O economista Thales Penha,
professor da UFRN, confirma que a retração na agricultura é natural e está
associado ao fim da safra da fruticultura irrigada. Entre os municípios com
maior concentração dessa produção estão Mossoró, Baraúnas e Apodi.
Entre setembro a outubro do ano passado, lembra o especialista, ocorreu uma
elevação nas contratações, puxada pelo momento de safra. Isso porque, no
período final do ano – além dos dois primeiros meses – acontecem as exportações
de produtos como melão, melancia, manga e goiaba.
“Quando chega março, a janela internacional se fecha e as empresas demitem
esses produtores justamente porque vão diminuir a quantidade produzida, ou até
praticamente zerar, voltando a contratar no final de agosto ou setembro. Isso é
um movimento sazonal que acontece na economia do RN. Se formos analisar, há
picos de contratação em setembro e de demissões em março ”, explica Thales
Penha.
No total, de acordo com o Caged, o RN registrou 20.418 admissões contra 22.336
desligamentos no estado, o que representa uma variação relativa de -0,36% no
estoque de empregos formais. No acumulado de 2025, o estado manteve um leve
saldo positivo de 399 empregos formais.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira,
reitera que a retração na agropecuária já era esperada e as contrações devem
retornar entre julho e agosto. “Esse movimento da taxa de desemprego nesse
período é fruto da entressafra. Como nós saímos da safra da fruticultura e da
cana, então esse desligamento é um movimento normal que acontece anualmente”,
comenta Vieira.
O titular da Sedec-RN, Silvio Torquato, traz uma análise semelhante. “Esse é um
período neutro na agricultura, entre o plantio e a colheita. Entre janeiro e
dezembro, houve o término da colheita e do movimento das exportações. Agora, há
um período neutro, de março para abril, das plantações tanto de cana de açúcar
quanto na fruticultura. São momentos pontuais”, esclarece.
Em relação ao saldo negativo apresentado pela indústria, com retração de 605
postos de trabalho, o secretário explica que há um aumento de contratações no
verão, principalmente, nos setores alimentício e de confecção. Após esse
período de alta estação, assim como no segmento da agropecuária, há uma queda
nos empregos. “Não é nada que nos deixe apavorado, tá tudo dentro da
normalidade. O RN tem tido um crescimento muito forte e todos os setores estão
crescendo”, completa o secretário.
De acordo com a Federação das Indústrias do RN (Fiern), o desempenho industrial
negativo foi influenciado por dois segmentos: a produção de derivados de
petróleo (-286 empregos formais) e a fabricação e refino de açúcar (-434).
“Este comportamento está diretamente associado à queda na atividade produtiva
observada nos últimos meses. De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa
Industrial Mensal, referentes a fevereiro de 2025, a produção industrial do RN
apresentou retração de -29,8% em relação ao mesmo mês de 2024 e de -23,6% na
comparação com janeiro de 2025. Essa redução no volume de produção impacta
diretamente a demanda por mão de obra, justificando o desempenho negativo do
setor no Novo Caged”, explicou a Fiern em relação ao desempenho na produção de
derivados de petróleo.
Quanto à queda no setor de fabricação e refino de açúcar, a federação disse que
“este é um comportamento sazonal esperado, recorrente no período, que afeta não
apenas o setor sucroenergético, mas também diversas atividades agroindustriais
e agropecuárias, reduzindo temporariamente o nível de ocupação”.
Para abril, a expectativa da Fiern é de melhora no saldo de empregos.
“Tradicionalmente, após a retração verificada em março, ocorre uma recuperação
gradual nas admissões, superando os desligamentos em alguns segmentos”,
comentou a Fiern.
Tribuna do Norte

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