terça-feira, 21 de outubro de 2025

Indústria têxtil ganha reforço com curso de qualificação promovido por Fiern e Senai-RN

Formação gratuita na Vicunha Têxtil une teoria e prática| Foto: Magnus Nascimento

Osetor têxtil potiguar ganha mais um reforço na qualificação de mão de obra. Começou na segunda-feira (20), na Vicunha Têxtil, em Natal, a segunda turma do curso gratuito de Tecelão do Tecido Plano, parte do projeto “Tecendo Caminhos” — uma iniciativa do SIFT-RN, FIERN e SENAI-RN. Com 160 horas de duração, a formação vai capacitar 20 alunos selecionados, preparando-os para atuar em uma das áreas com maior carência de profissionais qualificados no Rio Grande do Norte.

Vinte participantes foram selecionados para participar de uma formação que combina conteúdo teórico e prática profissional, com o objetivo de atender às demandas da indústria têxtil no RN. A iniciativa tem como objetivo não apenas suprir a falta de mão de obra qualificada no setor, mas também incentivar a empregabilidade.

Conforme Helane Cruz, presidente do Sindicato Patronal Fiação e Tecelagem do RN (SIFT) , o setor têxtil enfrenta um déficit significativo de mão de obra qualificada, principalmente devido à falta de capacitação adequada dos trabalhadores:  “É uma demanda pulsante. Atualmente, não existem escolas profissionalizantes específicas para a indústria têxtil, porque o maquinário é muito caro. Por isso, enfrentamos esse déficit. Foi então que a Vicunha se disponibilizou, abriu as portas, e conseguimos estabelecer uma parceria com o SENAI”, explicou Helane Cruz.

A Vicunha é uma indústria de grande relevância para o estado e enfrenta a necessidade constante de mão de obra qualificada. O gestor industrial da empresa, Sérgio Albuquerque, destaca que busca em seus colaboradores duas qualidades essenciais: “primeiro, o conhecimento técnico sobre o processo; em segundo, o domínio do maquinário, que é bastante específico. Atualmente, operamos com maquinário de ponta, mas já existem equipamentos similares em outras indústrias e setores do estado, o que abre oportunidades para que esses profissionais atuem também em outras áreas. Eu vejo essa capacitação como um investimento para o futuro”.

Durante a formação, os alunos terão a oportunidade de manusear, na prática, os equipamentos industriais da Vicunha. A empresa, que atualmente enfrenta uma alta demanda por trabalhadores qualificados, planeja novos investimentos para atender às necessidades do setor. “Hoje, a Vicunha necessita desenvolver novos tecidos, tecidos mais aprimorados que acompanhem as tendências da moda, e isso nunca vai parar. É uma necessidade constante, e estamos sempre alinhados com a demanda do mercado”, revela o gestor.

O projeto “Tecendo Caminhos” é aberto a homens e mulheres com Ensino médio completo e idade mínima de 18 anos, que possam dedicar-se integralmente às aulas em turno integral, totalizando oito horas diárias, exigindo muita dedicação e foco.

Muitos alunos chegam ao curso sem conhecimento prévio da área. “O curso de qualificação desenvolve uma ocupação específica. Mesmo quem não tem experiência anterior sai daqui preparado para exercer a profissão de tecelão”, explica Amora Vieira, diretora dos Centros de Educação e Tecnologias do SENAI.

Entre os alunos da turma está a costureira Fátima Bernardes, que não tinha experiência na indústria têxtil e se inscreveu no projeto em busca de qualificação. “Eu vim para aprender e também para ser classificada. No fim do curso haverá uma seleção, e eu espero conquistar uma vaga de emprego. Quero sair daqui como uma profissional”, afirmou, com orgulho. Ela já fez outros cursos de costura para trabalhar como autônoma.

Após a certificação, os alunos passam a integrar um banco de talentos utilizado por grandes empresas do setor, como a Vicunha. Quando há demanda por novos profissionais, essas indústrias solicitam ao SENAI indicações de candidatos qualificados, e os formandos são encaminhados para processos seletivos nas empresas parceiras.

“Existem diversas oportunidades para os ex-alunos do SENAI formados na área têxtil. Eles começam hoje uma jornada que une teoria e prática, aqui mesmo, nas instalações da Vicunha, com o suporte dos instrutores e da equipe pedagógica do SENAI”, destaca a diretora.

Helane Cruz reforça que o maior desafio atualmente é a qualificação técnica da mão de obra no estado. “Acredito que o principal desafio é a formação técnica. Por isso, estamos investindo na capacitação de profissionais e queremos ampliar a participação das mulheres no nosso segmento, que abrange desde a chegada do algodão até a produção do tecido bruto”, disse a presidente do sindicato.

Ela destaca a concorrência de mão de obra com outros setores da indústria: “Disputamos talentos com o setor eólico, que está crescendo na região”.

Com o avanço da tecnologia, a forma de trabalhar com tecidos está em constante transformação, o que aumenta ainda mais a necessidade de qualificação: “Hoje, o segmento têxtil enfrenta um desafio global diante do avanço tecnológico, mas a mão de obra nunca será dispensada. Pelo contrário, quanto maior a qualificação dessa mão de obra — incorporando novas tecnologias, informatização e até o uso de inteligências artificiais —, mais essencial se torna a preparação desses profissionais. E esse projeto reúne exatamente esses elementos.”

Tribuna do Norte

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