Formação gratuita na Vicunha Têxtil une teoria e prática| Foto: Magnus Nascimento
Osetor têxtil potiguar ganha
mais um reforço na qualificação de mão de obra. Começou na segunda-feira (20),
na Vicunha Têxtil, em Natal, a segunda turma do curso gratuito de Tecelão do
Tecido Plano, parte do projeto “Tecendo Caminhos” — uma iniciativa do SIFT-RN,
FIERN e SENAI-RN. Com 160 horas de duração, a formação vai capacitar 20 alunos
selecionados, preparando-os para atuar em uma das áreas com maior carência de
profissionais qualificados no Rio Grande do Norte.
Vinte participantes foram selecionados para participar de uma formação que combina conteúdo teórico e prática profissional, com o objetivo de atender às demandas da indústria têxtil no RN. A iniciativa tem como objetivo não apenas suprir a falta de mão de obra qualificada no setor, mas também incentivar a empregabilidade.
Conforme Helane Cruz, presidente do Sindicato Patronal Fiação e Tecelagem do RN
(SIFT) , o setor têxtil enfrenta um déficit significativo de mão de obra
qualificada, principalmente devido à falta de capacitação adequada dos
trabalhadores: “É uma demanda pulsante. Atualmente, não existem escolas
profissionalizantes específicas para a indústria têxtil, porque o maquinário é
muito caro. Por isso, enfrentamos esse déficit. Foi então que a Vicunha se
disponibilizou, abriu as portas, e conseguimos estabelecer uma parceria com o
SENAI”, explicou Helane Cruz.
A Vicunha é uma indústria de grande relevância para o estado e enfrenta a
necessidade constante de mão de obra qualificada. O gestor industrial da
empresa, Sérgio Albuquerque, destaca que busca em seus colaboradores duas
qualidades essenciais: “primeiro, o conhecimento técnico sobre o processo; em
segundo, o domínio do maquinário, que é bastante específico. Atualmente,
operamos com maquinário de ponta, mas já existem equipamentos similares em
outras indústrias e setores do estado, o que abre oportunidades para que esses
profissionais atuem também em outras áreas. Eu vejo essa capacitação como um
investimento para o futuro”.
Durante a formação, os alunos terão a oportunidade de manusear, na prática, os
equipamentos industriais da Vicunha. A empresa, que atualmente enfrenta uma
alta demanda por trabalhadores qualificados, planeja novos investimentos para
atender às necessidades do setor. “Hoje, a Vicunha necessita desenvolver novos
tecidos, tecidos mais aprimorados que acompanhem as tendências da moda, e isso
nunca vai parar. É uma necessidade constante, e estamos sempre alinhados com a
demanda do mercado”, revela o gestor.
O projeto “Tecendo Caminhos” é aberto a homens e mulheres com Ensino médio
completo e idade mínima de 18 anos, que possam dedicar-se integralmente às
aulas em turno integral, totalizando oito horas diárias, exigindo muita
dedicação e foco.
Muitos alunos chegam ao curso sem conhecimento prévio da área. “O curso de
qualificação desenvolve uma ocupação específica. Mesmo quem não tem experiência
anterior sai daqui preparado para exercer a profissão de tecelão”, explica
Amora Vieira, diretora dos Centros de Educação e Tecnologias do SENAI.
Entre os alunos da turma está a costureira Fátima Bernardes, que não tinha
experiência na indústria têxtil e se inscreveu no projeto em busca de
qualificação. “Eu vim para aprender e também para ser classificada. No fim do
curso haverá uma seleção, e eu espero conquistar uma vaga de emprego. Quero
sair daqui como uma profissional”, afirmou, com orgulho. Ela já fez outros
cursos de costura para trabalhar como autônoma.
Após a certificação, os alunos passam a integrar um banco de talentos utilizado
por grandes empresas do setor, como a Vicunha. Quando há demanda por novos
profissionais, essas indústrias solicitam ao SENAI indicações de candidatos
qualificados, e os formandos são encaminhados para processos seletivos nas
empresas parceiras.
“Existem diversas oportunidades para os ex-alunos do SENAI formados na área
têxtil. Eles começam hoje uma jornada que une teoria e prática, aqui mesmo, nas
instalações da Vicunha, com o suporte dos instrutores e da equipe pedagógica do
SENAI”, destaca a diretora.
Helane Cruz reforça que o maior desafio atualmente é a qualificação técnica da
mão de obra no estado. “Acredito que o principal desafio é a formação técnica.
Por isso, estamos investindo na capacitação de profissionais e queremos ampliar
a participação das mulheres no nosso segmento, que abrange desde a chegada do
algodão até a produção do tecido bruto”, disse a presidente do sindicato.
Ela destaca a concorrência de mão de obra com outros setores da indústria:
“Disputamos talentos com o setor eólico, que está crescendo na região”.
Com o avanço da tecnologia, a forma de trabalhar com tecidos está em constante
transformação, o que aumenta ainda mais a necessidade de qualificação: “Hoje, o
segmento têxtil enfrenta um desafio global diante do avanço tecnológico, mas a
mão de obra nunca será dispensada. Pelo contrário, quanto maior a qualificação
dessa mão de obra — incorporando novas tecnologias, informatização e até o uso
de inteligências artificiais —, mais essencial se torna a preparação desses
profissionais. E esse projeto reúne exatamente esses elementos.”
Tribuna do Norte

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