Foto: Alex Régis
Às vésperas do ano eleitoral,
o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal
Pedro Lupion (Republicanos-PR), vê “boa parte” do setor mantendo posicionamento
diverso ao atual governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
no pleito presidencial de 2026. “Buscamos, efetivamente, o consenso em relação
ao desenvolvimento do setor, quanto aos problemas de mão de obra, de logística,
de desenvolvimento interno do País. Isso tudo depende de alguém que tenha essa
agenda pró desenvolvimentista do País, e não uma agenda única, exclusivamente
assistencialista e de perpetuação do poder”, disse Lupion em entrevista
exclusiva ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
“Entendo que boa parte do setor continuará com um posicionamento diverso ao do
atual governo e que estaremos extremamente unidos numa próxima candidatura”,
projetou.
Lupion defende um projeto de unidade da centro-direita para as eleições de 2026 em oposição ao governo Lula. “Todos que geram renda no País e que fazem com que o Brasil desenvolva e cresça, para além do setor agropecuário, estão em pauta contrária à do atual governo, que taxa tudo, que busca arrecadar cada dia mais e que está numa agenda gigantesca eleitoral pensando todo o tempo no assistencialismo. Isso tudo custa para o País e cria uma geração que depende exclusivamente do Estado”, criticou.
Em 2022, a FPA apoiou
publicamente a candidatura à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Questionado sobre eventual apoio a candidato da família Bolsonaro ou a
governador de direita, Lupion defendeu a busca por um nome de consenso dentre o
setor agropecuário e a centro-direita. “Não é uma questão de apoiar ou não
apoiar a família Bolsonaro. O presidente Bolsonaro é o maior líder que a
direita do Brasil já teve ou tem com influência e relevância inegáveis”, disse.
O nome de consenso defendido
por Lupion é, segundo ele, um candidato com condições de vencer o pleito e
disputar diante o projeto de reeleição do atual governo. “Tem uma leva
maravilhosa de governadores, com índices altíssimos de aprovação, caso do governador
Tarcísio, que tem condições de ser um candidato viável, do governador Ratinho
Júnior (PSD-PR), do governador Ronaldo Caiado (União-GO), do governador Romeu
Zema (Novo-MG), do governador Eduardo Leite (PSD-RS), o senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ). Quero uma chapa de unidade para vencermos as eleições”,
apontou.
Entre os possíveis
presidenciáveis da direita, Lupion vê condições de apoio maciço do agronegócio
a uma eventual candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
“Ele significa justamente o que a gente defende: a capacidade de trazer o empreendedorismo
de volta para a pauta, de diminuir o tamanho do Estado, de mostrar a
competitividade através da meritocracia, de investir no País, pensar em grandes
soluções e principalmente pensar a longo prazo. É um modelo econômico diverso
ao que está aí”, justificou Lupion.
Em meio ao amplo apelo da
segurança pública como uma das principais pautas da população no próximo ano, o
líder da bancada agropecuária aponta a segurança jurídica como uma agenda
“extremamente importante” para o setor.
Lupion vê também tendência de
maior acirramento entre Congresso e Executivo e maior travamento das pautas no
próximo ano. “Por ser um ano eleitoral, acho que as coisas ficarão um pouco
mais complicadas. A reação do presidente Davi Alcolumbre (União-AP) de respeito
ao papel institucional do Congresso Nacional precisa ser levada a sério, pois é
extremamente contundente”, avaliou o presidente da bancada agropecuária,
citando um documento enviado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado ao Supremo
Tribunal Federal pedindo respeito quanto à lei do marco temporal após novas
demarcações de terras indígenas feitas pelo Executivo. “Existe um consórcio com
um líder do governo no Supremo, o ministro Flávio Dino, que só faz pautas
governistas. Tudo o que o governo não consegue vencer, o governo judicializa”,
argumenta
Para o líder ruralista, o
tensionamento entre Congresso e Judiciário também tende a persistir no próximo
ano. “O Supremo está voltado a uma briga política. Enquanto, eles
personificarem a briga, não conseguiremos avançar em nenhuma pauta”, disse.
Quanto ao futuro da própria
frente, que se tornou a maior bancada e uma das mais influentes do Congresso
com 353 parlamentares, Lupion acredita na ampliação da FPA, em especial no
Senado, que renovará dois terços do colégio de senadores. “O Senado tem um
papel extremamente importante para equilibrar os poderes na República, a
independência dos poderes e a moderação do papel de cada um. Temos todas as
condições para ter a maioria desses dois terços”, observou o presidente da FPA.
Estadão Conteudo

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