A inédita condenação de um
ex-presidente da República por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta
do Estado Democrático de Direito está repercutindo na imprensa internacional. O
jornal The New York Times, dos Estados Unidos, estampa a notícia
na página principal de sua edição online: "Maioria dos ministros
votantes afirmou que planeja votar para condenar o ex-presidente brasileiro por
tentar se manter no poder. O veredito final pode sair na quinta-feira",
escreve o periódico.
O jornal inglês The Guardian também destaca na página principal
o resultado da condenação do ex-presidente brasileiro. "Suprema Corte
considera Bolsonaro culpado de conspiração para golpe militar. Ex-presidente
enfrenta pena de décadas de prisão por tentar se agarrar ao poder à força após
perder a eleição de 2022".
O francês Le Monde também relata, em sua edição online,
o voto decisivo da ministra Carmen Lúcia, ao noticiar a formação da maioria.
"Acusado de ser líder de uma 'organização criminosa' que conspirou para
garantir sua 'manutenção autoritária no poder', apesar da derrota para o atual
presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2022, Jair
Bolsonaro afirma ser inocente", diz um trecho da matéria. Outro jornal
norte-americano a dar destaque à condenação é o The Washington Post, em matéria publicada na capa de sua
versão digital.
O jornal El País, um dos maiores diários em
língua espanhola do planeta, estampa com destaque a decisão do STF.
"Brasil dá um passo transcendental contra a impunidade", ao mencionar
que o "ultradireitista Jair Messias Bolsonaro, capitão reformado do Exército,
de 70 anos, foi condenado em Brasília por liderar uma conspiração golpista para
não entregar o poder".
Na Argentina, o Clarín escreve que o líder de "extrema-direita
pode enfrentar mais de 40 anos de prisão" após a condenação. O
argentino Página 12 também cita o resultado do julgamento pela
condenação. A agência de notícias Reuters e o The Wall Sreet Journal também
destacam a condenação de Bolsonaro pelo STF, em matérias publicadas nas suas
edições online.
No Oriente Médio, a rede Al-Jazeera também dá destaque à condenação de
Bolsonaro e seus aliados.
Além de Bolsonaro, estão
condenados Alexandre Ramagem, Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sergio
Nogueira, Anderson Torres, Mauro Cid e Almir Garnier. Os votos pela
condenação foram dados pela prática de crimes de organização criminosa
armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe
de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio
tombado.
A exceção é Alexandre
Ramagem, que foi condenado somente pelos crimes de organização criminosa
armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe
de Estado. Deputado federal em exercício, ele foi beneficiado com a suspensão
de parte das acusações e respondia somente a três dos cinco crimes imputados
pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O tempo de pena dos réus ainda
não foi anunciado e será definido somente ao final dos votos dos cinco
ministros, quando é feita a chamada dosimetria. As penas podem chegar a 30
anos de prisão em regime fechado.
O único voto divergente até agora foi proferido pelo
ministro Luiz Fux, que concluiu pela absolvição de Bolsonaro, Ramagem, Augusto
Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres e Almir Garnier de todos os
crimes. E pela condenação de Mauro Cid e Braga Netto somente pelo crime de
abolição do Estado Democrático de Direito.
Agência Brasil
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