Um surto de gafanhotos que já
afeta pelo menos 15 Estados vem provocando devastação em lavouras e
pastagens no Oeste americano, competindo por comida com o gado e deixando
um rastro de milhões de dólares em prejuízos.
Esses insetos são nativos da
região e sua população costuma ser controlada. Mas, segundo cientistas, houve
uma explosão neste ano, agravada pela seca e ondas de calor históricas.
5
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Como se forma
uma nuvem e como combate
O Serviço de Inspeção
Sanitária Animal e Vegetal (APHIS, na sigla em inglês), agência ligada ao
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos responsável pelo controle de
doenças e pragas, já tratou mais de 325 mil hectares com inseticidas, em
uma campanha de supressão da população de gafanhotos e dos chamados grilos
Mórmons (Anabrus simplex), que também são comuns na região e vêm causando danos
semelhantes neste ano.
De acordo com o diretor de
política nacional da APHIS, Bill Wesela, esse tratamento vai proteger mais de
650 mil hectares, mas ainda há várias outras ações programadas em diversos
Estados, à medida que mais agricultores e pecuaristas pedem ajuda à agência
para controlar o problema.
Wesela lembra que a última
grande campanha de supressão de gafanhotos na região foi em 2010, quando o
surto de gafanhotos foi a maior dos últimos 35 anos. Na época, mais de 400
mil hectares foram tratados, o suficiente para proteger 800 mil hectares.
A total magnitude do
problema neste ano só ficará clara dentro de alguns meses.
"A infestação deste ano
ainda está evoluindo e não estará completa até o final do verão (no Hemisfério
Norte)", diz Wesela à BBC News Brasil.
Prejuízos
Wesela ressalta que ainda
é cedo para estimar os custos totais da
campanha e os prejuízos provocados pelo problema neste ano. Mas os danos já são visíveis, especialmente em pastagens e lavouras
irrigadas.
No caso da pecuária, Wesela
ressalta que a redução do volume de pastagem para alimentar o gado obriga os
produtores a gastar na compra de alimentação suplementar ou até mesmo vender
seus rebanhos a preços reduzidos.
Os insetos também podem
devastar plantações de alfafa, milho, trigo e cevada e reduzir o habitat e as
fontes de alimentação para os animais selvagens da região. Além disso, provocam
danos à fruticultura e à apicultura.
"Gafanhotos e grilos
Mórmons são componentes naturais do ecossistema (nesta região dos EUA), mas
quando suas populações atingem níveis de surto eles causam graves perdas
econômicas aos recursos agrícolas, particularmente em condições (climáticas)
quentes e secas", observa Wesela.
Mudanças climáticas
Ambientalistas temem que a
aplicação de inseticidas possa acabar agravando o problema no futuro, ao
colocar em risco outros insetos e inimigos naturais que ajudam a manter a
população de gafanhotos sob controle. Citam também o temor de contaminação de
lavouras orgânicas próximas às áreas tratadas.
Mas as autoridades
responsáveis pelas ações de controle dizem que são tomados cuidados para evitar
que isso aconteça, com o uso de baixas concentrações e foco em áreas
delimitadas.
Rogg prevê que as enormes
quantidades de gafanhotos que vão depositar seus ovos nos próximos dois meses
devem fazer com que o surto se repita no ano que vem ou até mesmo nos próximos
dois anos.
O entomologista teme que as
mudanças climáticas possam tornar os surtos de gafanhotos cada vez mais comuns.
"Estamos vendo
infestações de gafanhotos, ao ponto em que causam danos, aumentando desde
2013", diz Rogg. "Neste ano, certamente será maior que no ano
passado."
"Precisamos estar preparados para a possibilidade de que todos os anos tenhamos uma situação semelhante, com populações (de gafanhotos) maiores, por causa das mudanças climáticas e da seca associada (a essas mudanças) nesses Estados", afirma.
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