Ricardo Valério, superintendente do Corecon-RN: "Juros proibitivos e exagerados" | Foto: Humberto
Sales/Arquivo TN
O Rio Grande do Norte
registrou aumento no número de empresas inadimplentes em agosto de 2025,
segundo dados do Serasa Experian. O número atingiu 87.484 empresas
inadimplentes, dado superior em 1,4% a julho, que foi de 86.206 empresas.
Nacionalmente, o Brasil saltou de 8 milhões para 8,1 milhões de empresas
inadimplentes.
Segundo a pesquisa, a dívida média no Estado é de R$ 23,3 mil, a maior do Nordeste. O Nordeste do país registrou mais de 1,1 milhão de empresas inadimplentes em agosto. O estado da Bahia se destacou com o maior volume absoluto (353.652), seguido por Pernambuco (221.433) e Ceará (191.488). Alagoas apresentou a maior taxa de inadimplência proporcional do país, enquanto Sergipe e Piauí ficaram com os menores volumes.
Segundo o economista e
superintendente do Conselho Regional de Economia (Corecon-RN), Ricardo Valério,
a inadimplência atingiu níveis recordes nas empresas e também cresceu nas
famílias.
“Muito em razão dos juros
proibitivos e exagerados da taxa Selic de 15%, a maior dos últimos 20 anos. O
que antes era somente uma estatística preocupante em relação às famílias
brasileiras, quase 80% com dividas e inadimplência, e passou a ser um desafio
também para as empresas nacionais, que por alta inadimplência, já foram
fechadas mais de 800 mil empresas em todo Brasil”, explica Valério.
Valério acrescenta ainda que,
do lado das famílias, os indicadores têm sido quase sempre de aumento de
endividamentos. Em agosto o número atingiu 71,78 milhões de endividados, com um
crescimento de 15,86%, segundo dados do Indicador de Inadimplência de Pessoas
Físicas, apurado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e
pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
“Isto passa a ser um ciclo
desvirtuoso; cidades com famílias endividadas compram menos e as empresas
passam a vender menos também e os juros altos, e aplicado acumulativamente
juros sobre juros, gera a ciranda do endividamento perfeito e que só tende a se
agravar”, cita.
O economista cita ainda que
resta às empresas apostarem na recuperação de parte dos seus ativos em
endividamento, para as campanhas do “Serasa Limpa Nome”, que ocorre
rotineiramente todos os anos nos meses de novembro e dezembro.
“Acredito que o Governo
Federal vá renovar o socorro dos anos de 2023 e prorrogado para 2024, voltando
com o “Programa Desenrola Brasil em nova versão em 2025, diante da realidade da
legião de endividados de cerca de 80% e 800 mil empresas que fecharam suas
portas por força do endividamento, uma verdadeira pandemia de inadimplência das
famílias e empresas”, finaliza.
Ricardo Valério aponta ainda
que haverá reunião do Banco Central nesta semana para se discutir a taxa de
juros no Brasil. Ele aponta que nos Estados Unidos, mesmo com inflação baixa, a
expectativa é de duas reduções de taxas de juros para 2025, enquanto que o
Brasil tem permanecido com uma taxa Selic “exagerada” de 15% ao ano.
Brasil
O avanço da inadimplência
entre as empresas brasileiras vai além do recorde de 8,1 milhões de CNPJs
negativados em agosto – o maior número desde o início da série histórica do
Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, primeira e maior datatech
do país. O impacto também se reflete nas finanças dessas companhias: no
período, a dívida média totalizou R$ 24.631,20, um aumento de 13,6% em relação
a agosto de 2024. Cada empresa inadimplente acumula, em média, 7,4 contas em
atraso, com um ticket médio por compromisso financeiro vencido de R$ 3.339,10.
Para Camila Abdelmalack,
economista da Serasa Experian, os dados refletem um cenário de crédito mais
restritivo e crescentes pressões sobre o caixa das empresas.
A economista da datatech,
Camila Abdelmalack, explica que esse aumento no ticket médio ocorre por uma
combinação de fatores. “As altas taxas de juros deixam a negociação mais cara e
mais difícil, assim como um ambiente mais restritivo por conta do volume
recorde de inadimplentes, fechando assim um ciclo que complica a recuperação do
crédito e a saída da inadimplência por essas empresas”, finaliza.
As Micro, Pequenas e Médias
Empresas seguiram, em agosto, sendo as mais impactadas pela inadimplência no
país, segundo o indicador da datatech, representando 7,7 milhões do total de
8,1 milhões de CNPJs. Juntas, concentraram o volume de 55,2 milhões de dívidas
negativadas que somaram R$ 179,8 bilhões.
Tribuna do Norte

Nenhum comentário:
Postar um comentário