Em junho do ano passado, o
indicador superou pela primeira vez a barreira de R$ 7 trilhões. Mesmo com a
alta em março, a DPF continua abaixo do previsto. De acordo com o Plano Anual
de Financiamento (PAF), apresentado no início de fevereiro, o estoque da DPF deve encerrar 2025 entre R$ 8,1
trilhões e R$ 8,5 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária
(em títulos) interna (DPMFi) subiu 0,29%, passando de R$ 7,178 trilhões em
fevereiro para R$ 7,199 trilhões em março. No mês passado, o Tesouro resgatou
R$ 52,99 bilhões em títulos a mais do que emitiu, principalmente em papéis
atrelados à Taxa Selic (juros básicos da economia). No entanto, a redução do
estoque de títulos foi compensada pela apropriação de R$ 74,09 bilhões em
juros.
Por meio da apropriação de
juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os
títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a Taxa Selic
(juros básicos da economia) em 14,25% ao ano, a apropriação de juros pressiona
o endividamento do governo.
No mês passado, o Tesouro
emitiu R$ 133,112 bilhões em títulos da DPMFi. Com o alto volume de vencimentos
em março de títulos corrigidos pela Selic, os resgates somaram R$ 186,102
bilhões.
A Dívida Pública Federal
externa (DPFe) caiu 1,53%, passando de R$ 314,34 bilhões em fevereiro para R$
309,54 bilhões em março. O principal fator foi a queda de 1,53% do dólar no mês
passado.
Colchão
Após uma recuperação em
fevereiro, o colchão da dívida pública (reserva financeira usada em momentos de
turbulência ou de forte concentração de vencimentos) caiu levemente. Essa
reserva passou de R$ 889 bilhões em fevereiro para R$ 869 bilhões no mês passado.
O principal motivo, segundo o Tesouro Nacional, foi o forte resgate líquido
(resgate menos emissões) no mês passado.
Atualmente, o colchão cobre
6,72 meses de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está
previsto o vencimento de R$ 1,404 trilhão em títulos federais.
Composição
Com o forte vencimento de
títulos corrigidos pelos juros básicos, a composição da DPF mudou. A proporção
dos papéis atrelados à Selic caiu de 47,77% em fevereiro para 46,38% em março.
O PAF prevê que o indicador feche 2025 entre 48% e 52%. Esse papel está
atraindo o interesse dos compradores por causa das recentes altas da Taxa
Selic.
A fatia dos papéis prefixados
(com rendimento definido no momento da emissão) subiu de 20,54% em fevereiro
para 21,51%% em março. O PAF prevê que o indicador feche 2025 entre 19% e 23%.
Normalmente, os papéis
prefixados indicam mais previsibilidade para a dívida pública, porque as taxas
são definidas com antecedência. No entanto, em momentos de instabilidade no
mercado financeiro, as emissões caem porque os investidores pedem juros muito
altos, que comprometeriam a administração da dívida do governo.
A fatia de títulos corrigidos
pela inflação na DPF subiu, passando de 27,51% para 28,01%. O PAF prevê que os
títulos vinculados à inflação encerrarão o ano entre 24% e 28%.
Composto por antigos títulos
da dívida interna corrigidos em dólar e pela dívida externa, o peso do câmbio
na dívida pública passou de 4,18% para 4,11%. A dívida pública vinculada ao
câmbio está dentro dos limites estabelecidos pelo PAF para o fim de 2025, entre
3% e 7%.
Prazo
O prazo médio da DPF subiu de
4,08 para 4,12 anos. O Tesouro só fornece a estimativa em anos, não em meses.
Esse é o intervalo médio em que o governo leva para renovar (refinanciar) a
dívida pública. Prazos maiores indicam mais confiança dos investidores na
capacidade do governo de honrar os compromissos.
Detentores
As instituições financeiras
seguem como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 30,5%
de participação no estoque. Os fundos de pensão, com 24,1%, e os fundos de
investimento, com 21,5%, aparecem em seguida na lista de detentores da dívida.
Com o aumento da instabilidade
no mercado externo, a participação dos não residentes (estrangeiros) caiu de
9,7% em fevereiro para 9,6% em março. Em novembro, o percentual estava em 11,2%
e tinha atingido o maior nível desde fevereiro de 2018, quando a fatia dos
estrangeiros na dívida pública estava em 11,2%. Os demais grupos somam 14,3% de
participação.
Por meio da dívida pública, o
governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos
financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos depois de alguns
anos, com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da
economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).
Agência Brasil

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