quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Novas regras do crédito animam construtoras no RN

Os efeitos no mercado local, segundo o Sinduscon-RN, devem surgir primeiro nas vendas e não nos lançamentos | Foto: Adriano Abreu

O novo pacote de medidas do Governo Federal para o crédito imobiliário reacendeu o debate sobre o acesso da classe média à casa própria e trouxe expectativa de aquecimento ao mercado da construção civil no Rio Grande do Norte. O conjunto de alterações amplia o teto dos imóveis financiáveis pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) para R$ 2,25 milhões, restabelece o percentual de financiamento de 80% do valor do imóvel e limita os juros a 12% ao ano. As mudanças já estão em vigor e devem beneficiar principalmente famílias com renda acima de R$ 12 mil, que ficavam fora das condições do programa Minha Casa, Minha Vida.

Com o novo desenho, o governo permitirá que até 100% dos recursos oriundos da poupança sejam aplicados em crédito imobiliário, quando antes apenas 65% eram obrigatórios. A expectativa é ampliar a oferta de crédito no sistema bancário e destravar operações paradas desde o fim de 2023, quando a elevação dos custos da construção e os juros altos encareceram a aquisição de imóveis.

No Rio Grande do Norte, o setor recebeu o anúncio como um sinal de retomada, ainda que com ressalvas: “Toda nova medida que traga melhorias nas condições de financiamento dos imóveis é positiva para o setor, muito embora essas medidas estejam acontecendo com bastante atraso, considerando que o limite de financiamento pelo SFH estava congelado em R$ 1,5 milhão desde outubro de 2018”, avalia Francisco Ramos, vice-presidente de Mercado Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon-RN).

Francisco Ramos observa que, desde 2018, o custo da construção acumulou alta de 64,09% até setembro de 2025. Por isso, para recuperar as mesmas condições de financiamento existentes naquele período, o teto do SFH precisaria ser reajustado para aproximadamente R$ 2,45 milhões, acima dos R$ 2,25 milhões definidos pela nova regra. Ainda assim, ele avalia que a atualização representa um avanço relevante diante da defasagem anterior.

“Acho que a medida mais relevante é o aumento do teto para financiamento pelo SFH, embora a elevação do limite de financiamento para até 80% do valor de avaliação do imóvel também seja importante, mas apenas recuperou uma condição que já havia no mercado por longos anos e que tinha sido reduzida anteriormente. Quanto à taxa de juros limitada a 12% ao ano mais TR, essa já era a regra aplicada aos imóveis que se enquadrassem dentro do SFH. Essa mesma condição foi mantida. Agora, pode ser aplicada aos imóveis de valor até R$ 2,25 milhões”, detalha.

Os efeitos no mercado local, segundo Ramos, devem surgir primeiro nas vendas e não nos lançamentos. A ampliação do limite financiável tende a reduzir o valor de entrada exigido pelos bancos, abrindo espaço para que mais famílias possam negociar imóveis de padrão intermediário. “O aumento do limite de financiamento, de 70% para 80%, deve estimular as vendas de imóveis, uma vez que as necessidades de recursos financeiros próprios para dar a entrada no imóvel será menor, dando condições para que mais pessoas possam adquirir seu imóvel”, avalia.

Em Natal, segundo o Sinduscon-RN, a valorização de terrenos e insumos fez com que boa parte dos empreendimentos lançados nos últimos anos ultrapassasse o limite de R$ 1,5 milhão, o que obrigava o comprador a recorrer a linhas de financiamento mais caras e sem possibilidade de uso do FGTS. A nova regra corrige parcialmente essa distorção e devolve competitividade ao segmento.

Além do foco na classe média, o governo também anunciou uma nova linha de crédito voltada à reforma de moradias populares, com valores entre R$ 5 mil e R$ 30 mil e juros reduzidos. A medida complementa o pacote habitacional e busca atender famílias de baixa renda dentro do programa Minha Casa, Minha Vida.

Tribuna do Norte

Nenhum comentário:

Postar um comentário