Maurício Velloso destacou a importância de eventos como o Motores para conectar os elos da cadeia produtiva e promover a inovação| Foto.Magnus Nascimento
A pecuária brasileira vive um
momento de protagonismo no mundo e o Rio Grande do Norte tem potencial para ser
destaque nesse novo ciclo. Essa foi a mensagem central da palestra “A Nova
Pecuária Brasileira”, ministrada por Maurício Velloso, engenheiro agrônomo,
pecuarista e presidente da Associação Nacional de Confinadores (ASSOCON),
durante a 44ª edição do seminário Motores do Desenvolvimento, promovido pelo
Sistema Tribuna de Comunicação, em parceria com o Sebrae-RN, Associação
Norte-Riograndense de Criadores (Anorc), Federação da Agricultura e Pecuária do
RN (Faern) e apoio institucional do Governo do Estado. O evento aconteceu no
Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, com a presença de
especialistas, produtores e autoridades que debateram caminhos de inovação,
agregação de valor e fortalecimento econômico do setor no estado.
“Precisamos rever a forma de enxergar a atividade”, diz Maurício Velloso
Motores
conecta estratégia, conhecimento e inovação
RN vive fase de amadurecimento
técnico e consolidação produtiva
Nova
pecuária exige tecnologia, melhoria da gestão e integração das cadeias
produtivas
22
empresas receberam o selo Feito Potiguar
Maurício Velloso destacou a importância de eventos como o Motores do
Desenvolvimento para conectar os elos da cadeia produtiva, aproximar
produtores, técnicos e pesquisadores, bem como, promover o debate sobre
inovação, sustentabilidade e competitividade. Segundo ele, transformar o agro
não depende somente de tecnologia, mas de propósito e integração social. “Eu
vejo nascer aqui um movimento de todos esses elos das cadeias produtivas da
pecuária potiguar. Eu vejo esse nascimento e ele já nasce com muita força
porque existe um propósito uno”, afirma.
“O que faz diferença em toda e qualquer história”, diz ele, “é justamente a
existência de um propósito e, mais do que isso, é da vontade das pessoas
fazerem este propósito vivo a cada dia. E isso é nítido aqui. A gente sente o
ar vibrando, a gente sente essa energia, a gente sente esta sinergia de
desejos, de capacidades. Estou muito satisfeito de participar desse momento que
eu estou considerando ele histórico para o Rio Grande do Norte”, afirma o
presidente da ASSOCON.
Maurício Velloso enfatiza, que, apesar de limitações aparentes, o Rio Grande do
Norte possui características únicas que podem ser convertidas em vantagem
competitiva. Frequentemente visto como algo desafiador, o semiárido oferece
condições para produzir alimentos com identidade própria e exclusiva, criando o
que ele conceitua como “alimento do deserto”.
“O Rio Grande do Norte reúne características únicas de um bioma único, apesar
de nós termos um pouco mais de 400 km de litoral, a grande parte do território
do Rio Grande do Norte se debruça sobre uma área de semiárido, que podemos, até
num exagero, chamar de ‘deserto’, tem uma condição muito particular de
produção, exige técnicas particulares de produção, que existem, e que não são
apenas possíveis, mas desejáveis e factíveis”, explica.
Com cerca de 1.300 propriedades rurais, o estado oferece a possibilidade de
acompanhamento próximo e personalizado, permitindo capacitação direta e difusão
de tecnologias. Maurício Velloso acredita que essa proximidade é uma
oportunidade para modernizar o setor, tornando-o mais eficiente e sustentável.
“O desafio é fazer com que todos os produtores estejam interligados. E são
proprietários que a gente tem sim a condição de conhecê-los individualmente, de
buscá-los individualmente, de motivá-los e de capacitá-los a fazer diferente
aquilo que alguns já vinham até fazendo bem, outros nem tanto, mas é a nossa
obrigação, é o nosso ônus, a gente conseguir trazer esse pessoal de uma
agricultura, de uma piquaia quinhentista e fazê-los produtivos, fazê-los
eficientes.”
O pecuarista também enfatizou que a nova pecuária depende de integração entre
os elos da cadeia produtiva, políticas públicas eficazes e disseminação de
tecnologias. Ele vê na Festa do Boi e no seminário Motores do Desenvolvimento
oportunidades únicas de provocar mudanças e motivar produtores e instituições a
trabalhar de forma coletiva.
“Isso faz toda a diferença e eu acredito que esta Festa do Boi, em particular,
ela seja histórica. Eu vejo nascer aqui um movimento do Estado, de todos esses
elos das cadeias produtivas da pecuária potiguar”, pontuou.
Maurício Velloso detalha que o Brasil percorreu um caminho histórico que chama
a atenção: em poucas décadas, deixou de ser importador e se tornou exportador
de alimentos, com reconhecimento internacional em qualidade e sanidade. Ele
pontua que o país já conquistou medalhas de ouro em azeites na Grécia,
espumantes na França e queijos em Paris, evidenciando a capacidade de competir
globalmente.
“De forma geral, o Brasil já é um campeão. Mas o Brasil tem uma dificuldade
muito grande de levar essa mensagem de ser campeão em sanidade animal, em
segurança alimentar, em sustentabilidade do seu processo produtivo, porque a
verdade é que o Brasil é um incômodo nos antigos cartórios mundiais, na
produção e na comercialização de alimento”, ressalta.
Tribuna do Norte
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