes,
presidente da entidade, este é o primeiro ano da associação oficialmente com a
raça reconhecida. “A Festa do Boi está sendo a vitrine perfeita para apresentar
a Soinga ao Brasil. Atualmente, a associação reúne cerca de 24 criadores. Mas
tamanho é o interesse que tem despertado que devemos encerrar o evento com pelo
menos 30 associados”, prevê.
O reconhecimento da Soinga
como raça nacional reforça a capacidade de inovação da agropecuária do RN. A
diretoria da ABCSoinga planeja agora construir uma sede própria no Parque
Aristófanes Fernandes. “A dificuldade hoje é algo até positivo: a falta de animais
disponíveis para venda. A valorização está sendo muito rápida. Estamos
trabalhando com a Central Bom Princípio para criar um banco genético de sêmen e
embriões que permitirá ampliar a difusão da raça para outros estados”, diz
Marcel Lopes.
Cláudio Oliveira/Repórter
Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário