As informações foram
divulgadas nesta terça-feira (28) no Relatório Síntese das Contribuição
Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês), publicado pelo
secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(UNFCCC, na sigla em inglês).
O documento é uma das
ferramentas de avaliação do Acordo de Paris sobre o avanço das ações climáticas
nas 198 nações que integram o tratado internacional, mas foi elaborado com base
nas metas atualizadas por menos de um terço (64) dos países entre janeiro de
2024 e setembro de 2025.
De acordo com o relatório, se
as novas NDCs forem plenamente cumpridas até 2035, serão capazes de reduzir as
emissões em 13 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e).
O documento destaca também que
as ambições apresentadas mostram etapas claras para trajetórias de redução em
longo prazo e objetivo de alcançar neutralidade nas emissões, “embora ainda
seja necessária uma aceleração das ações”, destaca.
O relatório aponta ainda que
as NDCs estão mais completas, indo além de ambições para mitigação ao incluírem
elementos sobre adaptação, financiamento, transferência de tecnologia,
capacitação e abordagem de perdas e danos e, ainda, refletindo de forma mais
abrangente sobre o Acordo de Paris.
“As novas NDCs mostram uma
progressão em termos de qualidade, credibilidade e cobertura econômica, com 89%
das Partes comunicando metas para toda a economia”, destaca o relatório.
Na avaliação da presidente do
Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, as metas ficaram mais sofisticadas, mas
o principal problema permanecerá.
“Estamos gerindo uma crise sem
a urgência de uma crise. Há algo de profundamente equivocado em celebrar uma
queda de 17% nas emissões quando a ciência diz que precisamos de 60%”, critica.
Para o líder de mudanças
climáticas do WWF-Brasil, Alexandre Prado, o cenário é preocupante e indica que
as ações climáticas continuam sendo adiadas e empurradas para as gerações
futuras. Por outro lado, a integração de medidas de adaptação das cidades
aos planos de redução das emissões pode ser considerada uma decisão promissora.
“Especialmente em ações
baseadas na natureza, como a conservação de manguezais e florestas. Essas
soluções reduzem custos, aumentam a resiliência das comunidades e trazem
benefícios que vão muito além do carbono, como a manutenção da biodiversidade,
da água e do equilíbrio climático”, explica.
Finanças
Entre os países que
apresentaram as novas NDCs, 75% incluíram a necessidade de soluções inovadoras
e do fortalecimento da cooperação internacional para o desbloqueio de um
financiamento climático capaz de viabilizar a implementação das metas nos
países em desenvolvimento.   
Para o diretor sênior de
políticas públicas e incentivos da Conservação Internacional, Gustavo Souza é
essencial garantir que mecanismos como os mercados de carbono de alta
integridade, o REDD+ e o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) ofereçam
financiamento previsível para aqueles que protegem a natureza.
“Apesar de uma maior ambição,
as novas NDCs também destacam que persistem lacunas de financiamento para ações
climáticas baseadas na natureza. As florestas representam um terço da solução
global para as mudanças climáticas, mas recebem apenas 3% do financiamento
climático. Esse desequilíbrio precisa ser corrigido”, reforça.
Brasil
Desde que o Brasil foi escolhido como sede da 30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a presidência brasileira que
conduzirá a próxima rodada de negociações, tem se empenhado em incentivar a
entrega das atualizações dos compromissos pelos países.
O Brasil foi o segundo país a entregar a NDC antes
mesmo do primeiro prazo para entrega, em fevereiro, ser prorrogado para setembro.
Os 64 países incluídos no
relatório foram os que entregaram dentro do novo prazo e não incluem os
compromissos de grandes emissores como China e Índia.
“O mundo ainda aguarda dois
terços das novas NDCs esperadas e, a menos de duas semanas da COP30 em Belém,
mais países precisam submeter suas NDCs para sinalizar que a ambição coletiva
está aumentando e que as metas do Acordo de Paris continuam ao nosso alcance”,
destaca Gustavo Souza.
Agência Brasil
 
 
 
 
 
 

 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário