Política de Estado vai ser executada para impulsionar as empresas que exportam no RN | Foto: Alex Régis
Com o peso do tarifaço
norte-americano impactando os produtos potiguares, o Rio Grande do Norte tenta
reposicionar a economia local no cenário global com o lançamento do RN Mais
Exportação, programa que propõe uma estratégia de longo prazo para diversificar
a pauta exportadora e aumentar o número de empresas potiguares no comércio
exterior, reduzindo a dependência do RN em relação aos EUA. Coordenado pela
Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), a iniciativa quer atingir 100
empresas até setembro de 2026, com foco em capacitação, abertura de mercados e
assessoria técnica.
Segundo o secretário da Sedec, Alan Silveira, o RN Mais Exportação é “política de Estado” que vai ser executada para impulsionar as empresas que exportam no RN. A política foi oficializada por meio de decreto no último dia 10 de outubro. O plano, de acordo com Silveira, inclui etapas de diagnóstico, logística de venda e transporte, capacitação, participação em feiras e missões comerciais.
“Nessa primeira etapa, a meta
é trabalhar 100 empresas; depois que concluir essa fase, será a vez das demais.
Cada empresa vai ter um acompanhamento junto com a Sedec, o Sebrae e a Apex, em
uma perspectiva de quatro a seis meses”, explica o titular da Sedec.
O decreto surge após empresas
potiguares serem afetadas pelas tarifas de exportação impostas pelos Estados
Unidos, fato que reduziu a competitividade de segmentos como o sal e o pescado
do RN, dois dos setores mais atingidos. A Sedec estima que o programa possa
gerar efeitos sobre a geração de empregos e estimular a retomada de empresas
que interromperam suas exportações nos últimos anos, além daquelas que têm
interesse de iniciar esse novo processo.
“O RN Mais Exportação vai
diminuir essa dependência do Rio Grande do Norte em relação aos Estados Unidos.
A nossa meta é trabalhar todas as empresas que exportam, de todas as áreas:
pescado, têxtil, alimentício, sal, balas. Todas as empresas podem participar”,
afirma. A Sedec trabalha com uma base inicial de cerca de 140 empresas
identificadas pela Secretaria da Fazenda (Sefaz). O processo de cadastramento
começou neste mês através do Sebrae.
De acordo com o decreto que
implanta o RN Mais Exportação, além de instrumentos para inserção das empresas
potiguares no mercado internacional, também foi criado um Comitê Gestor
responsável por acompanhar resultados, aprovar planos de trabalho e publicar
relatórios anuais de desempenho. O grupo é formado por representantes da Sedec,
Sefaz, Sape, Seplan e Sesap.
Para o Sebrae, a iniciativa
também é estratégica no contexto de retomada da confiança empresarial. “Isso
abre várias oportunidades para as micro e pequenas empresas compreenderem a
importância do mercado externo e participarem das ações de diversificação de
mercados, no intuito de aumentar a sua carteira de clientes”, afirma o gerente
de Negócios, Inovação e Tecnologia do Sebrae-RN, David Gois.
O Sebrae avalia que, apesar do
potencial produtivo do estado, muitos empreendedores ainda enfrentam
obstáculos, principalmente em razão da falta de conhecimento e a ausência de
acompanhamento durante todo o processo de exportação. Para David, o RN Mais Exportação
pretende “preencher essa lacuna, oferecendo apoio desde a parte de inteligência
até o desenvolvimento de novos mercados, auxiliando também na parte
operacional”.
O plano também prevê
integração com iniciativas já existentes, como as missões comerciais e técnicas
promovidas pela AgroBR (CNA) e pela ApexBrasil, além da criação de indicadores
para medir o desempenho das exportações potiguares. Segundo o decreto, o RN
Mais Exportação será financiado pelo orçamento geral do Estado, em conjunto com
outras receitas decorrentes de parceiras.
PEIEX já atende a 150 empresas
no RN
Para a Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio), a nova política se soma às
ações do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX RN), executado pelo
Senac. O programa federal da ApexBrasil já vem atendendo a 150 empresas e vai
chegar a 200 até 2026.
“São ações que irão ampliar o
acesso de micro, pequenas e médias empresas ao comércio internacional e
promover a diversificação da pauta exportadora, tendo potencial real para
fortalecer a participação do RN no comércio exterior”, disse a Fecomércio.
Ainda de acordo com a
instituição, os segmentos com maior potencial para internacionalização são
serviços de tecnologia da informação (software, automação e segurança digital),
turismo de experiência, economia criativa (moda autoral, acessórios sustentáveis
e artesanato) e serviços especializados de alto valor agregado (consultoria
técnica, audiovisual, marketing e arquitetura).
“Essa visão se alinha às
experiências do Senac-RN com o PEIEX RN e ao perfil das empresas já atendidas
(têxteis, moda, alimentos e artesanato), e aponta caminhos concretos para
diversificar a pauta exportadora”, destaca a federação. “A diversificação, nesse
caso, não substitui os setores tradicionais. Ela complementa e fortalece a
inserção internacional do estado em mercados cada vez mais competitivos”,
conclui.
Tribuna do Norte
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