domingo, 12 de outubro de 2025

Motores revela inovações e soluções estratégicas para o agronegócio potiguar

O painel “Nova Pecuária Potiguar’ foi mediado pelo palestrante Maurício Velloso. O encontro abordou os desafios e oportunidades do agronegócio no RN, com foco na aplicação de novas tecnologias | Foto: Magnus Nascimento

O seminário Motores do Desenvolvimento – Agronegócio, realizado nesta sexta-feira (10), dentro da programação da 63ª edição da Festa do Boi, revelou inovações e soluções estratégicas que vem sendo adotadas no setor agropecuário potiguar. Na palestra “A Nova Pecuária Brasileira”, o engenheiro agrônomo e pecuarista Maurício Velloso, presidente da Associação Nacional de Confinadores, destacou que o grande desafio é a transição da “velha pecuária” para a nova abordagem do setor com o advento da tecnologia.

“Todas as velhas certezas acabaram. Agora, a pecuária segue por novos caminhos. E não se trata apenas de produzir gado, mas de produzir gado de qualidade”, afirmou Maurício Velloso. Em sua apresentação, ele trouxe uma análise dos desafios da agropecuária, com foco em soluções específicas para o país e para o estado e ressaltou que o propósito do Rio Grande do Norte deve ser a inovação na área da pecuária, valorizando as características próprias da agricultura potiguar sem comparações externas. “As soluções são internas e existem. O RN não é diferente do resto do Brasil em relação às diferentes características culturais”, disse.

Maurício Velloso destacou que o estado possui mais de 1,1 milhão de cabeças de gado e listou pontos positivos que apontam para um potencial significativo de desenvolvimento local, apesar de ter 91% de sua área – de 52.809 km², fora os 400 km de litoral – dentro do chamado ‘Poligono das Secas’.

Segundo Maurício, o RN possui diferenciais como biomas determinados, bacias hidrográficas e águas de subsolo, controle sanitário acessível, genética adaptada e carne gourmet. Ao todo, o estado possui 1.350 propriedades rurais. “Então, são proprietários que a gente tem sim a condição de conhecê-los individualmente, de buscá-los individualmente, de motivá-los e de capacitá-los a fazer diferente aquilo que alguns já vinham até fazendo bem, outros nem tanto”, destacou o engenheiro agrônomo.

Segundo ele, apesar do RN ser pequeno, isso também representa oportunidade. “Precisamos criar nossas próprias tecnologias e alternativas. Elas existem”, disse.

Entre as lições compartilhadas, ele reforçou a importância do conhecimento aplicado por cada produtor, abordando genética e práticas de manejo. Uma das ferramentas mais eficazes para aumentar a produtividade, segundo Maurício Velloso, é o uso de touros melhorados. Ele alertou que muitos pecuaristas ainda optam por animais de baixo custo, o que pode impactar diretamente nos resultados financeiros. “É preciso ter uma visão estratégica: a escolha do reprodutor pode colocar ou tirar dinheiro do bolso”, explicou.

Após a palestra, o painel ‘Nova Pecuária Potiguar’, mediado por Maurício Velloso, abordou os desafios e oportunidades do agronegócio no Rio Grande do Norte, com foco no fortalecimento da economia rural e na aplicação de novas tecnologias adaptadas à realidade do estado. Segundo ele, o debate foi uma oportunidade importante para reunir os principais agentes que influenciam diretamente os sistemas produtivos e políticas públicas do setor.

“Eu fiquei profundamente impressionado, bem impressionado ao ver aqui todos os principais players que interferem e que decidem com os sistemas produtivos, com as políticas públicas e com a disseminação das tecnologias que podem, de fato, fazer diferença nos processos produtivos vigentes e naqueles que a gente pode implementar”, destacou Velloso.

Durante o painel, foram discutidas características únicas da produção agropecuária potiguar, como a qualidade diferenciada da carne de cordeiro local. O engenheiro agrônomo Cleudo Juventino, assessor-técnico da Federação da Agricultura (Faern), apontou a superioridade do cordeiro potiguar em relação a outras regiões do país.

“A gente tem uma característica interessante, por exemplo, no cordeiro. O nosso cordeiro tem menos gordura, pelagem mais lisa e carne bem mais saborosa e mais macia do que qualquer cordeiro que você tenha do centro-oeste ou do sul”, afirmou Cleudo.

O painel teve a participação do pecuarista Francisco Velloso, da cadeia de carne e produtos de búfalo; Luiz Clenilson, da Suínos Jucurutu; Cleudo Juventino, assessor técnico da Faern; Magnus Artur, gestor da Cordeiro Patriota e Eduardo de Paula Mello, do frigorífico Corte 84.

