No entanto, destacou Pavel,
esse reajuste no preço do café “não deve ser superior à média do ano”.
O diretor-executivo da Abic,
Celírio Inácio da Silva, adiantou que esse novo preço já foi comunicado ao
varejo no início deste mês. “Mas, como o varejo só foi às compras agora, a
partir do dia 15, então, a gente acredita que, a partir da semana que vem ou no
início do mês, esses preços já estejam nas prateleiras, com repasse de 10% ou
15%”, previu.
Retração
A associação de produtores
informa que a alta dos preços do café observada em 2025 causou uma
retração no consumo do produto no mercado brasileiro. Segundo os
dados que foram divulgados hoje pela Abic, houve queda de 5,41% nas vendas de
café no mercado brasileiro, entre os meses de janeiro e agosto deste ano, na
comparação com o mesmo período do ano passado. Em números absolutos, as
vendas caíram de 10,11 milhões de sacas para 9,56 milhões de sacas neste ano.
A Abic reconhece que
a alta nos preços foi bem expressiva, fazendo com que alguns tipos de
café, como o solúvel, acumulassem aumentos de até 50,59%.
Apesar dessa volatilidade nos
preços e também da retração no consumo, a Abic espera fechar este ano de 2025
com patamar semelhante ao do ano anterior.
“Os dados de setembro nos
levam a crer que teremos um comportamento surpreendente ainda este ano, para o
próximo fechamento. Este é um sentimento ainda incipiente, com base em números
de setembro, já que estamos quase fechando o mês, mas é um indicativo de que
possivelmente teremos boas notícias em relação ao consumo no fechamento do
ano”, projetou Cardoso.
Tarifaço
Segundo Pavel, a indústria
brasileira de café também vive incertezas a respeito das sobretaxas às
exportações do grão para os Estados Unidos. O Brasil, ressaltou ele, é
hoje o maior fornecedor de café aos norte-americanos, que
aumentaram as tarifas contra produtos brasileiros, como forma de pressão
contra o
julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de
Estado.
“A ordem executiva [do governo
dos Estados Unidos], publicada no dia 6 de setembro, indica que os Estados
Unidos concluíram e ouviram o mercado de que o café, não sendo lá produzido,
não terá tarifas. Essa leitura ainda não nos dá clareza se voltará a zero [de
tarifa] ou se continuará com 10%. A leitura que nós fizemos é que não terá
tarifas, porque os Estados Unidos não produzem café. Tem apenas uma produção
muito incipiente, no Havaí e em Porto Rico, mas quase nada”, falou o presidente
da entidade.
Além dessa ordem executiva, o
setor avaliou como positiva a
possibilidade de ocorrer uma reunião entres os presidentes do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana.
“Vamos conferir o encontro que haverá entre os dois presidentes na próxima
semana, mas isso revela como o café e também o complexo de carnes é sensível em
relação à inflação americana”, ressaltou.
Queda de preços
Um estudo divulgado também
nesta quarta-feira (24) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da
Universidade de São Paulo (USP), apontou que, entre os dias 15 e 22 de setembro,
o preço do café arábica tipo 6, caiu 10,2% em São Paulo, enquanto o do café
robusta recuou 11,1%.
Segundo o Indicador
Cepea/Esalq, essa redução do preço foi resultado “da expectativa de chuvas mais
expressivas nas regiões produtoras do Brasil, da realização de lucros e da
liquidação de posições de compra na Bolsa de Nova York (ICE Futures), após fortes
altas, além da possibilidade de que as tarifas dos Estados Unidos sobre o café
sejam retiradas”.
Agência Brasil
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