O levantamento, feito a cada
dois anos, revela que o número de pessoas com diabetes aumentou de tal maneira
que superou, proporcionalmente, a expansão da população global. Segundo afirmou
à Agência Brasil a presidente da
Sociedade Brasileira de Diabetes - Regional do Rio de
Janeiro (SBD-RJ), endocrinologista Rosane Kupfer, o diabetes está em
evolução crescente “e não foi contido, até agora, por nenhuma tomada de ação,
de decisão, em relação à doença”.
Para a médica, isso significa
que continua havendo falta de divulgação, de informação, de acesso ao
conhecimento, ao diagnóstico e a um tratamento de qualidade. Rosane ressaltou
que além da covid-19, outras doenças têm matado muito em todo o mundo. Uma
delas é o diabetes. O Atlas do IDF diz que, só neste ano, 6,7 milhões de
pessoas morreram em decorrência da doença.
A presidente da SBD-RJ
informou que a proporção de pessoas com diabetes, que era de uma a cada 11,
caiu agora para uma a cada dez pessoas. “E grande parte delas está em países de
baixa renda”. O Atlas do Diabetes indica que 81% dos adultos com a
doença vivem em países em desenvolvimento. Na América Latina e América Central,
estima-se que o número de diabéticos alcance 32 milhões.
Causas
No próximo domingo(14),
quando se comemora o Dia Mundial do Diabetes, Rosane Kupfer alertou que as
causas da doença são diversas. “A falta de acesso, as péssimas escolhas
alimentares que o mundo está fazendo, principalmente esse estilo de vida
ocidental, onde se vê que está crescendo muito a obesidade, muita gente com sobrepeso,
muita gente com pré-diabetes, que é uma categoria de altíssimo risco para ficar
diabética”.
Pessoas que não têm nenhum
fator de risco devem fazer uma glicemia anual após os 45 anos. “Tem que fazer
exame de sangue porque diabetes é uma doença que não apresenta sintomas,
pelo menos no início. Isso não quer dizer que ela não esteja fazendo mal por
dentro (do organismo)”. As pessoas que fazem exames de rotina todo ano percebem
quando ocorre aumento da glicose e se preocupam, salientou. O problema, disse Rosane,
são as pessoas que não se cuidam, não fazem exame para verificar se são
diabéticas. Alertou que indivíduos com alto risco para diabetes, que têm casos
da doença na família, que são hipertensos, que têm sobrepeso ou obesidade, e
mulheres que tiveram diabetes na gestação, devem fazer exame anual acima dos 35
anos de idade.
Por essas razões, Rosane
Kupfer analisou que não se pode mais restringir a mobilização de combate à
doença ao mês de novembro e ao Dia Mundial do Diabetes. Ela acredita
que é preciso ampliar as ações, mobilizar a sociedade e fazer campanhas fora de
época, além de cobrar por mais políticas públicas que garantam o acesso à saúde
e a um tratamento de qualidade. O tema da campanha de conscientização deste ano
sobre a doença é “Acesso ao cuidado para o Diabetes”.
Segundo
a presidente da SBD-RJ, o diabetes não tem cura. “Por isso é
tão importante fazer o diagnóstico precoce. Quanto mais precoce o diagnóstico e
o controle, menos problemas a pessoa vai ter”. As consequências de um
diabetes mal controlado incluem problemas cardiovasculares, principal causa de
mortalidade na doença; problemas na retina, podendo levar até mesmo à cegueira;
problemas renais, cuja maior causa de diálise entre adultos é o diabetes;
problemas arteriais nos membros inferiores; amputações; neuropatias. “Então,
tratando cedo, precocemente, dificilmente a pessoa vai ter essas
complicações”, afirmou.
Rio de Janeiro
No Brasil, o número de pessoas
com diabetes atingia 16,8 milhões, até 2019. “Essa não é uma estimativa de gente
que está se tratando, mas de gente que tem diabetes”, destacou a
endocrinologista. “É muita gente, quase 20 milhões”. No ranking mundial,
o Brasil ocupa a quinta colocação em termos de pessoas com diabetes,
depois da China, Índia, dos Estados Unidos e do Paquistão.
O Rio de Janeiro é a
capital brasileira com maior índice de diagnósticos de diabetes no país, de
acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2020, do Ministério da Saúde. A
capital fluminense teve o maior percentual de indivíduos com a doença (11,2%),
seguida por Maceió (11%) e Porto Alegre (10%). A doença é mais prevalente nas
mulheres do que nos homens. O Rio de Janeiro também lidera nessa
questão, com 12,4% de diagnósticos no sexo feminino, seguido do Recife (12,2%)
e de Maceió (11,4%). Entre os homens, o Rio de Janeiro apresenta taxa
de 9,8%, a quarta maior do país.
“O Rio de
Janeiro vai mal”, definiu a endocrinologista. “Mas, espero que o Rio se
reerga”, completou. Ela sugeriu que os pacientes que se descobrem diabéticos se
cadastrem em uma unidade de saúde da família. Quando necessário, essas
unidades encaminham para a atenção especializada. “É muito importante que haja
investimento também na atenção especializada”.
Rosane é também chefe do
Serviço de Diabetes do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luis
Capriglione (Iede), que é referência para o estado do Rio de
Janeiro na área de diabetes e endocrinologia. “A gente só recebe paciente
que vem encaminhado com indicação pelo médico da Unidade Básica de Saúde (UBS).
Esse é o caminho”. Cerca de 40% dos pacientes do Iede são de fora do Rio.
Custos
De acordo com a Federação
Internacional de Diabetes (IDF), a doença provocou um gasto mundial com saúde
de US$ 966 bilhões, alta de 316% nos últimos 15 anos. O último Atlas da
entidade mostra que o Brasil gasta em torno de US$ 52,3 bilhões por ano no
tratamento de adultos de 20 a 79 anos, o que resulta em cerca de US$ 3 mil
dólares por pessoa.
Edição: Graça AdjutoAgencia
Brasil

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