sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Aneel amplia leilão, mas RN mantém investimento previsto de R$ 200 milhões

Leilão vai minimizar o impacto dos cortes de energia ocasionados por descompasso entre produção e demanda | Foto: Adriano Abreu

As mudanças feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no Leilão de Transmissão nº 01/2026 — que elevaram o investimento total previsto no país de R$ 3,31 bilhões para R$ 5,8 bilhões — não alteram os valores destinados ao Rio Grande do Norte, que permanecem em R$ 200 milhões. A versão preliminar do edital foi encaminhada nesta terça-feira (11) ao Tribunal de Contas da União (TCU). O leilão está previsto para 27 de março de 2026, em São Paulo.

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A remodelação ocorreu após a Consulta Pública nº 028/2025, realizada de 21 de agosto a 19 de setembro de 2025, que recebeu 163 contribuições. O edital preliminar estabelece a licitação de 10 lotes, que antes eram cinco, e prevê a criação de 14.224 empregos diretos, abrangendo 11 estados brasileiros.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que a Aneel mudou seus leilões de transmissão em reunião extraordinária no dia 16 de setembro, transferindo cinco lotes do Leilão LT 04/2025 para o LT 01/2026. A pedido do MME, a Agência incluiu empreendimentos em processo de caducidade, leiloados em 2021 e 2022, com atrasos na construção.

A transferência de lotes não impactou o Rio Grande do Norte, que é contemplado por projetos em ambos os leilões para o escoamento de energia renovável. Os cinco novos lotes são de projetos realizados em outros estados. Segundo o MME, o Leilão 04/2025, em outubro deste ano, licitou três compensadores síncronos no RN (dois na Subestação Açu III e um na Subestação João Câmara III).

Anunciado pelo Governo Federal para suprir os gargalos energéticos, o Leilão nº 01/2026 inclui a licitação de mais cinco compensadores síncronos distribuídos entre RN — Ceará-Mirim II e Açu III — e Ceará. As empresas terão 42 meses para concluir as obras.

“A utilização de compensadores síncronos empregados para obter maior equilíbrio e resiliência da rede elétrica diante da ocorrência de distúrbios ganhou destaque nos últimos leilões de transmissão, especialmente pela capacidade que esses equipamentos possuem de estabilizar os níveis de tensão das linhas de transmissão diante do grande volume de energia renovável”, diz nota da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (Sedec-RN).

Impacto dos cortes

Na visão de Sérgio Azevedo, presidente da Comissão Técnica de Energias Renováveis da Fiern (Coere), o leilão LT 01/2026 é necessário para minimizar os impactos dos “curtailments”, ou seja, os cortes de energia quando a produção excede a demanda ou a capacidade de transmissão da rede elétrica.

Azevedo defende, porém, que o estado precisa de mais investimentos em linhas de transmissão, dada a sua capacidade de produzir energia, e que somente a ampliação e a melhoria de linhas de transmissão não resolvem o problema dos cortes. “Como a gente tem as melhores jazidas de vento, as melhores taxas de retorno, tanta capacidade de transmissão, os projetos vão chegar. Mas é preciso que a gente tenha o licenciamento ambiental sério, segurança jurídica e uma legislação atrativa para os investidores”, diz.

Williman Oliveira, presidente da Associação Potiguar de Energias Renováveis (Aper), diz que o certame é importante para desenvolver o setor de geração de energia. “Os prejuízos têm sido sucessivos pela falta de estrutura para escoar a energia produzida, seja eólica ou solar”, frisa.

O setor deve atrair investimentos para o RN por garantir o fornecimento seguro de energias limpas, diz Oliveira. De acordo com ele, o leilão também traz garantia jurídica de contratos e outorgas das linhas de transmissão.

Segundo a Sedec-RN, a construção de novas linhas de transmissão e o reforço dos níveis de confiabilidade do sistema elétrico com a instalação de compensadores síncronos oferecem uma maior capacidade de enfrentamento dos problemas dos cortes de geração que atualmente afetam o estado, “ao mesmo tempo que contribuem para a criação de um ambiente mais seguro que possibilite novos investimentos em geração renovável”.

A versão do edital enviada para o TCU nesta semana apresenta 10 lotes para a construção e manutenção de 888 quilômetros em linhas de transmissão e de 4.800 mega-volt-ampères (MVA) em capacidade de transformação. Os empreendimentos serão instalados em 11 estados: Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, RN, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Após assinarem o contrato, as empresas vencedoras terão entre 42 e 60 meses para concluir as obras.

O Lote 3, em que o RN está incluído, será repartido em quatro sublotes e apregoado na modalidade de competição cruzada. Nesse caso, cada competidor deverá entregar cinco envelopes de lances — um para o valor total do lote e outros quatro referentes a cada sublote — e a Aneel comparará o menor valor total oferecido com o somatório dos menores valores para cada sublote, escolhendo a opção mais econômica.

Tribuna do Norte

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