O ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, esclareceu que a principal mensagem que o governo quer trazer
para essas famílias é sobre a segurança e sobre a seriedade do Programa
Nacional de Transplantes, que é reconhecido mundialmente. Padilha participou
do lançamento da campanha no Hospital do Rim, na capital paulista.
"Quando um profissional
de saúde vier conversar com a família para fazer essa doação, saiba que esse
profissional de saúde tem todo o reconhecimento não só nacional, mas
internacional de um programa extremamente seguro”, disse o ministro da Saúde.
“O sistema de saúde brasileiro
não tem venda de órgãos, não tem tráfico de órgãos. A gente conseguiu
consolidar, ao longo desses anos, um programa extremamente sólido, que faz com
que essa família possa ter a absoluta segurança em nossa obra”, acrescentou
ele.
Em 2019, uma reportagem
da Agência Brasil já alertava que o
principal motivo para a não doação de um órgão era a negativa familiar.
Segundo o médico José Medina Pestana, superintendente do Hospital do Rim, isso
decorre do fato de que as famílias ficam inseguras em fazer a doação
quando desconhecem se essa era a vontade do ente querido que morreu.
“Não tem mais nenhuma família
que desconfie de morte encefálica, isso está bem claro, já faz parte da cultura
do brasileiro, que já entendeu o que é a morte encefálica. Também não tem
barreira religiosa: mesmo Testemunhas de Jeová, que não aceitam a transfusão de
sangue, aceitam ser doadores e aceitam ser receptores de órgãos. Também não
temos nenhuma barreira cultural aqui: por alguma razão cultural, a população
brasileira é bastante solidária", descartou.
"A principal razão [para
a negativa da doação] – e é por isso que a campanha do Ministério da Saúde
reforça isso - é que é preciso avisar à família [que você é um doador]. Quando
a família nega, é porque a pessoa nunca falou em vida que queria ser doadora ou
não”, acrescentou.
Política nacional
Durante o evento de lançamento
da campanha que pretende estimular que as pessoas conversem com suas famílias
em vida e se reconheçam como doadoras, o ministro da Saúde também assinou
uma portaria que cria a Política Nacional de Doação e Transplantes. Essa foi a
primeira vez que a política foi descrita em portaria específica, desde 1997,
quando o sistema de doações foi criado.
A política, informa o
ministério, organiza os princípios e diretrizes do Sistema Nacional de
Transplantes, “reforçando a ética, a transparência, o respeito ao anonimato e a
gratuidade no acesso pelo SUS”.
Um dos grandes avanços dessa
política, destaca a pasta, é a regulamentação dos transplantes de intestino
delgado e multivisceral, que agora foram incluídos no SUS. Com isso, pacientes
que tenham falência intestinal poderão ser tratados totalmente na rede pública
de saúde, desde a reabilitação intestinal até os procedimentos de pré e
pós-transplante.
Outra inovação dessa política
é a incorporação do uso rotineiro da membrana amniótica, tecido obtido da
placenta após o parto, para pacientes queimados, em especial crianças. Esse
procedimento, diz o ministério, favorece a cicatrização e reduz as dores e o
risco de infecções.
“A nova política e o
regulamento técnico representam um avanço importante para o Sistema Nacional de
Transplantes. A redistribuição macrorregional garante que os órgãos sejam
direcionados de forma mais eficiente, respeitando as malhas aéreas e assegurando
que cheguem mais rapidamente aos hospitais. Isso amplia a possibilidade de
transplantes em regiões que hoje realizam menos procedimentos e fortalece a
equidade no acesso”, disse o ministro.
Outro lançamento realizado
durante o evento foi o do Programa Nacional de Qualidade na Doação de Òrgãos e
Tecidos para Transplantes, chamado de Prodot. Esse programa tem o objetivo de
reconhecer e valorizar as equipes que atuam dentro dos hospitais e que são as
responsáveis pela identificação dos potenciais doadores. Esses
profissionais terão incentivos financeiros conforme o volume de atendimento e
indicadores de desempenho, incluindo o aumento das doações.
SUS é campeão em transplantes
Atualmente, o Brasil ocupa a
terceira posição mundial em número absoluto de procedimentos de transplantes de
órgãos, atrás apenas de Estados Unidos e China. No entanto, o
país lidera em transplantes realizados integralmente por um sistema
público. Só no primeiro semestre deste ano, foram realizados 14,9 mil
transplantes, o maior número da série histórica. Mas esse valor poderia
ser ainda maior se a recusa não fosse ainda tão grande.
Mais de 80 mil pessoas
aguardam por um transplante no Brasil. Por isso, o Ministério da Saúde
considera essencial sensibilizar as famílias do país sobre a importância da
doação de órgãos, já que são elas que decidem pela doação ainda no hospital.
Com o mote, Doação de
Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família,
seja um doador, a campanha começará a ser veiculada ainda neste mês de
setembro, quando é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, no dia 27.
Agência Brasil
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