Após participar do
programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de
Comunicação (EBC), Silveira disse ainda à Agência Brasil que o termo
“apagão” sempre foi usado para referir-se tecnicamente a problemas de geração,
como ocorreu em 2001, época em que o Brasil dependia bastante da energia gerada
pelas hidrelétricas e passava por uma crise hídrica por escassez de chuvas que
baixou perigosamente o nível de água das usinas.
Aliado a isso, o país também
passava por aumento no consumo de energia. Assim, para evitar o colapso do
sistema de geração, o governo foi obrigado a adotar medidas de racionamento que
duraram de junho de 2001 a março de 2002.
“Não é o caso agora”, garantiu
Silveira.
Sistema interligado
Na época, como o sistema ainda
não estava interligado, era comum situações de regiões que geravam muita
energia, mas, por falta de conexão entre as linhas do sistema, não tinham
condições de disponibilizar essa energia para outras regiões, onde os reservatórios
estavam vazios.
Com a expansão da rede e a
interligação do sistema, isso mudou, e a energia gerada a partir das usinas
hidrelétricas que, graças às chuvas, tinham seus reservatórios cheios, passou a
ser disponibilizada ao restante do país – em especial às regiões onde a seca
acabava por esvaziar os reservatórios de outras hidrelétricas.
Alexandre Silveira lembrou
que, em 2021, o país passou por uma situação similar, mas, no caso, foi por
“falta de planejamento”.
Naquele ano, com a baixa dos
reservatórios do país como um todo, a geração de energia a partir da matriz
hidrelétrica foi sensivelmente prejudicada. Segundo o ministro, faltou, naquele
ano, planejamento no sentido de garantir o atendimento à demanda a partir de
usinas térmicas.
“Hoje, com o sistema
interligado e [a ampliação e a contratação de] usinas térmicas, o Brasil não
corre nenhum risco energético”, garantiu o ministro à Agência Brasil.
Apagão
Nesse sentido, ele reiterou
que o termo correto para a falta de energia ocorrida hoje em vários estados não
é, do ponto de vista técnico, “apagão”, ainda que este termo seja utilizado de
forma coloquial.
“Apagão é um termo que se
popularizou até por motivações políticas”, afirmou o ministro.
“Tecnicamente, ele se refere à
‘falta de capacidade de geração’ [para a demanda do país]. O que aconteceu foi
uma interrupção pontual e momentânea do fornecimento por problema de origem
técnica no sistema”, acrescentou ao lembrar que o problema durou “apenas” cerca
de 1h30min.
ONS
O Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) informou que à 0h32 desta terça-feira uma ocorrência no Sistema
Interligado Nacional (SIN) provocou a interrupção de cerca de 10 gigwatts (GW)
de carga, afetando os quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e
Norte.
Em nota, o ONS detalhou que
a ocorrência teve início com um incêndio em um reator na
Subestação de Bateias, no Paraná, desligando toda a subestação de 500
kilovolts (kV) e ocasionando a abertura da interligação entre as duas regiões.
“No momento, a Região Sul exportava cerca de 5.000 MW para o
Sudeste/Centro-Oeste”.
Normalidade
Segundo o ministro, o
incidente na linha de transmissão afetou uma subestação fundamental à segurança
energética do país. “Quando você tem uma perda de grande porte como essa, de 10
GW, em um momento em que o consumo estava em 72 GW, automaticamente, o sistema
para”, explicou o ministro.
“E para que ele não caia no
todo, vai interrompendo programadamente, de forma automática, parte de cada
estado, até chegar à necessidade máxima necessária, diminuindo o impacto dos 10
GW, de forma a restabelecer [o fornecimento de energia] de forma programada.
Foi isso o que aconteceu. Tudo dentro da normalidade do restabelecimento”,
complementou Silveira.
Agência Brasil
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