terça-feira, 14 de outubro de 2025

Programa quer inserir 100 empresas do RN no comércio exterior até setembro de 2026

Política de Estado vai ser executada para impulsionar as empresas que exportam no RN | Foto: Alex Régis

Com o peso do tarifaço norte-americano impactando os produtos potiguares, o Rio Grande do Norte tenta reposicionar a economia local no cenário global com o lançamento do RN Mais Exportação, programa que propõe uma estratégia de longo prazo para diversificar a pauta exportadora e aumentar o número de empresas potiguares no comércio exterior, reduzindo a dependência do RN em relação aos EUA. Coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), a iniciativa quer atingir 100 empresas até setembro de 2026, com foco em capacitação, abertura de mercados e assessoria técnica.

Segundo o secretário da Sedec, Alan Silveira, o RN Mais Exportação é “política de Estado” que vai ser executada para impulsionar as empresas que exportam no RN. A política foi oficializada por meio de decreto no último dia 10 de outubro. O plano, de acordo com Silveira, inclui etapas de diagnóstico, logística de venda e transporte, capacitação, participação em feiras e missões comerciais.

“Nessa primeira etapa, a meta é trabalhar 100 empresas; depois que concluir essa fase, será a vez das demais. Cada empresa vai ter um acompanhamento junto com a Sedec, o Sebrae e a Apex, em uma perspectiva de quatro a seis meses”, explica o titular da Sedec.

O decreto surge após empresas potiguares serem afetadas pelas tarifas de exportação impostas pelos Estados Unidos, fato que reduziu a competitividade de segmentos como o sal e o pescado do RN, dois dos setores mais atingidos. A Sedec estima que o programa possa gerar efeitos sobre a geração de empregos e estimular a retomada de empresas que interromperam suas exportações nos últimos anos, além daquelas que têm interesse de iniciar esse novo processo.

“O RN Mais Exportação vai diminuir essa dependência do Rio Grande do Norte em relação aos Estados Unidos. A nossa meta é trabalhar todas as empresas que exportam, de todas as áreas: pescado, têxtil, alimentício, sal, balas. Todas as empresas podem participar”, afirma. A Sedec trabalha com uma base inicial de cerca de 140 empresas identificadas pela Secretaria da Fazenda (Sefaz). O processo de cadastramento começou neste mês através do Sebrae.

De acordo com o decreto que implanta o RN Mais Exportação, além de instrumentos para inserção das empresas potiguares no mercado internacional, também foi criado um Comitê Gestor responsável por acompanhar resultados, aprovar planos de trabalho e publicar relatórios anuais de desempenho. O grupo é formado por representantes da Sedec, Sefaz, Sape, Seplan e Sesap.

Para o Sebrae, a iniciativa também é estratégica no contexto de retomada da confiança empresarial. “Isso abre várias oportunidades para as micro e pequenas empresas compreenderem a importância do mercado externo e participarem das ações de diversificação de mercados, no intuito de aumentar a sua carteira de clientes”, afirma o gerente de Negócios, Inovação e Tecnologia do Sebrae-RN, David Gois.

O Sebrae avalia que, apesar do potencial produtivo do estado, muitos empreendedores ainda enfrentam obstáculos, principalmente em razão da falta de conhecimento e a ausência de acompanhamento durante todo o processo de exportação. Para David, o RN Mais Exportação pretende “preencher essa lacuna, oferecendo apoio desde a parte de inteligência até o desenvolvimento de novos mercados, auxiliando também na parte operacional”.

O plano também prevê integração com iniciativas já existentes, como as missões comerciais e técnicas promovidas pela AgroBR (CNA) e pela ApexBrasil, além da criação de indicadores para medir o desempenho das exportações potiguares. Segundo o decreto, o RN Mais Exportação será financiado pelo orçamento geral do Estado, em conjunto com outras receitas decorrentes de parceiras.

PEIEX já atende a 150 empresas no RN

Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio), a nova política se soma às ações do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX RN), executado pelo Senac. O programa federal da ApexBrasil já vem atendendo a 150 empresas e vai chegar a 200 até 2026.

“São ações que irão ampliar o acesso de micro, pequenas e médias empresas ao comércio internacional e promover a diversificação da pauta exportadora, tendo potencial real para fortalecer a participação do RN no comércio exterior”, disse a Fecomércio.

Ainda de acordo com a instituição, os segmentos com maior potencial para internacionalização são serviços de tecnologia da informação (software, automação e segurança digital), turismo de experiência, economia criativa (moda autoral, acessórios sustentáveis e artesanato) e serviços especializados de alto valor agregado (consultoria técnica, audiovisual, marketing e arquitetura).

“Essa visão se alinha às experiências do Senac-RN com o PEIEX RN e ao perfil das empresas já atendidas (têxteis, moda, alimentos e artesanato), e aponta caminhos concretos para diversificar a pauta exportadora”, destaca a federação. “A diversificação, nesse caso, não substitui os setores tradicionais. Ela complementa e fortalece a inserção internacional do estado em mercados cada vez mais competitivos”, conclui.

Tribuna do Norte

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