sexta-feira, 28 de novembro de 2025

RN tem pior saldo de empregos do Nordeste em outubro, aponta Caged

Em outubro, o melhor desempenho no RN veio do comércio, que abriu 461 vagas, seguido pelo setor de serviços (164)| Foto: Alex Régis

O Rio Grande do Norte registrou, em outubro de 2025, um saldo de 954 postos formais de trabalho, resultado de 20.965 admissões e 20.011 desligamentos, segundo os dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta quinta-feira (27). O desempenho do RN foi o pior entre os estados do Nordeste e representa uma queda de 66,4% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o estado havia criado 2.840 vagas.

Ao longo de 2025, o mercado de trabalho potiguar já havia mostrado sinais de fragilidade, com dois meses registrando saldos negativos expressivos: janeiro, com -628 vagas, e março, com -1.918, indicadores que enfraqueceram o início do ano e contribuíram para um desempenho contido, com saldo de 19.290 empregos gerados no RN em 2025.

O desempenho dos grandes grupamentos econômicos em outubro mostrou forte desigualdade entre os setores potiguares. A construção civil, que vinha oscilando ao longo do ano, abriu o mês com o pior resultado do estado, registrando saldo negativo de 111 vagas. Nos demais setores, porém, houve criação de novas vagas: a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura criou 110 postos, enquanto a indústria geral adicionou 331 vagas. O melhor desempenho veio do comércio, que gerou 461 empregos, seguido pelo setor de serviços, que encerrou o mês com 164 novas vagas.

No total, o Nordeste acumulou 33.831 novos empregos formais em outubro de 2025, com Pernambuco liderando o desempenho regional ao registrar 10.596 novas vagas, número que também o coloca entre os destaques nacionais do mês.

Para Arthur Néo, economista e docente da UFERSA, o comportamento do mercado de trabalho potiguar em outubro reflete, em parte, movimentos típicos do período que antecede as festas de fim de ano, o que caracteriza um efeito sazonal, que tende a ser revertido nos meses seguintes. “Esses meses que antecedem o período natalino sempre há uma queda na taxa de emprego, mas acredito que agora, nesse início de período festivo, isso possa ser solucionado por meio do surgimento de vagas temporárias”, afirma.

Apesar disso, o economista alerta para sinais de desaquecimento na economia potiguar. “Isso denota muito claramente uma diminuição na atividade de comércio e serviços. Se persistir ao entrar no período natalino, pode ocorrer de não haver as expectativas de vendas alcançadas pelo comércio. E isso termina gerando uma bola de neve: menos consumo e menos arrecadação, frente a um Estado que precisa aumentar sua arrecadação, já vista a situação de déficit fiscal mês a mês”, disse.

“Acredito que agora em dezembro possa se recuperar, com o incremento do 13º salário, que aquece comércio e serviços e retoma contratações”, completou Arthur.

Para o superintendente do Sebrae-RN, Zeca Melo, apesar do número positivo em outubro, o resultado acende um sinal de alerta. “É o pior outubro dos últimos anos, certo? Apesar de positivo, a gente tem que ver se isso pode não ser uma tendência, mas é um indicador de que a gente tem que prestar atenção no que pode estar acontecendo”, afirmou.

Homem com óculos de grau em frente a microfone

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Zeca Melo, do SEBRAE-RN| Foto: Magnus Nascimento

Zeca Melo pondera, porém, que a baixa intensidade na criação de postos deve ser observada de perto pelos formuladores de políticas públicas. “Uma geração pequena de emprego é um mau indício, um mau sinal. Mas não dá para afirmar nada ainda. O número do ano é positivo — foram quase 20 mil novos empregos gerados no estado, de acordo com o Caged —, mas é um dado que mostra que a gente precisa olhar atentamente para entender o que está acontecendo e como reagir”, completou.

Brasil supera 85 mil novos postos em outubro

No contexto nacional, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que o país gerou 85.147 empregos formais em outubro, resultado de 2.271.460 admissões e 2.186.313 desligamentos. Com isso, o Brasil acumula, de janeiro a outubro de 2025, um saldo positivo de 1.800.650 postos, crescimento de 3,8% no estoque de empregos formais.

Nos últimos 12 meses (novembro de 2024 a outubro de 2025), o saldo acumulado é de 1.351.832 vagas, número inferior ao observado no período anterior (1.796.543). O total de vínculos celetistas no país alcançou 48.995.950.

Tribuna do Norte

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