quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Cesta básica registra queda e IPC avança em setembro

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Natal registrou alta de 0,47% em setembro de 2025, mantendo o ritmo de crescimento observado nos últimos meses e levando o acumulado de 12 meses para 5,43%, segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema). A elevação foi puxada principalmente pelo grupo Transportes, que avançou 1,39%, com destaque para Transporte Público (+2,86%) e Veículos Próprios (+1,79%). No sentido oposto, o custo da cesta básica teve deflação de 0,60% no mês, mesmo com altas expressivas em itens como óleo e pão.

Segundo o economista e conselheiro do Corecon-RN, Helder Cavalcanti, o movimento divergente entre os dois indicadores reflete a combinação de fatores conjunturais internos e externos. “A queda da cesta básica é atribuída a um crescimento na oferta de alguns produtos que compõem a pesquisa que, com as tarifas americanas, não encontraram mercado nos EUA, resultando em um excedente no mercado interno, o que levou os preços para baixo”, afirma. Apesar dessa baixa, o grupo de Alimentos e Bebidas ainda apresentou um acréscimo de 0,24% no orçamento das famílias.

A análise dos dados do Idema mostra também um aumento em Habitação (1,07%), e Saúde e Cuidados Pessoais (0,24%). Em contrapartida, Vestuário teve leve queda (-0,17%).

“O crescimento do item transporte no IPC de Natal em setembro foi impulsionado principalmente pelo aumento dos preços dos combustíveis para veículos e, em menor grau, do transporte público. Isso é influenciado pelas flutuações nos preços dos combustíveis, que afetam o transporte individual e coletivo”, explica o economista.

Para o coordenador de Estudos Socioeconômicos do Idema, Azaias Bezerra, os reajustes nos combustíveis e nos preços de automóveis novos e usados pesaram no orçamento das famílias. “Todo mundo hoje tem veículo próprio e esse aumento na gasolina e no álcool tem pesado no bolso do consumidor”, destaca.

Na cesta básica, os principais alimentos com queda no custo foram leite (-10,83%), legumes (-6,73%), frutas (-4,96%), feijão (-3,29%), tubérculos (-2,08%), margarina (-1,33%) e carne de boi (-0,01%). Mesmo com a retração de 0,60% na cesta básica, alguns produtos apresentaram elevações, como óleo (+14,06%), pão (+7,67%) e açúcar (+4,53%).

Entre os consumidores, a percepção é de alta nos gastos. Gabriella Maia, 41, afirma que boa parte do orçamento da casa fica no supermercado. “Uso 40% do salário só com as compras. Quando aparece uma promoção de carne ou de verdura, a gente corre pra garantir, senão pesa demais no mês”, relata. O aposentado José Soares, 77, usa a mesma estratégia. “A gente procura sempre o lugar mais em conta, mas mesmo assim está difícil”, comenta.

Para Helder Cavalcanti, isso revela uma defasagem histórica entre renda e custo de vida. “O valor do salário mínimo não atende à realidade de mercado, e este índice retrata essa realidade. Isso obriga as famílias a buscarem a redução e até a ausência de itens básicos, ou o endividamento, algo que representa um fator crítico”, afirma.

Com o IPC acumulando 3,67% no ano em Natal, o economista avalia que a tendência de alta ainda preocupa. “A economia é sempre dinâmica, contudo, lamentavelmente, essa projeção é cabível e preocupante. imediatas”, finaliza Helder.

Tribuna do Norte

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