A edição de 2025 da festa traz a presença mais efetiva de queijos artesanais do Rio Grande do Norte, apresentados pela Associação de Empreendedores do Leite (Empreleite). Fundada em 2022, a entidade reúne produtores da agricultura familiar que encontraram no queijo uma alternativa para aumentar os rendimentos frente à baixa lucratividade do leite in natura.
A associada Micarla Fernandes, produtora da Fazenda Lima, em São Pedro, explica que o diferencial do queijo artesanal está na origem. “É feito onde o produtor tem o cuidado, as etapas de produção, do capim ao queijo. É leite cru, não pasteurizado, feito à mão. Literalmente artesanal, com carinho, amor e dedicação”.
O resultado é o reconhecimento em premiações, como no último Encontro
Nordestino do Setor de Leite e Derivados (ENEL), quando um queijo maturado no
café Jaçanã, que ela produz, foi premiado. “Quando mandei meus queijos para o
concurso, três produtos voltaram premiados. A manteiga da terra levou bronze, o
maturado levou prata e o nosso desenvolvido com café levou superouro. Ter um
produto premiado mostra que há avaliação técnica por trás e nos estimula a
continuar no trabalho que estamos desenvolvendo”.
A programação inclui 7 leilões
oficiais e 3 mil animais expostos| Foto: Adriano Abreu
A Empreleite conta hoje com 12 associados, sendo seis produtores de queijo e em processo de certificação. “A produção ainda é pequena, mas conseguimos agregar valor ao litro de leite produzido na propriedade. Por exemplo, na Fazenda Lima, transformando o leite em queijo maturado, o litro passa a valer R$ 12, enquanto o preço médio do leite cru é de R$ 2,30 a R$ 2,50”, afirma Micarla.
Durante a feira, os visitantes poderão conhecer o pavilhão dos animais e a loja colaborativa da Empreleite, com degustação de queijos maturados, temperados e recheados com goiabada, carne de sol e bacon, além de manteiga, ricota, doce de leite, café, mel e biscoitos produzidos artesanalmente. “Vai ser uma experiência gastronômica, mostrando a diversidade e qualidade do queijo potiguar e de outros produtos artesanais”, destaca Micarla.
Outro destaque é a presença da Agência Sebrae em um espaço de 5 mil m² voltado à inovação, conhecimento e fortalecimento da economia local, apresentando soluções para o campo, experiências gastronômicas, práticas de sustentabilidade e oportunidades de negócios. Elton Alves, gestor da Agência Sebrae Festa do Boi, diz que a atuação do Sebrae foi reformulada na festa. “Em cada edição reafirmamos o papel do Sebrae neste ambiente tão emblemático para o desenvolvimento rural potiguar. Durante os nove dias da feira, a gente constrói pontes entre a tradição e o futuro, conectando produtores, empreendedores e consumidores em um ecossistema de conhecimento, negócios e inovação”, afirma.
A programação inclui palestras, oficinas, exposições e aproximações comerciais para diversas cadeias produtivas, como bovinocultura, apicultura, suinocultura, horticultura, fruticultura e tecnologias sociais. Entre os destaques estão a Fazendinha Modelo, a Queijeira Artesanal Modelo Nivardo Melo e a Exposição Queijos Artesanais do Brasil. No balcão Saberes e Sabores, além das oficinas de harmonização de produtos do Feito Potiguar, haverá cuppings (provas técnicas de cafés especiais) com foco em cafés do Nordeste, especialmente os produzidos em Jaçanã e Portalegre.
O espaço também terá ações de sustentabilidade, economia criativa, vitrine de
produtos locais e praça de alimentação diversificada.
R$ 85 milhões em negócios
A expectativa dos organizadores da 63ª Festa do Boi é movimentar R$ 85 milhões em negócios e receber cerca de 500 mil visitantes ao longo dos oito dias, consolidando a festa como referência regional e nacional no setor. Segundo o presidente da Associação Norte Riograndense de Criadores (ANORC), Matheus França, a estimativa de negócios resulta de planejamento e parceria com instituições financeiras e leilões: “Quando a gente começa a conversar com eles, alinhar as parcerias para a Festa do Boi, eles já passam os números do ano passado e também com as previsões deste ano. O Banco do Nordeste, por exemplo, tem uma previsão de financiamento dentro da festa de 50 milhões, lembrando que ano passado eram 45 milhões”.
França destaca ainda o crescimento das transações dentro da própria feira: “Ano passado tivemos apenas cinco leilões, este ano teremos sete, além de dois eventos novos de venda de animais, que devem gerar em torno de 8 a 10 milhões de reais só em faturamento”, prevê. A soma desses números, junto aos parceiros bancários e agentes de fomento, projeta R$ 85 milhões em movimentação financeira para a edição de 2025.
Com quase 3 mil animais expostos — bovinos, ovinos e caprinos — a programação
inclui sete leilões oficiais e a edição especial do “Genética Potiguar”,
dividido entre machos e fêmeas, atendendo à demanda por animais com genética
diferenciada. Compradores de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso devem
participar, reforçando o alcance nacional da feira.
Cláudio Oliveira/Repórter
Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário