Para ter dimensão do feito
brasileiro, esta é somente a segunda vez que a China não fica no topo do quadro
de medalhas do Mundial de Atletismo Paralímpico. A última ocasião foi há 12
anos, quando a Rússia ficou em primeiro na edição de Lyon, na França.
O Brasil vinha batendo na
trave nas últimas três edições, ficando em segundo lugar no quadro. Em Dubai,
nos Emirados Árabes Unidos, há seis anos, foram 39 medalhas e 14 ouros, contra
59 pódios (25 no topo) da China. No Mundial de 2023, disputado em Paris, na
França, os brasileiros conquistaram 47 medalhas e repetiram os 14 ouros,
ficando a dois dos chineses. Já no do ano passado, em Kobe, no Japão, apesar do
recorde de 19 láureas douradas (42 pódios no total), a delegação sul-americana
ficou bem distante dos chineses (87 medalhas, 33 ouros).
O domingo começou dourado para
o Brasil graças a Zileide Cassiano, que conquistou ouro no salto em distância
da classe T20 (deficiência intelectual). A campeã repetiu o resultado do
Mundial de Kobe e retomou o posto de protagonista da prova, superando Karolina
Kucharczyk, ouro na Paralimpíada de Paris – a polonesa, desta vez, foi bronze.
O segundo topo de pódio do
Brasil no dia veio acompanhado de uma marca histórica de Jerusa Geber. Ao
vencer os 200 metros da classe T11 (cego total), a velocista chegou à 13ª
medalha dela em Mundiais, isolando-se como brasileira mais laureada no evento, superando
outro ícone do atletismo paralímpico do país, Terezinha Guilhermina. Na mesma
prova, Thalita Simplício foi bronze.
“Dois objetivos concluídos com
sucesso: o tetra nos 100 metros e sair daqui como a atleta com maior número de
medalhas em Mundiais. Cheguei e estou saindo sem dor, sem lesão. É claro que
quero [ir para a Paralimpíada de Los Angeles, nos Estados Unidos, em 2028].
Quero o penta, [depois] o hexa [nos Mundiais], quero tudo. Até onde aguentar,
eu quero ir”, disse Jerusa, de 43 anos, em depoimento ao Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB).
Nos 200 metros da classe T2
(baixa visão), Clara Daniele, estreante em Mundiais, inicialmente foi prata. No
entanto, o CPB entrou com protesto contra a venezuelana Alejandra Lopez,
ganhadora da prova, alegando que o atleta-guia a teria puxado antes de cruzar a
linha de chegada – o que é proibido. A arbitragem acatou a reclamação do
Brasil, e Clara herdou o ouro, terceiro do país no dia.
O Brasil ainda obteve mais
duas medalhas no último dia em Nova Déli. Nos 200 metros da classe T47
(amputação em um dos braços, abaixo ou ao nível do cotovelo ou punho), Maria
Clara Augusto foi prata e chegou ao terceiro pódio dela na Índia, um recorde entre
os brasileiros neste Mundial. Já no arremesso de peso para atletas com
deficiência de membros inferiores, que reuniu as classes F42 (sem prótese) e
F63 (com prótese), Edenilson Floriani levou o bronze e quebrou seu próprio
recorde das Américas.
Também neste domingo, Thiago
Paulino teve confirmada a medalha de prata do arremesso de peso da classe F57
(atletas com deficiência de membro inferior, que competem sentados), disputada
no sábado (4). O brasileiro teve a tentativa que lhe garantiu o pódio
considerada irregular por um dos adversários, o finlandês Teijo Koopikka. Após
protesto do CPB, o resultado foi mantido.

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