Foto: Arquivo TN
O dólar fechou em queda firme
nesta sexta-feira (17), marcada pela retomada do apetite ao risco no exterior,
na esteira de acenos de autoridades americanas à China e menor preocupação com
o mercado de crédito privado nos EUA. Divisa que mais sofreu com o aumento das
tensões comerciais no fim da semana passada, o real exibiu nesta sexta o melhor
desempenho entre as principais moedas emergentes.
Com mínima a R$ 5,4031, à tarde, em sintonia com a alta das bolsas americanas, o dólar à vista encerrou o dia em queda de 0 69%, a R$ 5,4055.
A moeda termina a semana com
perdas de 1,78%, após ter avançado 3,13% na semana passada, quando tocou o
nível de R$ 5,50, nos maiores níveis desde o início de agosto. Em outubro, o
dólar acumula valorização de 1,55% em relação ao real, que perdeu para o peso
colombiano o posto de divisa latino-americana com melhor desempenho no ano.
O economista-chefe da Equador
Investimentos, Eduardo Velho, afirma que a mudança no tom dos EUA em relação à
China, com a adoção de uma postura “mais flexível”, favoreceu divisas
latino-americanas. “Os sinais de Trump repercutiram positivamente no mercado de
renda variável e jogaram o dólar para baixo”, afirma Velho, ressaltando que o
real pode ganhar mais força caso haja um recuo de Trump nas tarifas a produtos
brasileiros, algo que passaria “em primeiro lugar por concessões” do governo
Lula.
À tarde, o presidente dos EUA,
Donald Trump, afirmou que as relações com a China atravessam um bom momento,
com as negociações entre os dois países “indo muito bem”. Ele relatou que a
expectativa é de um encontro “nas próximas semanas”, na Coreia do Sul, com o
presidente chinês, Xi Jinping, com quem Trump disse manter “uma ótima relação”.
O presidente americano disse que poderia antecipar a entrada em vigor de
tarifas adicionais de 100% à China “se quisesse”, mas a entender que não
pretende ir nessa direção.
Pela manhã, o diretor do
Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, já havia dado sinais de que os EUA
estavam dispostos a arrefecer as tensões entre os dois países, ao dizer, em
entrevista à Fox News, que o país não estava em uma guerra comercial com a
China. Hassett também afirmou que as negociações estão em andamento e que Trump
e Xi Jinping são próximos.
A economista para mercados
emergentes da Capital Economics, Kimberley Sperrfechter, ressalta que o real
foi a divisa que mais perdeu na onda de vendas de moedas emergentes na semana
passada com a escalada das tensões tarifárias, desencadeada pela decisão da
China de restringir a exportação de terras.
“O real caiu 3% em relação ao
dólar na última sexta-feira, embora tenha se estabilizado esta semana, em torno
de R$ 5,44. Uma estabilização no apetite global por risco e comentários rígidos
de autoridades do Banco Central de que as taxas de juros devem permanecer em
15% por um período prolongado deram suporte ao real”, afirma Sperrfechter, em
nota.
A economista observa que, após
o anúncio das restrições pela China, as atenções se voltaram a quais países
poderiam ter um papel relevante. Ela lembra que, segundo dados americanos, o
Brasil detém quase 20% das reservas globais de terras raras, em grande parte
ainda não exploradas.
“Conceder aos EUA maior acesso
a essas reservas pode desempenhar um papel fundamental nos esforços para
reparar as relações entre os dois países e ajudar a desbloquear benefícios mais
amplos”, afirma Sperrfechter, dando como exemplo a redução da dominância da
China no tema e a redução das tarifas dos EUA sobre o Brasil, “embora o
presidente Lula tenha declarado que o Brasil descartará qualquer acordo
exploratório”.
Estadão Conteudo
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