O Rio Grande do Norte
registrou, em outubro de 2025, um saldo de 954 postos formais de trabalho,
resultado de 20.965 admissões e 20.011 desligamentos, segundo os dados do Novo
Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério
do Trabalho e Emprego nesta quinta-feira (27). O desempenho do RN foi o pior
entre os estados do Nordeste e representa uma queda de 66,4% em relação ao
mesmo mês de 2024, quando o estado havia criado 2.840 vagas.
Ao longo de 2025, o mercado de trabalho potiguar já havia mostrado sinais de fragilidade, com dois meses registrando saldos negativos expressivos: janeiro, com -628 vagas, e março, com -1.918, indicadores que enfraqueceram o início do ano e contribuíram para um desempenho contido, com saldo de 19.290 empregos gerados no RN em 2025.
O desempenho dos grandes grupamentos econômicos em outubro mostrou forte
desigualdade entre os setores potiguares. A construção civil, que vinha
oscilando ao longo do ano, abriu o mês com o pior resultado do estado,
registrando saldo negativo de 111 vagas. Nos demais setores, porém, houve
criação de novas vagas: a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e
aquicultura criou 110 postos, enquanto a indústria geral adicionou 331 vagas. O
melhor desempenho veio do comércio, que gerou 461 empregos, seguido pelo setor
de serviços, que encerrou o mês com 164 novas vagas.
No total, o Nordeste acumulou 33.831 novos empregos formais em outubro de 2025,
com Pernambuco liderando o desempenho regional ao registrar 10.596 novas vagas,
número que também o coloca entre os destaques nacionais do mês.
Para Arthur Néo, economista e docente da UFERSA, o comportamento do mercado de
trabalho potiguar em outubro reflete, em parte, movimentos típicos do período
que antecede as festas de fim de ano, o que caracteriza um efeito sazonal, que
tende a ser revertido nos meses seguintes. “Esses meses que antecedem o período
natalino sempre há uma queda na taxa de emprego, mas acredito que agora, nesse
início de período festivo, isso possa ser solucionado por meio do surgimento de
vagas temporárias”, afirma.
Apesar disso, o economista alerta para sinais de desaquecimento na economia
potiguar. “Isso denota muito claramente uma diminuição na atividade de comércio
e serviços. Se persistir ao entrar no período natalino, pode ocorrer de não
haver as expectativas de vendas alcançadas pelo comércio. E isso termina
gerando uma bola de neve: menos consumo e menos arrecadação, frente a um Estado
que precisa aumentar sua arrecadação, já vista a situação de déficit fiscal mês
a mês”, disse.
“Acredito que agora em dezembro possa se recuperar, com o incremento do 13º
salário, que aquece comércio e serviços e retoma contratações”, completou
Arthur.
Para o superintendente do Sebrae-RN, Zeca Melo, apesar do número positivo em
outubro, o resultado acende um sinal de alerta. “É o pior outubro dos últimos
anos, certo? Apesar de positivo, a gente tem que ver se isso pode não ser uma
tendência, mas é um indicador de que a gente tem que prestar atenção no que
pode estar acontecendo”, afirmou.
Zeca Melo, do SEBRAE-RN| Foto:
Magnus Nascimento
Zeca Melo pondera, porém, que a baixa intensidade na criação de postos deve ser
observada de perto pelos formuladores de políticas públicas. “Uma geração
pequena de emprego é um mau indício, um mau sinal. Mas não dá para afirmar nada
ainda. O número do ano é positivo — foram quase 20 mil novos empregos gerados
no estado, de acordo com o Caged —, mas é um dado que mostra que a gente
precisa olhar atentamente para entender o que está acontecendo e como reagir”,
completou.
Brasil supera 85 mil novos
postos em outubro
No contexto nacional, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que o país
gerou 85.147 empregos formais em outubro, resultado de 2.271.460 admissões e
2.186.313 desligamentos. Com isso, o Brasil acumula, de janeiro a outubro de
2025, um saldo positivo de 1.800.650 postos, crescimento de 3,8% no estoque de
empregos formais.
Nos últimos 12 meses (novembro de 2024 a outubro de 2025), o saldo acumulado é
de 1.351.832 vagas, número inferior ao observado no período anterior
(1.796.543). O total de vínculos celetistas no país alcançou 48.995.950.
Tribuna do Norte

Nenhum comentário:
Postar um comentário