Segundo o economista e conselheiro do Corecon-RN, Helder Cavalcanti, o movimento divergente entre os dois indicadores reflete a combinação de fatores conjunturais internos e externos. “A queda da cesta básica é atribuída a um crescimento na oferta de alguns produtos que compõem a pesquisa que, com as tarifas americanas, não encontraram mercado nos EUA, resultando em um excedente no mercado interno, o que levou os preços para baixo”, afirma. Apesar dessa baixa, o grupo de Alimentos e Bebidas ainda apresentou um acréscimo de 0,24% no orçamento das famílias.
A análise dos dados do Idema mostra também um aumento em Habitação (1,07%), e
Saúde e Cuidados Pessoais (0,24%). Em contrapartida, Vestuário teve leve queda
(-0,17%).
“O crescimento do item transporte no IPC de Natal em setembro foi impulsionado
principalmente pelo aumento dos preços dos combustíveis para veículos e, em
menor grau, do transporte público. Isso é influenciado pelas flutuações nos
preços dos combustíveis, que afetam o transporte individual e coletivo”,
explica o economista.
Para o coordenador de Estudos Socioeconômicos do Idema, Azaias Bezerra, os
reajustes nos combustíveis e nos preços de automóveis novos e usados pesaram no
orçamento das famílias. “Todo mundo hoje tem veículo próprio e esse aumento na
gasolina e no álcool tem pesado no bolso do consumidor”, destaca.
Na cesta básica, os principais alimentos com queda no custo foram leite
(-10,83%), legumes (-6,73%), frutas (-4,96%), feijão (-3,29%), tubérculos
(-2,08%), margarina (-1,33%) e carne de boi (-0,01%). Mesmo com a retração de
0,60% na cesta básica, alguns produtos apresentaram elevações, como óleo
(+14,06%), pão (+7,67%) e açúcar (+4,53%).
Entre os consumidores, a percepção é de alta nos gastos. Gabriella Maia, 41,
afirma que boa parte do orçamento da casa fica no supermercado. “Uso 40% do
salário só com as compras. Quando aparece uma promoção de carne ou de verdura,
a gente corre pra garantir, senão pesa demais no mês”, relata. O aposentado
José Soares, 77, usa a mesma estratégia. “A gente procura sempre o lugar mais
em conta, mas mesmo assim está difícil”, comenta.
Para Helder Cavalcanti, isso revela uma defasagem histórica entre renda e custo
de vida. “O valor do salário mínimo não atende à realidade de mercado, e este
índice retrata essa realidade. Isso obriga as famílias a buscarem a redução e
até a ausência de itens básicos, ou o endividamento, algo que representa um
fator crítico”, afirma.
Com o IPC acumulando 3,67% no ano em Natal, o economista avalia que a tendência
de alta ainda preocupa. “A economia é sempre dinâmica, contudo,
lamentavelmente, essa projeção é cabível e preocupante. imediatas”, finaliza
Helder.
Tribuna do Norte
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