Energia renovável potencializa economia local e valoriza tradições em Serra do Mel

No sertão potiguar, entre cajueiros e salinas, o cluster Serra Branca, primeiro empreendimento híbrido da Voltalia no mundo, estende-se por mais de 30 km entre Serra do Mel e Areia Branca, combinando ventos e sol com o modo de vida das comunidades. Mais do que gerar energia limpa, o projeto integra tradições locais e amplia oportunidades de futuro.

Antes de virar polo de energia renovável, a região já tinha forte identidade cultural. Serra do Mel é referência na produção de castanha de caju e mel, e Areia Branca mantém a tradição da pesca e da atividade salineira. Nesse território fértil de trabalho, a Voltalia ergueu um dos maiores complexos eólico-solares do Brasil, inaugurando uma nova onda de desenvolvimento.

Com cerca de 200 turbinas eólicas, quase um milhão de painéis solares, o cluster tem 1,2 GW de capacidade instalada, cerca de 1% da potência do país. Mas seu impacto vai além da infraestrutura. Serra Branca tornou-se um vetor de transformação socioeconômica, mostrando como desenvolvimento e tradição podem caminhar juntos.

Emprego, renda e capacitação
Ao longo de 10 anos, a Voltalia priorizou a mão de obra local, criando mais de 15 mil empregos diretos e indiretos. A empresa também investe na capacitação da população, por meio de projetos como o Transformando com Energia, que desde 2020 já realizou 20 cursos gratuitos para quase 500 participantes na região, abordando culinária, corte e costura, empreendedorismo e beneficiamento do caju, ampliando e diversificando fontes de renda.

É o caso de Monalysa Azevedo, da Vila Brasília. Antes dedicada aos afazeres domésticos, encontrou nos cursos de beneficiamento do caju uma virada de chave. Hoje, além de trabalhar na prefeitura, complementa a renda produzindo hambúrgueres, patês e geleias de caju. “Meu objetivo é transformar essa renda extra em um negócio mais sólido, com marca própria e maior alcance”, planeja.

Modelo inovador de contrato
Um catalisador da mudança foi o modelo de cessão de uso de terras elaborado com lideranças locais, que distribui rendimentos de forma igualitária entre todos os moradores das vilas contratadas. Com isso, o PIB (Produto Interno Bruto) de Serra do Mel cresceu cerca de 900% na última década.

Hoje, cerca de 900 famílias recebem a renda extra, que em 2024 somou mais de R$ 9 milhões, reinvestidos em melhorias nas casas, aquisição de veículos, ensino superior, maquinário e tecnologias para fortalecer a agricultura.

Com a arrecadação, o apicultor José Hélio, da Vila Amazonas, viu a vila saltar de dois para 26 tratores, expandindo o cultivo de feijão, castanha e melancia. A apicultura também floresceu, com produção de mais de 70 toneladas de mel em 2025 e atração de jovens talentos para o ofício.

Comércio e serviços em expansão
O cluster também fortaleceu pequenos negócios ligados à sua cadeia produtiva. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de empresas registradas em Serra do Mel aumentou 76% em menos de dez anos, de 81 em 2014 para 350 em 2022.

Um exemplo é o restaurante de Fatinha Alves, que começou fornecendo refeições para os trabalhadores do parque eólico. “No começo eu não tinha nem ideia de que conseguiria crescer, mas a demanda foi aumentando e eu fui investindo”, lembra. Hoje, ela serve cerca de 120 refeições diárias, emprega quatro pessoas e tem uma cozinha industrial. “Essa oportunidade mudou a minha vida, me deu autonomia e permitiu oferecer empregos para outras pessoas da comunidade”, celebra.

Um ciclo de prosperidade
Com o fortalecimento da agricultura, a diversificação de negócios e os empregos gerados, a energia renovável trouxe um novo dinamismo econômico e um ciclo de prosperidade para Serra do Mel. O empreendimento se tornou motor de desenvolvimento, ampliando oportunidades e fomentando a tradição local. O município mantém vivas sua agricultura e manifestações culturais, agora acompanhadas de novas oportunidades de futuro, emprego, renda e qualidade de vida.

Tribuna do Norte