O presidente da Associação Norte-Rio-Grandense de Criadores (Anorc), Matheus França, destacou os esforços dos produtores em se adaptarem às novas exigências do setor agropecuário, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade e ao uso de tecnologia.

“O produtor brasileiro tem buscado se reinventar diante das crescentes demandas ambientais e sociais. Ele procura produzir em áreas menores, mas com maior produtividade por hectare e com qualidade superior, utilizando novas tecnologias e inovações que o ajudem a alcançar esses objetivos”, disse o presidente da Anorc.

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Maurício Velloso (Associação Nacional de Confinadores) fala sobre “A Nova Pecuária Brasileira” | Foto: Magnus Nascimento

Seminário debate a economia do RN

O Motores, em sua 44ª edição, foi mais uma vez um espaço de disseminação de conhecimento e troca de experiências. Segundo o superintendente de comunicação do Sistema Tribuna, Fernando Fernandes, o Motores do Desenvolvimento permanece sendo um dos principais fóruns de discussão sobre o futuro econômico do estado.

“O alavancador desse processo é movimentar a sociedade no Rio Grande do Norte, principalmente o setor do segmento da agricultura, para a importância desses espaços de conhecimento, que é abrir a cabeça de todos nós para fazer correto, aumentar a produtividade. O agro foi uma novidade lançada ano passado e foi tão sucesso que repetimos, e já está confirmado para o próximo ano”, disse Fernando Fernandes.

O Motores do Desenvolvimento, com 17 anos de existência, já se consolidou como palco de debates estratégicos para o crescimento econômico do estado. Fernando Fernandes diz que a escolha da “nova pecuária” como tema revela uma ambição clara: sair da produção com baixo valor agregado (o “quilo”) e apostar no mercado diferenciado, com cortes especiais e produtos sofisticados. “Estamos discutindo um mercado que sai da comodidade do quilo e cria um mercado de luxo, com produtos diferenciados e de alto valor agregado”, afirmou.

O seminário teve parceria do Sebrae-RN. Para Zeca Melo, superintendente do Sebrae, o Motores do Desenvolvimento é um espaço consolidado de debate qualificado e importante para o setor produtivo e para a sociedade potiguar. “Promover a troca de conhecimentos e a reflexão sobre os desafios e oportunidades do setor contribui diretamente para o fortalecimento dos pequenos negócios rurais e para o desenvolvimento sustentável do RN”, disse, reforçando que o seminário abriu a programação da Agência Sebrae na Festa do Boi.

O superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) no RN, Luiz Henrique Paiva, destacou a importância dos palestrantes e do impacto positivo que suas experiências podem gerar no público. “São palestrantes de sucesso e, à medida que eles trazem seus conhecimentos, o público pode ser incentivado por esses modelos de sucesso”, disse ele.

Ao longo da programação, o público pôde discutir sobre práticas de produção agropecuária adaptadas ao semiárido, com foco em inovação, sustentabilidade e eficiência. Os debates abordaram desde o uso de tecnologias no campo até a valorização da identidade produtiva regional.

O secretário de Agricultura do RN, Guilherme Saldanha, destacou os desafios da produção no clima semiárido, defendendo uso de genética adaptada, reservas estratégicas e melhoria da alimentação dos rebanhos. “O principal desafio que nós precisamos entender é você conseguir produzir bem dentro do nosso clima semiárido. Ou seja, é você ter uma genética aplicada aos rebanhos com raças que consigam produzir bem com as condições climáticas nossas. É você entender de uma vez por todas que não dá para fazer pecuária no semiárido sem reserva estratégica”, destacou.

Feito Potiguar

A programação também contou com a entrega do selo Feito Potiguar, que valoriza a produção local. “Nós entregamos o selo a 15 empresas da área de alimentos e bebidas, e mais oito produtores rurais com produtos de referência pela qualidade do peso, pela produtividade do leite ou por animais que foram reconhecidos fora daqui”, afirmou Zeca Melo.

As empresas que receberam o Selo Feito Potiguar atuam em municípios da Região Metropolitana de Natal, Mossoró, Seridó e Agreste Potiguar. Entre os produtos certificados estão a carne suína de Jucurutu, morangos de Bodó, Queijos, pescados de Canguaretamana e o mel de Jandaíra.

A Festa do Boi ocorre no Parque Aristófanes Fernandes (Parnamirim) até o dia 18 de outubro.

Assista à reportagem completa sobre o evento:

Tribuna do Norte

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